Havia vezes em que Shang sentia-se solitário, apesar de não se importar em ficar sozinho o pensamento de que alguém em que você se importa estar se distanciando ainda é algo triste para o jovem.
Nos últimos dias após a saída dos quatro soldados, o rei estava mais frio.
"Talvez seja toda essa pressão e seriedade exigida dele nesse momento" pensou Qinghua enquanto lutava para ter alguma idéia sobre o que escrever em seu novo romance.
"Acho que vou fazer algo sobre um CEO de uma empresa atarefado e que não da a mínima pra sua assistente que rala pelo energúmeno para ajudar a manter a empresa" falou em um tom raivoso como quem realmente sabia o que aquela secretaria estava sentindo.
Apesar de saber que sua majestade estava atarefada e o reino possivelmente sobre ameaça, Shang sabia que havia algo de errado com o rei em relação a ele.
O humano poderia dizer que com o tempo ele criara uma conexão com o rei de tal forma que saberia o que se passava em sua mente, mas a verdade é que baseado no que ele sabe sobre a personalidade de Mobei, provavelmente o mesmo estaria enchendo o pobre Qinghua de tarefas e lhe dando broncas apenas por piscar de modo errado, porém o soberano estava o estava evitando, isso era uma novidade.
"Se o rei está bravo comigo apenas um soco já seria o suficiente para descontar seu descontamento" pensou o rapaz com um certo arrepio se dando conta de que um soco de Mobei provavelmente lhe partiria os órgãos.
O servo se esticou na cadeira como quem já havia terminado de escrever a muito tempo. Mesmo com seu papel limpo, sua mente estava cheia de possibilidades e enredos sobre sua atual situação, então o ato teve o mesmo valor, pois sua mente já estava cheia de suas fantasias sobre o seu atual estado com o soberano do Norte.
Sem contar que o jovem estava esperto. Contando que a última vez que ele morreu foi parar em sua própria Novel, deveria ter o máximo de cuidado para algo assim não acontecer de novo, talvez o medo de participar de outro isekai estivesse lhe dando um bloqueio criativo.
Ainda jogado em sua cadeira, percebeu que Luna não estava nos aposentos como de costume.
"Talvez fazer uma caminhada enquanto procuro por ela não seja má idéia"
Concluiu o de cabelos castanhos se levantando e caminhando para fora do quarto.
Shang tentava ao máximo não fazer barulho, pois sabia que se a majestade não estava lhe dando tarefas do reino, havia a possibilidade do mesmo estar desconfiando dele, e se isso estivesse mesmo acontecendo, ele não queria chamar atenção desnecessária dos guardas para si, tanto por ser medroso quanto por saber que a maioria ali não eram exatamente melhores amigos de humanos.
Muitos o odiavam por estar na posição de servo pessoal do rei e poderiam usar qualquer coisa para criar suspeitas contra ele, ainda mais com o próprio soberano desconfiando do mesmo, o que fazia Shang pensar que todos eles tinham problemas com autoestima por invejarem sua posição "especial" de cachorro leal do soberano.
"Luna!" Falava em um tom um pouco mais alto após um tempo andando e sem ter sucesso em encontrar a fada.
"Luna vem aqui, tenho uma surpresa para você" cantorolou percebendo que aquela parte do castelo era ainda mais quieta e mórbida do que as outras, porém ainda assim, não poderia deixar de pensar que era estranhamente aconchegante por estar longe daqueles olhares dos habitantes do Palácio.
"Se eu não fizesse os cálculos vocês ficariam sem comida seus mal agradecidos" murmurou novamente em um tom raivoso, logo lembrando-se de Mobei.
"Luna!" Exclamou assim que viu o ser se aproximar rapidamente e se erguer em sua direção, sendo assim, levantada pelo rapaz.
"Desculpa garota, mas eu não tenho nenhuma surpresa, só falei isso pra te atrair" falou fazendo bico.
Como resposta a fada simplesmente esperneou e saiu de seu colo andando elegantemente para longe do mentiroso.
"Interesseira!" Gritou ao ver o animal sair do salão em que se encontrava.
"Saiu de perto de mim só porque eu não--" Como se uma lâmpada ou vela se acendesse, Qinghua conseguia ver as coisas com mais clareza.
"O rei pode estar suspeitando de mim porque acha que eu escondo algo, como uma surpresa, mas e se eu provar que não tenho surpresa nenhuma?" Indagou a si mesmo com a mão em seu queixo.
"É isso!" Deu um soquinho no ar animado com a possibilidade, apenas faltava saber como ele faria isso.
