cinco.

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Sasuke:27 - Itachi:30.

Sasuke terminou de enviar por e-mail a sinopse junto de três primeiros capítulos de seu novo projeto, a uma amiga editora, Sakura Haruno.

Sempre se sentia nervoso e bastante ansioso quando se tratava de se "expor" a alguém, quer dizer, estava sentado em sua cama, sozinho, apenas havia enviado algo a uma amiga que adquiriu no primeiro ano após a conclusão da faculdade, mas as más lembranças da sua época no colégio lhe apavoravam. E se aquilo estivesse ruim? E se tudo fosse uma bobagem e Sakura desse risada? Ou pior, se ela estivesse com alguém, lendo em voz alta o que lhe fora mandado e ambos rissem de si? E se não fosse bom o suficiente?

Chega Sasuke, chega...

Ele indagou para si mesmo, decidido a tentar não pensar naquilo. Bateu o notebook ao fecha-lo bruscamente e se dirigiu ao banheiro do quarto em busca de uma ducha fria para se acalmar e tentar conter seus pensamentos tão traidores e aquela sensação de sufocamento que já começava a bater dentro de si.

E com a cabeça abaixo d'água, ele começou a refletir e relembrar sobre seus últimos anos.

A faculdade não havia sido nada fácil. Havia sido tão torturante quanto os anos no colégio, principalmente os momentos em que precisava estar diante de toda aquela turma que era mais que o dobro de pessoas que existia em uma classe normal no colégio. Tinha de estar ali e fazer aquelas apresentações tão devastadoras que nem seu pior pesadelo se igualava a sensação que tinha de estar diante de todos.

E foi em meio a uma dessas falhas apresentações que uma professora notou o comportamento do Uchiha. Não era só um nervosismo bobo de quem está prestes a apresentar algo e em poucos minutos se cessa. Era além. Uma ansiedade severa? Uma fobia social? O que ele tinha? Ela não podia deduzir coisas mas algo existia, e após uma das aulas, conversou sobre isso com o Uchiha, o aconselhando a ir atrás de uma ajuda profissional ou ele acabaria se prejudicando na faculdade. Lidar com pessoas e constantes apresentações e os tão temidos TCC eram inevitáveis e sua futura carreira poderia ser prejudicada.

Ele foi embora pensando nisso naquele dia, voltando para a casa de seus pais. Pensando em como já havia escutado conselhos semelhantes, conselhos que viera de seu irmão, que hoje, parecia tão ausente como nunca de sua vida.

Ele não queria buscar ajuda profissional, era como ter a confirmação de algo que ele tanto tentou fugir. Não queria ser uma pessoa que vivia a base de remédios e se esforçaria para apenas ignorar isso, mesmo sendo quase impossível já que sua cabeça ansiosa nunca desligava e ele já começava a ter insônias severas. Por que não podia ser como as outras pessoas, porra? Desinibidos ou apenas um nervosismo comum. Por que ele tinha que ter algo a mais?

Fugiu disso até onde pôde. Havia tido uma crise feia dias após a conversa com a professora onde se sentiu encurralado, novamente um garotinho assustado de sete anos de idade. Ele se trancou no banheiro da universidade, chorando, desejando abrir um buraco no chão e sumir. E então ele se lembrou dos momentos no colégio onde Itachi o amparava, ligava para Fugaku e ambos iam embora mais cedo das aulas. Era surreal como seu irmão conseguia apaziguar tudo... E agora, não tinha mais Itachi ali para si a todo instante. Ele estava seguindo a carreira dele e nos momentos livres, estava com sua namorada.

Sasuke se sentia sozinho. Cogitou até abandonar a faculdade, mas naquele dia, trancado no banheiro tentando urgentemente se acalmar para não se asfixiar com o sufocamento do seu próprio corpo acelerado e nervoso, ele ouviu batidas na porta e palavras preocupadas. Ele reconheceu a voz e tentou ignora-lo para aquele ser ir embora e esquecer de si, mas não foi o que aconteceu.

Ele viu por baixo da porta os pés insistentes se manterem ali. E ele ficou ouvindo durante uma hora e meia histórias ridículas e aleatórias da vida daquela pessoa, algumas tão bobas que o fizeram rir ou murmurar pequenos "que imbecil". Não importava como havia conseguido, mas Sasuke se distraiu sendo um ouvinte daquele que ele achava tão chato, e quando notou, estava com a respiração mais normalizada e o corpo pouco mais calmo.

The ChainWhere stories live. Discover now