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Meu maior sonho sempre foi viver um amor de verdade.
Eu queria sentir que alguém me amasse ao ponto de morrer, porque eu também queria amar a esse ponto.
Porque eu achava que o amor era assim .
E durante toda a minha vida o amor que eu julgava ser o verdadeiro nunca fez parte da minha vida.
Eu queria que meu peito ardesse, que tivesse fogo, que tivesse intensidade.
Porque eu me julgava intensa demais pra viver um amor morno que eu sempre vivi.
Eu queria viver um amor de livro. Onde a princesa acha o malandro e o mesmo muda por amor.
Um amor selvagem, primitivo, agressivo e verdadeiro.
Porque eu achava que amar era quando eu sentisse uma saudade que explodisse meu peito, que tivesse muito ciúmes, que tivesse obsessão.
Eu achava tão lindo as histórias onde os casais passassem por tudo isso, mas no fim ficassem juntos, porque iam mudar.
Beber até ficar louco juntos, nadar bêbados no mar, transar o tempo todo, porque o tesão era absurdo e a todo tempo.
Um amor inconsequente, onde tudo é abdicado, onde tudo o que importa é a sua vida depois que conheceu essa pessoa.
Meu sonho era tirar uma foto com meu amor, que tivesse cara de mau, que fosse estiloso, que fosse bonito, que estivesse dentro dos padrões que eu achasse perfeito.
Tatuagens, bebida, brigas em festas por ciúmes, dançar juntos, dormir juntos e cansados depois de fazer todas as putarias possíveis dentro das quatro paredes em que nós se entendiamos tão bem.
E os dois tinham que ser loucos demais, intensos demais, ciumentos demais, obsessivos, compulsivos.
E a gente era, a gente foi.
Só que depois que eu vivi tudo isso, eu vi que o amor não é assim. E me arrependi amargamente de esperar a vida toda pra viver isso achando que era amor.
Porque amor não dói, não machuca, não destrói.
Quem ama quer ver o vôo, quer ver a felicidade, quer ajudar a bater as asas. E não era o nosso caso.
Eu pude perceber que não era amor quando percebi a diferença de sentimentos que tinha por você em relação aos meus filhos, a minha família e as pessoas que amo genuinamente. Sem cobranças, sem ressentimentos.
Então, antes de tudo o que sentíamos um pelo outro foi a obsessão mais louca e a história mais obscura que poderia passar pelas nossas vidas.
E talvez vá doer pelo resto da eternidade tudo o que passamos juntos. Todas as loucuras, as paranoias, as brigas, as agressões. As palavras horríveis que saiam pela sua boca e pela minha. Eu fui a pior e a melhor pessoa que eu poderia ter sido com você, porque o sentimento que eu sentia, me despertou a parte mais intensa que tinha dentro de mim. Tanto a boa e quanto a ruim. E acredito que com você foi o mesmo .
Eu nunca me doei tanto pra alguem igual me doei pra você e nunca doeu tanto meu coração como dói desde que te conheci. Porque na realidade eu nunca me importei muito com nada ao meu redor, mas com você era diferente.
Talvez você tenha vindo pra fazer minha alma despertar pra vida, pra fazer meu coração se abrir pra todos os sentimentos que eu deixava bloqueado aqui dentro . Se a gente tivesse se conhecido antes, provavelmente tínhamos se perdido juntos, nesse mundo cheio de armadilhas pra pessoas sem cabeça como nós. E daí sim seria uma história perfeita de loucura. Um amor completamente descontrolado, uma história sem pé, nem cabeça, uma vida baseada em loucuras e paraísos cheio de paranoias que nós adoraríamos viver.
Mas a pessoa que sou hoje entendeu que isso pode ser qualquer coisa, menos amor.
E sei também que tudo o que eu achei a vida toda que eu sonhava em viver, hoje eu tenho certeza absoluta que não quero mais.
Não que eu não tenha gostado da nossa história que só fez mal tanto pra mim quanto pra você, porque no fundo eu precisava viver essa montanha russa de sentimentos, porque eu precisava me sentir nessa gangorra emocional pra poder pender do lado que eu realmente me sentisse mais confortável em ficar.
E infelizmente, ou não, o lado que me sinto mais segura não é ao seu.
Porque enquanto eu esperava pra te encontrar, eu experimentei ter uma vida estável, sem muitos sentimentos, sem muita intensidade, sem ligar muito, sem estar nem aí na verdade e talvez esse seja o meu lugar agora. Uma monotonia sem fim, mas que tenha eu como prioridade.
E todos os dias eu sinto falta das nossas loucuras, do sentimento de posse, da dependência emocional, joguinhos, pirraças, obsessão e dor que nosso relacionamento me causava.
Mesmo sabendo que a única certeza absoluta que tenho na vida é que não quero viver isso nunca mais
Caroline Oliveira 14/09

O dia que eu decidi partir Where stories live. Discover now