As semanas passaram rápido. Murilo iniciou, o que apelidou de "operação Alzheimer".
Pegou todos os quebras cabeças, jogos de lógicas, palavras cruzadas e tabuadas que eu tinha comprado, e começou a usar.
Ah, e também decidiu resolver as contas da época de faculdade, era engenheiro aeroespacial. Matemática era o que não faltava nos cadernos antigos.
O período na Eslovênia foi muito bom, era um país que eu ainda não havia visitado, e consegui conhecer alguns lugares.
No trabalho, foi tenebroso.
A Argentina conseguiu perder dois sets para o Egito, e por Deus, eu queria saber o que estava acontecendo com aquele time.
Comecei a questionar se eu era a pé frio.
Brasil ia bem, fui trabalhar lá: perdemos o bronze.
Argentina ia bem, fui trabalhar lá: tiveram uma campanha ruim na VNL, o Mundial estava sendo complicado e conseguiram levar pro tie break um jogo contra o Egito.
Acordei e a primeira imagem que vi foi Conte, adormecido ao meu lado. Não dormia em cima de mim, como de costume.
Desde o dia que comentei do inchaço nos seios, ele nunca mais fez isso. A única coisa que continuou, foi suas reclamações por eu não procurar um médico.
Não tinha tempo.
Quando voltasse ao Brasil eu me consultava.
A incontinência urinária havia diminuído bastante, ainda ia um número de vezes alto ao banheiro, mas nada que eu não pudesse lidar. E os embrulhos no estômago sumiram, duraram apenas três dias.
Deve ter sido algo que comi.
Passei meus dedos pelo cabelo dele, para minha tristeza cortado, e nem a barba tinha mais. Era só o bigode, e o sinal dos pelos crescendo.
Eu o conheci assim, no Taubaté, mas depois que conheci a versão cabeluda e de barba, não quis mais saber das outras.
Essa eu só tinha durante as férias.
— Temos um problema sério. — Resmungou, abrindo os olhos. Sua voz estava um pouco rouca. — Acostumei com você me acordando assim.
— Isso é um problema? — Continuei o carinho no que restava do cabelo dele. Dolorido lembrar que tinha tanto volume aqui.
— É sim, porque eu quero todo dia.
— Se tivesse todo dia você não daria valor, aproveite enquanto tem.
Ele inclinou a cabeça para o lado, e agora eram suas mãos que estavam no meu cabelo, passeando da raiz as pontas.
— Marcou o médico?
— Aqui na Polônia?
— É.
— Não, eu nem falo polonês.
— Mas fala russo, e eu sei umas coisas posso te acompanhar.
— Não pode, está no meio do campeonato. Oitavas de final com a Sérvia hoje.
A Argentina, apesar dos altos e baixos — mais baixos do que altos — chegou as oitavas, quem poderia imaginar? Eu estava nervosa para o jogo.
Os sérvios eram bons, altos, verdadeiros "armários", seria interessante vê-los jogar contra eles.
— Tudo bem, mas eu vou no médico com você, no Brasil, na Argentina.
— Como quiser, senhor Conte.
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Red Zone - Bruno Rezende
FanficEstela Martin é uma fisioterapeuta muito conhecida no mundo esportivo, mais especificamente do vôlei, há 10 anos atua em um clube francês e possui uma carreira consolidada no exterior. Sua "fama" se deve ao fato de ter conseguido ajudar jogadores fa...