"Um brinde!"

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A Lua escorria pela cidade
Brindavamos sob o telhado encume
Festejavamos a nossa miséria
Engolindo desamores por doses
Mastigando catastrofes ferozes
Presos em suas próprias neuroses.
O Sol se recusava a nascer
Por quanto tempo esperei por você?
Há quantos anos estou preso a essa noite?
"Um brinde!"
Alegou o homem que não tinha onde cair morto
Por todos nós, um brinde à existencia miserável em que desperdiçamos pelos bares.
As estrelas rodopiavam pelas ruas da cidade
Eu quis me juntar a dança
Mas os olhares eram tão cortantes quanto os seus toques.
O julgamento era tão visível quanto a minha desolação.
Me apego as nuvens, mas elas sempre se vão
Em contragosto assisti você me largar de mão
Constatar o meu caso como perdido, sem solução.
Eu viro às esquinas
Minha desesperança faz trilha para que eu saiba o caminho de volta
O Sol se recusa a iluminar meu caminho
A chuva traz à tona tudo que me forcei esquecer
Eu me perco de mim todas as noites para achar você.
Até quando celebraremos a nossa miséria?

Hoje o sol não nasceu.

Querido Desamor ─ PoemasOù les histoires vivent. Découvrez maintenant