Amor miserável

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Eu sobrevivo pelos becos
Junto aos ratos e os escombros
Eu mendigo migalhas de amor
Recebo esmolas de almas amarguradas, esnobes
Eu aposto em números ímpares nos bares de esquina
Perco o que não tenho
E permaneço sem o que perdi
Eu gasto o que não tenho com ela
Pelo prazer temporário de a ter
Mas ela some em poucos segundos
E estou miserável outra vez.
O céu se fecha para nós
E além da lua
Existem as estrelas
Um céu incompleto
Não é digno de pureza.
Ela me faz dizer o que não sei
Eu conto mentiras
Mas ela me trata como rei
Eu me afundo junto a minha miséria
Me deleito nas rodovias
Os carros param
Mas não desviam
Eu morro no frio das noites
E morro no calor dos dias
Estou morto por fora
Mas minha alma sapateia por dentro
Eu perco meu corpo
Mas minha alma festeja
Pisoteiam minha pele
Mas minha alma te almeja
A miséria me mata
Mas seu amor me incendeia.

O que mais preciso pra viver?

Querido Desamor ─ PoemasWhere stories live. Discover now