Capítulo 33

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Azriel estranhou, ao chegar no domingo. Gwyn estava muda – literalmente muda. Só respondia com murmúrios e acenos, se retraia perante a voz dele. Cada vez que o elevador chegava ela recuava, temendo que fosse seu pesadelo materializado entrando em casa, pra em seguida respirar fundo. Esperou que ele executasse seu plano, mas não aconteceu. As malas dos dois desceram, e seguiram pro aeroporto.

 
Azriel: Qual o seu problema? – Perguntou, os olhos sondando-a, enquanto a voz da aeromoça orientava que o vôo ia decolar, e que era pra checarem os cintos e permanecerem nas poltronas.
 
Gwyn: Você. – Murmurou, quieta. O avião era particular da H.E.H., e só haviam os dois e a equipe do vôo, mas ela não parava de olhar em volta.
 

O avião decolou, e a pressão de Gwyn despencou. Ela levou a mão ao rosto, sentindo a visão fugir. Aquela situação ia matá-la. Ela se contraiu violentamente quando ele a tocou.

 
Azriel: O que é? – Perguntou, erguendo o rosto dela, olhando a pele pálida.

Gwyn: Contratempos da gravidez. – Alfinetou, e ele sorriu.

Azriel: Se essa possibilidade houvesse estaríamos indo pra um açougue, não pra praia. – Disse, voltando pra sua cadeira – Foi só a decolagem.
 

O vôo levou horas. Gwyn passou mal no pouso outra vez. Não olhou nada ao chegarem, entrando no carro assustada e só saindo ao chegar no hotel. Nem reparou no quarto. Azriel mergulhou no trabalho ao chegarem lá, e ela se afastou dele. Andou em voltas pelo quarto. Monte Carlo era mais quente que Nova York, e ela se trocou, abafada, colocando um short jeans e uma camiseta branca. Voltou a rodar pelo quarto.

Azriel: PELO AMOR DE DEUS! – Disse, erguendo a cabeça do laptop – Quer parar com isso?
 
Gwyn: Vai se foder, Azriel. – Disse, ainda andando pros lados, como se esperasse um ataque.
 
Azriel: Quer saber? Vá ver o hotel. Vá ver qualquer coisa, mas suma daqui. Não consigo trabalhar com você por perto. – Disse, exasperado.
 

Gwyn obedeceu. Desceu, passando pela recepção e se desviou do segurança, e parou na recepção do hotel. Haviam pessoas tranquilas, conversando, felizes.

Ela estava neurótica, mas ficou satisfeita por se livrar do guarda-costas.

Gwyn: Se não sabe onde eu estou, não sabe como me atacar. – Murmurou pra si mesma, marchando pela lateral do hotel, então seus pés afundaram na areia.
 

Gwyn olhou a areia clara, causava uma sensação gostosa. Ela deu um passo pra frente e ergueu o rosto. O mar de Monte Carlo estava em sua frente, em um azul límpido, claro, da cor dos olhos dela. Era azul até o perder de vista. Haviam alguns rochedos indo a direita, mas em volta era tudo oceano. Ela caminhou, os dedos travados, se aproximando, e seus pés tocaram a água. Ela olhou em volta, e tudo o que havia era o mar. Era seguro.

 
Gwyn nunca havia visto o mar. Atravessar de balsa ou de barco era o caminho mais curto para vir de Nova Jersey até Nova York, mas ela sempre achara o mar um conjunto de animais nojentos escondidos debaixo d’agua, então ia de carro. Em NY havia praia, mas ela nunca teve contato nenhum pra aquele lado da cidade, por tanto nunca fora lá. Mas não era nada disso. A água estava fresca, como se pudesse lavar a sujeira que sufocava a alma dela.
 

E, diante daquela imensidão, Gwyn se sentiu pequena. Minúscula. Tudo pelo que havia lutado, toda a sua vida parecia... Irrelevante. Ela se abraçou, os olhos cheios d’água, se sentindo uma formiga. Sua guerra com Azriel, todos seus projetos... Não eram nada. E ela estava só.

 
Sem pensar ela avançou, de roupa mesmo, entrando na água. Uma lagrima caiu de seu olho, sumindo no mar, e ela mergulhou. A sensação foi maravilhosa.

A Court Of Pain And Revenge - Livro 1حيث تعيش القصص. اكتشف الآن