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𝔸𝕣𝕪𝕒

Tive um sonho estranho durante a noite.
Era uma casa em uma rua que eu não conhecia, não sabia o nome. Eu estava dentro da casa, analisando um quadro estranho, com fotos dos garotos desaparecidos e papéis com coisas escritas. Pistas de onde eles podem estar.

Olhei ao redor, vendo papéis colados nas paredes. Com o mesmo tipo de escrita.
Andei pela casa, descendo uma escada que me levava a um porão. Ao menos, era o que parecia.
Estava vazio, mas era escuro e imundo.

Eu ouvia vozes pedindo ajuda, mas não havia ninguém.
Acordei em um susto com o despertador tocando.

Não é a primeira vez que tenho sonhos assim.
E, das outras vezes que eu vi o vulto, como ontem, as outras vítimas também desapareceram.

Me levantei, com os olhos levemente pequenos e inchados depois de chorar.

(...)

Acompanhei os passos deles, vendo os papéis colados nas grades e muros com as fotos de Bruce.
"Desaparecido".

- Será que ainda vão encontrar ele? -Perguntei.
- Não da forma que querem. -Gwen falou. Finney a cutucou- Desculpe...
- Tudo bem. Você não está errada, na verdade. -Dei de ombros.

- Vocês não acham estranho? -Robin perguntou.
- O quê?
- Nunca tem testemunhas. Nunca ninguém vê nada, esses garotos simplesmente desaparecem. E pronto. Ninguém os acha depois, nem vivos e nem mortos.

- É estranho. E, por isso mesmo que, quando vai sequestrar uma vítima, o assassino parece analisar bem. É sempre quando estão sozinhos, sempre.

- É... -Gwen assentiu, parecia estranha- Vamos torcer para que Bruce esteja bem. Mas... Acho que já sabemos o que aconteceu com ele.

Olhei para o chão. Ele já está morto agora? O que está acontecendo com ele?

(...)

- Você está desanimada... -Arellano comentou.
- E por quê eu estaría feliz?
- Não tem motivos para estar feliz. Eu sei que ele era seu amigo, mas você devia parar de pensar nisso.
- Não é simples assim.
- É que você está agindo como se sentisse culpada.

E eu realmente estava me sentindo culpada.
Se coisas estranhas acontecem pouco antes de receber a notícia de que desapareceram, por que eu não recebo esses sinais antes? Bem antes?

Por que eu não posso ajudar? Ou então, evitar?
É sempre a mesma coisa.
Quando eu vejo o vulto... Percebi isso ontem.
Eu estava tentando simplesmente ignorar isso, e realmente ignorei por um tempo. Mas ontem, eu tive certeza.

Tem algo de errado comigo.
Eu só me pergunto o porquê não posso ajudar.

- Você devia voltar a escrever. -Falei- O quadro está cheio, vai se atrasar.

(...)

Saí do banheiro feminino e fui até o pátio, vendo novamente uma roda de pessoas gritando e apoiando o que parecia ser uma briga.

Me aproximei para ver, e novamente, era Arellano brigando com um garoto.
Apenas observei a briga, seus socos arrancando sangue do nariz do garoto.

Eu não estava tão animada, esse dia estava sendo péssimo.
Eu me sentia mal por Bruce.
E essa briga não estava sendo nada divertida.

Robin colocou sua mochila nas costas, vindo até mim.
- Você não pode ficar sozinho por um minuto? -Perguntei, o seguindo para o banheiro.
- Não. Ele que começou.

Como não tinha ninguém, entrei junto com ele.
Ele lavou as mãos, que por sorte não estavam cortadas, apenas manchadas de sangue.

É possível que, em algum momento, isso dê confusão.
Não era para eu estar no banheiro masculino.
Mas eu não estava preocupada com isso. Na verdade, estava tão avoada que não não pensei direito.

Ele secou as mãos e deu de ombros.
- Ele mereceu. Estava me enchendo o saco.
- Bom... Não acho que o ideal seja bater sempre.
- Eu acho que é.
- Olha como você deixou a cara do garoto! Sua sorte é isso ter sido no final da aula.
- Está querendo dizer que eu fui o errado por ter batido?

- Não é isso. -Neguei com a cabeça- Eu quis dizer que... Olha, eu só acho que não vale a pena correr o risco de ser expulso. Eu não sei como começou a briga, e nem o que ele te falou, mas... Acho que temos coisas mais graves para nos preocuparmos agora, entende? Eu sei que você não vai me ouvir. Na verdade... -Forcei uma risada- Eu nem deveria estar me metendo nisso. Não é da minha conta, então... Acho que é melhor eu calar a boca.

Dois garotos entraram no banheiro, me olhando.
- O que você está fazendo aqui dentro? A placa na porta está dizendo "masculino", caso não tenha lido.

- Eu sei, eu... Já vou embora.
- É bom, mesmo. Esse banheiro é para garotos, e não frutinhas. -O encarei com raiva.

Eu entendi muito bem o que ele quis dizer com "frutinha".

- Ah, é? E vocês vão fazer o quê? -Robin perguntou. Os garotos ficaram quietos- Tirar ela daqui? Vão ter que me tirar também, então.

Acho que eu não preciso causar mais brigas.
Apenas passei pelos garotos, saindo do banheiro.
- Eu te espero alí fora. -Avisei Robin.

Eu realmente estava me sentindo mal. Eu só quería ir para casa, me deitar um pouco, assistir ou ler alguma coisa e me distrair.

Ele saiu do banheiro depois de alguns minutos e fomos até o portão.
A escola já estava vazia, quase todo mundo já havia ido embora.
Não vimos Finn e nem Gwen.

- Você 'ta legal? -Ele perguntou.
- Não...

Ele resolveu ficar quieto, o que foi ótimo.
Mesmo que ele tentasse, falar algo não era a melhor ideia.
Eu não iria deixar de ficar triste, era meu amigo.

Ele passou o braço por meus ombros, me abraçando. Retribuí seu abraço.
Eu não sabia que estava precisando disso, mas foi bom.

Roubei um selinho longo, que se transformou em um beijo de verdade.
Sorri para ele assim que terminamos.

Nos soltamos e olhamos para os lados, procurando Finney e Gwen.
- Acho que eles já foram. -Falei- Vamos?
- Vamos.

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Oioi, sim, publicando hoje de novo, porque a escrita aqui está rendendo muito mais do que nas outras fanfics. Me aturem!
E eu que lute pra conseguir escrever as outras, porque minha inspiração ta rendendo só aqui



𝑫𝒂𝒓𝒌 𝑹𝒐𝒐𝒎 // ʀᴏʙɪɴ ᴀʀᴇʟʟᴀɴᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora