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𝓑𝓸𝓪 𝓵𝓮𝓲𝓽𝓾𝓻𝓪

Nenhum dos guardas tentou me impedir quando saltei do carro assim que o veículo parou e corri em direção à porta, praticamente irrompendo no hall de entrada e quase trombando com a minha mãe, que vinha apressadamente no sentido oposto. Sem hesitar, me joguei em seus braços, sendo acolhido em um abraço apertado, que durou muito.

- Céus, Felix! - Ela falou, com intensidade na voz, ainda sem me soltar. - Eu fiquei louca de preocupação! Você está bem? Está machucado?

Ela me afastou um instante para poder me avaliar enquanto refazia todas as perguntas que os guardas tinham feito há pouco, mas agora de uma maneira obsessiva.

- Estou ótimo! - Garanti.

Mas talvez eu não pudesse falar a mesma coisa sobre ela. Tipo, dava para ver que minha mãe estava ligeiramente mais magra e mesmo que estivesse impecavelmente maquiada, era possível notar que seu rosto estava abatido. Eu odiava saber que aquilo era minha culpa.

Não tive, no entanto, muito tempo para falar sobre isso. Meu pai apareceu, vindo do interior do palácio, todo imponente em um terno azul escuro. Era a primeira vez que eu via meu pai parecer ligeiramente emocionado. Ele veio direto na minha direção, me envolvendo em outro abraço apertado. Por último, notei o Minho parado logo atrás dos meus pais. Para minha surpresa, ele tinha um sorriso de orelha a orelha - e não parecia ser um sorriso debochado ou algo assim, parecia apenas feliz. Quando me soltei dos braços do meu pai, o Lee me abraçou e tirou meus pés do chão, me fazendo rir.

- Finalmente, Lilix! Eu comecei mesmo a achar que seria filho único de novo.

- Não me chame assim - reclamei, como todas às vezes.

- Minho - meu pai o repreendeu - pare com isso!

Após um segundo de desafio, o Lee me recolocou no chão. E então, sem rodeios, meu pai foi perguntando, afinal.

- Onde você estava? Por onde andou? - Antes que eu pudesse falar a minha mal ensaiada invenção, ele emendou, com uma expressão fechada - Os guardas e encontraram embarcando em Nova Germânia.

Os três me encaram, esperando uma resposta. Senti meu rosto esquentar. Bem, eu já devia esperar que os agentes já deviam ter se apressado em contar aos meus pais. À propósito, o meu pai parecia mesmo irritado por causa dessa informação. Tipo, era de dar medo. Me peguei respondendo.

- Sim, eu estive em Nova Germânia.

Cara, o que eu estava fazendo? Eu não tinha cogitado falar sobre isso. Era o meu último recurso. E, no entanto, eu havia soado muito segura. Minha voz não tremeu nenhum pouquinho. Continuei, dessa vez um pouco mais consciente, antes que os olhos da minha mãe saltassem das órbitas e que meu pai começasse a bufar de raiva.

- Eu estive lá e não achei nada parecido com o que ouvi falar a minha vida inteira.

Todos os pares de olhos à minha frente se arregalaram.

- Até parece que você conheceu o país inteiro! - Meu pai falou, sarcasticamente. - Você conheceu o quê? A capital, que é aqui do lado.

- É, eu conheci a capital. - Senti que minha voz ganhava mais força enquanto eu desabafava. - Mas também tive a chance de conhecer as pessoas, conhecer a cultura e, ao contrário do que o senhor sempre disse, a imprensa lá não é proibida de falar sobre o governo. Nem há boatos sobre escravos ou qualquer coisa assim. É um país como qualquer outro. Tão normal quanto o nosso.

É claro que, assim como qualquer outro país, havia problemas em Nova Germânia, mas não era nada de outro mundo ou coisas totalmente horríveis, como meu pai costumava pintar. E eu sabia muito bem que a última coisa que existia era desinteresse por parte do governo. Mas sobre isso eu não podia dizer nada. Sobre o interesse do governo, eu quero dizer. Porque, então, eu correria o risco de admitir que havia conhecido o príncipe pessoalmente.

Real; hyunlix.Where stories live. Discover now