De repente... eu te amo !
Somos amigos há tanto tempo que nem sei mais quantos anos faz. Somos como luz e sombra indissociáveis. Ele me seguia pela Universidade e eu o sigo pela Empresa. Ele me segue no templo e eu lhe sigo no cinema. Não fazemos nada sem o outro. Exceto namorar. Ele gosta de meninos. Eu gosto de menina. Trocamos ideias e confissões. Foi eu que o tirei do armário.
Eu estava de namorinho com a Prya e ele olhava para Gun, o amigo dela. Seus olhos apaixonados eram tão inocentes, tão lindos. Ele parecia tão lindo amando em silêncio e sem saber. Eu gostava de vê-lo assim, inocentemente caidinho por Gun. Os olhos dele se espremiam levemente e ele ficava realmente belo, com novas cores e brilhos.
Entretanto fiquei com medo de estar errado e um dia convidei outro amigo para passear conosco. Quando ele viu o carinha tocar o Gun, segurou a raiva e sua face ficou vermelha igual a um camarão. Os ombros tencionaram e eu conheci a face do ciúmes.
Interrompi o passeio e o levei para casa, deixando Gun e Prya para trás. O colega que causou o furdunço já tinha sumido no mundo, com medo de seu olhar mortal.
Em casa tentei fazê-lo reconhecer os seus sentimentos e ele chorou ao ter certeza que era gay. Dormimos abraçados essa e muitas outras noites. Seu medo de contar para a família amedrontando-o.
Medo infundado. Ainda bem.
Gun e Prya ficaram no passado. E ele descobriu que nem o amou, foi só desejo mesmo. De meu lado, sofri quando Prya e eu rompemos. Íamos para distritos diferentes para cursar o ensino superior e o mais natural era deixarmos nossa doce e inocente relação no passado. A volta para a Capital ficou mais difícil porque a maioria dos amigos eram de fora e uma vez terminado os anos escolares, voltaram para seus lugares, justamente quando nós voltamos para Bangcoc.
Ele ficou na casa da família e eu que rompi com os meus familiares quando descobriram que manteria nossa amizade apesar de sua orientação sexual, vim viver sozinho em meu apartamento, mantendo-me, a princípio, com o pouco que ganhava como um jovem recém-formado.
Não sentia falta de ninguém. Tinha ele e sua família que aos poucos foi me adotando e me protegendo.
Até que Jom chegou.
Amigo de um dos primos dele, Jom foi forçando sua entrada entre nós e empurrando-me para escanteio tão delicadamente que meu amigo nem notava sua interferência.
Sentia-me perdido porque meu amigo não percebia as verdadeiras intenções de Jom e eu não podia interferir no relacionamento dele. Afinal, sempre respeitamos um o espaço do outro.
Entretanto, um dia Jom jogou pesado comigo. Chegou na empresa e me encurralou no corredor vazio do Recursos Humanos e se saiu com essa:
— Nong Pete, você precisa entender que não é porque vocês foram amigos até hoje que ele quer sua amizade eterna. Ele quer ter vida própria e fazer suas escolhas e você o atrapalha.
Para piorar minha situação, uma das fofoqueiras da empresa ouviu cada uma dessas palavras e passou a rir e cochichar pelas minhas costas.
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