Pesadelo, acordo e meu tempo prestes a acabar

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TW: Tortura, violência, ataque de pânico.


Yunho demorou um pouco para acordar no dia seguinte. Seu machucado ardia e ele tinha se esforçado demais, mas estava bem tratado e sabia que logo ficaria bem. O problema maior estava dentro de sua mente, o corroendo dali para fora. Havia tido um pesadelo com Jongho, Park Seonghwa e pelo menos outros cem caras mascarados que ele não fazia ideia de quem eram. Seu amigo tinha um grande alvo em sua testa, estava de joelhos e possuía as mãos amarradas. Seonghwa gargalhava junto com os outros homens, e então ele percebeu que segurava uma arma, a apontando para o amigo. Para o seu irmão de consideração.

Ele gritou, tentou sair daquela posição, mas a única parte de seu corpo que se mexeu foi seu dedo para apertar o gatilho. O corpo de Jongho caiu para a frente com um baque surdo, e uma poça de sangue começou a se formar em volta de sua cabeça.

Suor pingava de suas têmporas e os lençóis já estavam úmidos há algum tempo. O Jeong abriu os olhos de uma vez, assustado, os fechando rapidamente devido à claridade do quarto. Todas as cortinas estavam abertas e a luz era tão forte que ele teve que forçar a visão para poder enxergar alguma coisa. Quando seus olhos se acomodaram com o ambiente, ele percebeu que Mingi estava sentado rente à parede numa grande poltrona a alguns metros de si.

Primeiro, ele notou que lágrimas grossas rolavam por suas próprias bochechas. Sua respiração estava ofegante e seu corpo parecia tremer de medo, tudo por causa do pesadelo recente. Ele ainda tinha a sensação de ter matado o moreno bem vívida em seu peito, e uma ânsia tomava seu estômago, o fazendo ter vontade de vomitar.

O príncipe também não parecia tão feliz. Seu rosto estava contorcido em uma tristeza que infelizmente passava muito tempo consigo. Ele vestia um roupão azul escuro, tinha os cabelos espalhados e olheiras profundas abaixo dos olhos. Os pés se apoiavam no assento da poltrona e ele descansava as mãos sobre os joelhos, encolhido.

– Você está bem? – Yunho perguntou, tendo que pigarrear logo após. Sua voz havia arranhado sua garganta e ele sentia como se não tivesse bebido água há dias.

Ao ouvi-lo, Mingi fechou os olhos, seus lábios se espremendo numa feição de profunda angústia. O loiro se preocupou, se desenrolando das cobertas para começar a andar até ele, e ao chegar perto, se ajoelhou aos pés da poltrona, receoso em tocá-lo. Podia ver que seu rosto também estava úmido.

– Fazem pelo menos trinta minutos que você está tendo um pesadelo. – Disse, soando tão falho como o outro a instantes atrás. – Estava gritando, se mexendo rápido demais. Como se estivesse em perigo.

– Foi só um sonho. Eu... – Tentou se explicar imediatamente, desejando que o garoto se aliviasse um pouco mais, já que aparentava estar realmente nervoso. Porém, sua mão se ergueu, pedindo para que parasse, o obrigando a interromper sua fala.

– Eu saí de perto de você e me sentei aqui, pra ver o seu sofrimento com clareza. – Continuou. Yunho franziu a testa, confuso com suas palavras. – Queria ter gostado de te ver desse jeito, mas a cada minuto que passava, eu tinha mais vontade de ir até você, de te acordar e dizer que estava tudo bem. Porque eu gosto de você. Eu não deveria, mas eu gosto.

– Príncipe...

O Jeong não compreendia a forma como o outro falava. Ele praticamente confessava que queria se sentir bem ao vê-lo passando por desespero, mas o guarda-costas estava tendo dificuldades em saber o porquê dessa fala.

– Você gritou por ele tantas vezes, pediu pra que ele te perdoasse. E eu me levantei, pronto pra te acordar e te abraçar. Te consolar. Mas você falou de mim. Você lembra?

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