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  Anna💋
   
          22/07/2016 20:43 São Paulo

    Gabi e eu chegamos aqui já tem um tempo, ela tá na sua terceira latinha de Budweiser, enquanto eu estou no meu segundo copo do meu suco lindo de perfeito vulgo morango.

    E então como uma sina do destino tentando foder meu psicológico,  começa a tocar baco, e é impossível não lembrar dele.
   Só então me recordo que dia é hoje, seis anos que tudo acabou...
 
Gabriela - Que cara é essa mulher? - Gabi indaga, provavelmente os meus sentimentos foram além do que eu planejava.

  - Nada - Falo rápida colando um sorriso forçado.

  Gabriela - É por causa daquele escroto do seu ex né? - Ela sabe de toda história, o motivo? Eu estava destruída demais na época, e foi inevitável não tocar no assunto.

  - Vamo mudar de assunto por favor? - Falo como uma súplica, e ela concorda com a cabeça.

  Gabriela - Tá, mas você precisa de um homem, um de verdade, que não seja imbecil.

  - Tá tá, agora como foi seu dia? - Ela ri revirando os olhos.

    É uma merda falar sobre ele, sobre tudo que aconteceu a seis anos, quando eu era apaixonada por um cara que no fundo eu sabia que nunca iria cumprir a porra da sua promessa.
   Me repreendo mentalmente por pensar nisso, mas é como uma missão impossível!.

  Flashback on

   22/07/2010 Rocinha Rio de janeiro 19:37

  Acabei de chegar do serviço, e parece que eu carreguei um saco de cimento e depois fui atropelada por um caminhão.
  Começo a destrancar a porta de casa, e um aperto estranho toma meu peito, como um pressentimento ruim.
  Ignoro, e abro a porta de casa, acendendo a luz e tirando o tênis, e quando levanto a cabeça levo um susto, é ele, Filipe está aqui!.

  Sorrio, mas é por um mero segundo, antes de franzir o cenho e balançar a cabeça, fechando os olhos pensando que estou vendo coisa.

  Ret- Sou eu mesmo amor, tô de volta estrelinha - Eu abro os olhos com a voz grossa que eu conheço tão bem, não pode ser, eu fico estatica no lugar, ele me prometeu.
 
   Filipe se levanta caminhando em minha direção, o mesmo está apreensivo.

  Ret- Eu vou te explicar tudo, eu juro pra tu - Fala como se procurasse as palavras certas.

  - Você prometeu - finalmente falo, e minha voz saí como um sussurro, ele me prometeu!.

Ret- Eu sei e eu tentei pra caralho cumprir, mas as paradas perdeu o controle - Eu nego com a cabeça, na minha mente ecoa a mesma frase "ele me prometeu".

  Ret- Anna, senta ali e me escuta, eu vou te explicar o bagulho todo - Eu novamente nego com a cabeça e sua voz se altera - Senta ali caralho! Por favor.
 
  Eu vou e sento, não conseguindo raciocinar direito...

  - Quando você saiu? - Baixo, minha voz sai mais baixa do que eu planejava.

  Ret- Eu cheguei aqui semana passada, tava resolvendo os b.o pra vim ti ver- Eu sorrio de forma amarga.

  - Você fugiu semana passada, e só agora resolveu da a cara, "tava resolvendo seus b.o" - Falo de forma irônica, incrédula.

  Ret- O morro tá um caô do caralho se ligou, mas agora eu tô aqui amor - Fala sentando ao meu lado.

  - Amor? você me prometeu Filipe, disse que tudo ia mudar, você ia cumprir sua pena e a gente ia viver juntos, ir embora, deixar tudo isso pra traz, constituir nossa família, você mentiu pra mim! Como sempre priorizou a merda da sua vida de crime - Puta, eu tô muito puta e como o esperado a primeira lágrima escorre...

  Ret- Viu? Foi por isso que eu demorei pra vim te ver, como sempre tu priorizando suas vontades, essa é a minha vida eu sou bandido e vou morrer assim caralho - Ele grita, sua veias da região do pescoço expostas, sua pupila dilatada e então percebo, ele tá drogado.

  - Além de toda essa merda, você cheirou? - Me levanto querendo ficar longe dele, porquê não é o meu Filipe falando comigo é o Ret, o "bandido".

  Ret- Não me dá as costas quando eu tô falando caralho! - Exclama puxando meu braço, forte o suficiente pro meu corpo recuar, uma lágrima atrás da outra escorre em meu rosto, minha vista turva.

  Ele se afasta colocando a mão na cabeça, indo de um lado para o outro como um percurso pra tentar não surtar.

  Ret- Me perdoa amor - Algumas lágrimas começam a descer em sua face, ele está tremendo.

  - Porque você sempre prioriza essa vida? - Ele nega com a cabeça e se mantém calado - Me responde, eu sou sua mulher, eu tô com você a anos, a gente cuida um do outro a tempo pra caralho, e sempre é a facção, ela acima de tudo!.

  Ret- Não é assim... - Não deixo ele terminar de falar.

  - Não é assim? Quando você tinha 13 anos você entrou nessa, eu implorei pra você não fazer isso, mas você acatou a ordem do seu pai, com 15 você levou o primeiro tiro e novamente eu pedi pra que você saísse - Eu mal consigo falar- A cada vez que você se feriu, a cada crime que eu sabia que você tinha cometido, a cada pedido da minha mãe que eu neguei pra permanecer ao seu lado, toda maldita vez que uma invasão acontecia, você sempre me enrolava, e eu permanecia.

  Dou risada, amargurada!.

  - Não permanecia porque acreditava no seu papo de que um dia ia sair e mudar tudo, e sim porquê eu te amava e eu te amo porra, você sempre foi parte de mim, e você acha que é fácil temer perder você o tempo todo? - Os olhos deles estão vermelhos, ele ainda percorre de um lado pro outro da sala - Mas dessa vez, por algum motivo imbecil eu achei que iria ser diferente, eu acreditei porquê eu precisava dessa esperança!.

  Ret- Não é assim Anna, eu vou sair - Eu seco minhas incontroláveis lágrimas e me sento no sofá abaixando a cabeça- Eu, eu não sei ser outra coisa, oque custa  tu entender meu lado? Sabe quantas dariam de tudo pra tá no seu lugar, ser mulher do chefe... - levanto a cabeça olhando pra ele incrédula, não é possível que ele disse uma merda dessa.

  - De que porra você tá falando? Eu não quero ser "a mulher do chefe" - faço aspas com os dedos - Eu quero ser a mulher do Filipe, o meu homem!.

  Ret - Sou eu caralho, qual a diferença em? Eu sou assim e não vai ser por você nem por ninguém que eu vou mudar - Diz, possesso pelo ódio.

- Quer ser isso seja, mas eu não vou ver você se afundar nessa merda toda- Nego com a cabeça me levantando e indo em sua direção- É isso que você quer pra você então? Ser o Ret dono da rocinha, criminoso, o "fudidão".

  Ret- Tu distorce tudo porra- Esfrega a mão no seu rosto, cada vez com mais raiva.

  - Se eu distorso tudo, então me responde, de uma só vez, você quer ficar comigo ou com a porra do título de chefe?- Minhas mãos estão suando, minha pele gelada, e meu coração doendo como se eu estivesse prestes a ter um infarte.

  Ret - Tu é minha mulher caralho, não tem essa de escolha.

  - Tem, tem sim! - Gesticulo em forma de concordância - Responde, é a sua escolha e se você disser que sou eu, tu finalmente larga tudo isso e a gente reconstrói nossa vida, se disser que não eu saio da sua vida.

  Ele aperta seus próprios cabelos...

Ret- Não tem essa, para de neurose - Tenta me abraçar e eu esquivo gritando.

- Responde!.

  Ret - Eu nunca vou deixar meu morro porra!.

  Toda esperança que eu acumalava dentro de mim se desvai, caio totalmente em lágrimas.

  - Isso é resposta suficiente pra mim!.

  Flashback off

   E foi dessa maneira, que eu enterrei a Anna apaixonada pelo ret, me transformando na Anna apaixonada por si mesma!.
  E por mais que tudo tenha sido dolorido, eu sou grata por cada parte, mesmo morrendo todo dia de saudade da minha mãe e meu Rj.

Nosso Recomeço Where stories live. Discover now