Capítulo 1

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— Henrique! Se eu tiver que bater nessa porta mais uma vez para te chamar para a escola, eu derrubo ela no chão — Ouço a voz doce e ameaçadora da minha mãe e resolvo sair da cama de uma vez por todas, eu já estava acordado, mas gostava de ficar enrolando e sentir os últimos minutos de conforto da minha cama antes de mais um dica começar.

Me arrasto para o banheiro e faço as higienes matinais, estava quase na hora dela ir para o trabalho, olho no relógio e vejo que já marca 6:30 da manhã, cedo demais para alguém estar se arrumando para a escola. Pego a farda do terceiro ano, amava ela porque era o ano em que a farda se tornava diferenciada por eu ser finalista, o brasão da escola era bordado e ela tinha um modelo diferente das fardas do primeiro e segundo ano, aquela diferença significava que faltava muito pouco para eu encerrar aquele estágio e adentrar outro.

— Beijo filho, se cuida, espero que tenha um bom dia, e por favor, não esqueça de almoçar, é pra isso que a geladeira está sempre até o talo de comida — Disse minha mãe saindo após recitar o mesmo de todos os dias e me beijar na testa.

Sentei para tomar meu café da manhã, dois mistos de queijo e presunto e um copo de achocolatado, liguei a televisão e logo um canal que estava passando desenho animado tirava minha atenção, o ruim de se arrumar tão cedo é que a espera se torna vagarosa, e nesse meio tempo você decide se vale ou não ir para a escola, ou acaba pegando no sono novamente e acorda quando não tem mais jeito a não ser faltar.

Depois que terminei tudo, peguei a carteirinha, e fui para o ponto de ônibus que ficava próximo a minha casa, pegar ônibus de manhã tinha seus extremos de uma certa forma, ou você seria sortudo o suficiente para pegar um vazio que acabou de sair da estação, ou pegaria um até o talo de gente, e hoje eu dei sorte.

Ônibus completamente vazio, fico sentado na última cadeira próxima a porta já que o caminho para escola não demorava tanto, ouço minhas músicas no volume máximo, desço no ponto próximo a escola e logo estou dentro da sala. Eu sempre era um dos primeiros alunos a chegar, só perdia para um garoto chamado Samuel que morava no extremo da cidade, essa distribuição de vagas é uma merda quando você encerra o ensino fundamental, mas isso não é o tópico agora.

Os alunos começam a chegar e logo meus amigos também estão preenchendo seus assentos na sala, Thais era minha melhor amiga e sempre chegava minutos após eu estar lá.

— Bom dia meu raio de sol — Diz me abraçando e beijando minha bochecha, sorrio, pois amava demonstração de carinho.

— Bom dia floquinho — O apelido dela era esse por ela ter se engasgado com sorvete de flocos ano passado, acabou pegando e as pessoas próximas se referem a ela assim.

— Preparado para mais um dia? — Ela indaga e nego fazendo cara de choro.

— Nunca, mas felizmente tudo está prestes a acabar, e isso se torna um grande alivio, se tudo der certo ano que vem estaremos na universidade — Digo e Thais assente, nossa meta era entrar na mesma faculdade, e Deus e todos os santos que nos ajudassem, porque Direito e Fisioterapia são cursos bem concorridos.

— Sim, mais um pouco e acaba, inclusive, meu irmão perguntou se você vai querer ir lá no campinho amanhã, vai ter jogo — Assenti, gostava de jogar bola, era bem legal e eu era um ótimo atacante.

— Quero sim, avisa que eu pago o refrigerante amanhã — Thais assente e ficamos conversando mais uns minutos antes de nossas aulas começarem.

O tempo passa, e em certo momento sinto uma sensação gelada me abraçar, era o Yan, é uma história bem complicada, porque eu simplesmente morro de amores pelo Yan desde que nos conhecemos, e ele não liga muito pra isso, mas vive sendo carinhoso, eu só queria conseguir não gostar dele, seria bem mais fácil aceitar esses afetos sem tribular meu coração todo.

Por vocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora