003- Anna Estella.

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Anna Estella.

RIO DE JANEIRO- Ipanema.

Quarta- feira.

Tanta coisa aconteceu na minha vida depois que eu saí do morro e vim morar em Ipanema, no começo foi difícil eu me adaptar, consegui dar conta de casa, trabalho, de mim e de uma criança que dependia de mim pra tudo, mas eu conseguir dar conta.

Hoje em dia eu tenho meu Ap, minhas
coisinhas e uma vida confortável tanto pra mim quanto pro meu filho, que é o mais importante. Apesar do pai dele sempre depositar dinheiro na minha conta eu não mexo, deixo lá pro futuro do meu filho.

Eu e o Felipe não temos uma relação muito boa, desde do dia que ele foi preso eu não tenho mais contato dele, as poucas vezes que eu falo com alguém lá do morre é a mãe dele, dona Helena que por sinal é uma ótima pessoa, tem um carinho enorme pelo Théo porém nunca conheceu ele de perto.

Sempre tá mandando mensagem porém eu nunca deixo esse encontro deles dois acontecerem, não por enquando.

Hoje eu resolvi sair com um colega que conheci ele aqui no apartamento mesmo, logo depois da minha
mudança ele se mudou também,
acabamos que ficamos próximos. Nunca quis nada com ele mas ele sempre investiu e deixava bem claro que me queria, não vou disser que ele é
feio pois não é.

Ele é bonito, educado, faz faculdade de
odontologia, e super carinhoso. Ele éum bom partido digamos assim, mas eu não quero ninguém por agora, nos últimos anos eu só penso em cuidar do meu neném, e o único homem na minha vida é ele, o Théo.

E de tanto ele insistir eu decidi aceitar pois não sabia qual descupa dar mais pra adiar. Hoje vamos sair pra jantar, ele quer me levar em uma churrascaria que inaugurou esses dias aqui perto.

Eu tava louca pra ir então aceitei, não tem nada de errado mesmo.

Pelo menos vou sair pra me divertir um pouco, eu não fiz muitos amigos por aqui, a maioria das minhas amizades hoje em dia não tenho mais contado,
tenho algumas amigas de trabalho, mas
são amizades de serviço, e então não
passa disso, no máximo é um chopp no final do expediente e raramente isso.

Eu consegui um emprego logo que cheguei aqui, em uma loja de relógios e joias de luxo. Ganho bem, bem até demais, trabalho só meio período e quase não me estresso lá já que a maioria que frequenta são gente extremamente ricas e importantes, ou seja, um trabalho perfeito.

Nunca mais tive contato com
ninguém do morro, nem mesmo
com a Mariana, minha amiga a um
tempão, sinto tanta falta da minha
pretinha, até da Bianca também
sinto, elas eram minha melhores amigas.

Mas foi melhor assim, aquele morro não me pertence mais, aliás, nunca me
pertenceu. Lá tive muitos momentos bons mas tive ruins também, e eu não quero que meu filho tenha que presenciar tiroteio e aquele mundo horrível de tráfico. Apesar de ser hipocrisia da minha parte né? O pai dele é dono de três favelas, como não conviver nesse mundo?

Por falar nele, nossa eu já sofri tanto
por esse homem, mais tanto que eu
não sei nem explicar sabe? Tudo
que a gente teve foi algo rápido,
três meses, três meses que ele tava
solteiro, ficamos, ficamos muito todos
os dias direito. Sempre estávamos
juntos, uma conexāo de outro mundo
real.

Ficamos tanto que eu até engravidei
dele, mas minha felicidade durou
pouco, depois de três meses ele
voltou pra mulher dele, ele não me
falou nada, descobri ao vê os dois
juntos no pagode igual casal feliz,
meu coração doeu, doeu tanto que
por um momento eu desejei sumir
desse mundo pra não sintir mais
aquela dor.

Nosso futuro. - Filipe Ret Where stories live. Discover now