Capítulo 3 - California Dreamin

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2010. Passado, após o acontecimento

Todas as folhas estão marrons (todas as folhas estão marrons)
E o céu está cinza (e o céu está cinza)
Eu saí para um passeio (eu saí para um passeio)
Num dia de inverno (num dia de inverno)

Eu estaria protegido e aquecido (eu estaria protegido e aquecido)
Se estivesse em Los Angeles (se estivesse em Los Angeles)
Sonho californiano (sonho californiano)
Num dia assim de inverno

Parei dentro de uma igreja
Pela qual eu passei ao longo do caminho
Bem, eu fiquei de joelhos (fiquei de joelhos)
E eu finjo rezar (eu finjo rezar)
Você sabe que o pregador gosta do frio (pregador gosta do frio)
Ele sabe que vou ficar (sabe que vou ficar)
Sonho californiano (sonho californiano)
Num dia assim de inverno

Todas as folhas estão marrons (todas as folhas estão marrons)
E o céu está cinza (e o céu está cinza)
Eu saí para um passeio (eu saí para um passeio)
Num dia de inverno (num dia de inverno)

Se eu não contasse a ela (se eu não contasse a ela)
Eu poderia partir hoje (eu poderia partir hoje)
Sonho californiano (sonho californiano)
Num dia assim de inverno (sonho californiano)
Num dia assim de inverno (sonho californiano)
Num dia assim de inverno

California Dreamin, que tocava somente na cabeça de Harry Styles, possuía todo o ambiente enquanto Styles era fotografado durante a identificação de prisão.
Os flashes que vinham da câmera todavia não eram o suficiente para trazê-lo de volta à realidade; o acontecimento traumático ainda era muito recente. Ele segurava a placa de presidiário frente ao torso, e apesar de não estar escutando nada devido à música que repentinamente tocava alta em sua cabeça, ele virava o corpo para as fotos quando lhe era ordenado.
Inexpressivo, robótico, inconsciente. Apesar do desligamento, seus olhos carregavam um peso notório e deprimente, como o olhar de quem não sabia aonde estava, exalava um ar de dor, sua postura era trágica e assombrosa e ele não piscava; seus olhos reagiam somente aos flashes com um piscar desconexo a cada foto.
A música conduzia Harry para longe dali numa tentativa irreal de fugir da realidade assustadora; um vestígio de falsa alegria, uma música que transportava seu subconsciente até um momento de felicidade, o qual ele não era capaz de identificar.

A ilusão à felicidade era perigosa, tornando a imagem de Styles ainda mais apavorante quando ele, antes do último flash de câmera invadir suas orbes verdes distantes, em reação ao som da música que ainda o distanciava e o impedia de encarar o real acontecimento, abriu um sorriso torto e trêmulo.

O sorriso se desfez no último flash, quando a música parou e um zumbido repentino tomou os ouvidos de Harry Styles. Um borrão confuso invadiu sua visão numa tentativa brusca de sua própria mente de trazê-lo de volta.
De repente, lá estava Styles, na solitária de uma prisão temporária; onde ficaria, isolado, enquanto a grave situação era resolvida e seu destino era discutido, até que seu pai encontrasse o melhor dos advogados para tentar livra-lo da condenação de prisão.

Seus olhos, agora despertos depois de muito se forçarem a acordar, piscavam repetidas vezes, e o som do silêncio real o atingiu os ouvidos como um grito estridente e ensurdecedor. Uma tontura inesperada o empurrou para trás e ele bateu as costas contra a parede da cela, colocando uma das mãos por sob a cabeça e fechou os olhos com força em reação às pontadas de dor que sentiu no interior de sua cabeça.
Pouco a pouco, Harry arrastava as costas pela parede até que estivesse sentado no chão. Abraçou os próprios joelhos, encolhendo-se e apoiando o queixo nos joelhos juntos. Seus olhos ameaçavam chorar, e chorar significava aceitar e encarar a realidade trágica; mais uma vez, não se permitiu e bloqueou-se, negando a si mesmo os fatos do ocorrido que o conduziu até aquela cela.

Ruptura | l.sWhere stories live. Discover now