A Festa das Estrelas

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      Dois dias se passaram e chegara o dia da celebração à Arda (uma Valar, isto é, uma divindade, que criou as estrelas, o Sol e a Lua); para os Elfos era uma celebração indispensável de se fazer presente. Diferente das festas humanas com risos, músicas alegres e muita fartura de comida e algazarra, a Festa das Estrela (ou conhecido como Banquete das Estrelas) era um evento quase solene, calmo e com a apreciação da criação das Estrelas sobre o céu.
       Elanor estava ansiosa, ela caminhava pelos corredores lentamente, puxando uma cutícula que ela cultivava como um bichinho de estimação, pois sempre a puxava para quase arrancá-la em situações de estresse. Thranduil havia lhe mandado um vestido de cor dourado brilhante, uma seda diferente das que havia usado, um tecido liso e com os ombros desnudos, alguns fios de cabelos caíam sobre os ombros, já que as Elfas, que a ajudaram a se vestir, insistiram em fazer um penteado meio preso com tranças decorando sua cabeça.
      O evento acontecia no salão do banquete, uma sala ampla e que poderia se ver a luz das Estrelas pelo teto aberto que era apenas visto quando se quebrava o encantamento que o escondia de invasores. Ela ouvira algumas vozes quando se aproximava das portas do salão, ao qual dois guardas, um de cada lado a guardavam. Ela parou e respirou fundo, apesar de conhecer a maioria, era um povo do qual ela não tinha muita afinidade, apesar de ser pelo menos 75% Elfa ( Arwen era elfa e Aragorn por ser um Dunedaín, tinha uma parte élfica em seu sangue), não se sentia que fazia parte daquilo.

     - O que está esperando? - disse uma voz. O que fez a garota olhar para o lado imediatamente e olhar fixamente para Thranduil, que a olhava de cima, com um sorriso discreto no rosto. Esplêndido em sua glória, ele olhou para o salão.

    - Majest...- começou ela, mas se lembrara da petição do Rei. - Thranduil...

    - Me lembro da primeira vez que participei do banquete das Estrelas. - disse ele, dando o braço à ela. Que delicadamente entrelaçou-se a ele, tentando não se apoiar tanto. - Há alguns milênios atrás.

     Elanor sorriu para ele e começou a andar o acompanhando, entrando no salão, os Elfos começaram a se afastar pelo caminho que Thranduil seguia e faziam uma breve reverência aos dois. Havia arpas tocando notas compensadas e harmoniosas, preenchendo todo o salão, assim como um alaúde e uma flauta que acompanhavam o ritmo. Havia luz branca em todo candelabro seja na parede ou no teto, como se captassem a luz das estrelas.

    - Eu era um menino, meu pai, o primeiro rei da Floresta Verde, Oropher, sempre me fazia acompanhá-lo em seus encontros e suas missões. Algo que ensinei pouco à Legolas, por isso acho que ele foi tão apegado à mãe. - disse Thranduil, Elanor observou ao longe, perto da mesa do banquete, bebendo uma taça dourada, o príncipe de Mirkwood, Legolas. Ele conversava com um elfo e vendo a garota com o pai, franziu as sobrancelhas e acenou. Elanor sorriu e tentou afastar o braço de Thranduil, mas o Rei segurou mais firme e colocando a mão sobre a dela, apoiada em seu braço, disse:

     - Ele pode esperar um pouco. Sei que vocês dois andam fazendo bastante coisa juntos, mas há alguns assuntos que quero conversar com você. - sorriu Thranduil, fazendo eles passearem para a direção contrária à de Legolas.

      O príncipe estranhou a atitude e franzindo a boca, articulando sobre o que estava acontecendo e antes de se afastar completamente da visão dele, Elanor deu de ombros e entortou um pouco a boca. Ela não fazia ideia do que estava acontecendo.

     - Eu raramente comento isso, mas vocês me lembram muito a mim e Calathiel quando éramos jovens. - disse Thranduil, levando a garota para fora, onde havia uma sacada no alto, onde se podia ver o céu estrelado e o topo das árvores da floresta negra. Ele se separou da garota, encostou-se na mureta e olhou para o horizonte. - Eu me apaixonei no momento em que a vi nos jardins de Lady Galadriel e batalhei por ela, esperei por quase cem anos para ter a permissão de cortejá-la. - disse ele, olhando para Elanor.

     A garota entreabriu a boca e arqueou as sobrancelhas.

    - O que não é nada na vida de um Elfo. - disse Thranduil.

    - Como ela era? - disse a garota, apoiando o queixo sobre o punho, o cotovelo aplica-se na mureta e os olhos fixos em Thranduil.

    - Era esperta, muito bonita e gentil. Diferente de todas que havia conhecido, algo nela mexia comigo aqui dentro - disse ele tocando o coração. - Depois que tive permissão de cortejá-la, nunca mais nos separamos. - Thranduil observou a garota sorrir, sentindo um contentamento ao ouvir a história de amor. - Não muito diferente de você e Legolas.

      Elanor parou de sorrir e endireitou-se, ficando um pouco sem graça.

    - Acha que eu não vejo? Percebo como meu filho olha para você. Na, verdade, há alguns anos tenho notado que a afeição dele cresceu muito em você e parei de achar que isso era algo ligado à Aragorn.

    - De fato, Legolas é um bom elfo e um excelente guerreiro.

    - E creio que seja mútuo. - disse Thranduil, Elanor olhou para ele e sorriu. - Mas é claro que é.

    - Acho que foi depois da coroação. Tudo mudou ali...- disse Elanor, entristecendo-se um pouco.

    - Mas você sente algo por ele? - disse Thranduil, e afirmando Elanor, continuou:- Mesmo que tivesse que enfrentar a fúria de Eldarion?

    - Meu irmão não me assusta mais, se eu lutaria com Eldarion se a vida de Legolas estivesse em jogo? Sem sombra de dúvida...

      Thranduil sorriu, abrindo um largo sorriso.

    - O que foi? - disse Elanor, o encarando.

    - Você me lembra demais à ela. Calathiel ...

     Elanor sorriu e relaxou o rosto irado.

    - Eu pergunto pois eu sei que está perto. Legolas está apaixonado, percebo isso em vocês dois, e creio que não demorará para que tenham coragem de oficializar esse cortejo de vocês. Me tranquiliza saber que poderei vê-la em minha família, Elanor.- Thranduil se inclinou e sussurrou:- Particularmente, Legolas não poderia ter escolhido melhor.

      Elanor riu e então, na porta de vidro que separava a sacada do salão, Legolas surgiu. Vestia uma espécie de terno de seda prateado e estava belo, assim como Thranduil. Elanor sorriu e se afastando dela, o Rei voltou ao salão, e dando-lhes as costas, disse:

    - O Banquete se iniciará em algumas horas. Duas horas para ser mais preciso. - disse Thranduil, olhando para Elanor e depois para Legolas, desaparecendo depois das cortinas esvoaçantes.

      Legolas encarou a garota, franzijndo as sobrancelhas desconfiadas e Elanor tampou a boca, segurando o riso.

    - O que foi que você disse a ele? - perguntou, se aproximando da garota.

    - Eu quase não falei. - disse ela dando de ombros, não convencendo à Legolas. - Ele me contou sobre Calathiel.

      Legolas parou e por alguns segundos ficou em silêncio.

     - Sobre minha mãe? - E Elanor afirmou. - Ele não fala dela...

     - Ele disse que eu lembro muito ela, que nós dois lembramos eles dos tempos em que eram jovens.

     - Ele nos viu no Jardim, Elanor...- disse Legolas, o que provocou uma aflição em Elanor.

     - Acha que viu? - disse ela.

     - Mas é claro, primeiro ele me rodeou para saber sobre minhas intenções com você, depois falou com você sobre isso e... você viu como ...- Legolas parou por um segundo, olhando a paisagem ao fundo e depois virou-se para trás, como se escutasse alguém o chamar.

     - Como o quê? - repetiu Elanor o encarando.

     - Acho que entendi o que ele quer... - disse Legolas voltando a olhar para ela. - Quantas horas ele disse que ainda temos?

    - Duas eu acho.

     Legolas sorriu e caminhando até ela, segurou o rosto da garota e beijando-a, disse:

    - Dá tempo e ainda sobra...

Meu Querido Legolas: Uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora