・:*:・Maldição・:*:・

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🄹á fazem exatamente cinco dias que estou vivendo nas ruas sem ter algum destino em mente. No momento, só me concentrei em localizar algum lugar que poderia fugir do dilúvio que fazia com que todos da cidade se recolherem em suas residências. Em meio a chuva, já estando encharcada da cabeça aos pés eu engatinho para debaixo do playground de um parquinho que encontrei por um acaso quando ouvi o som do balanço sendo movido pelo vento.

Sinto a minha barriga doer. Então, eu abro a minha bolsa e vejo um coelho, um livro e um pedaço de pão que eu consegui dos restos de comida de um restaurante famoso da cidade, já que a comida que tinha pego antes da minha saída de casa havia acabado no dia anterior. Pego o pão em minha mãos miúdas e coloco a massa em contato com as minhas papilas gustativas enquanto olho as pequenas gotículas despencarem do céu sombrio.

Depois de comer, eu me encolho no canto na tentativa quase que inútil de tentar me esquentar. Começo a enumerar todas as maneiras que eu posso morrer por estar a própria sorte nas ruas. Como imaginava, nenhuma delas eram consideradas agradáveis, todas dolorosas demais para o meu gosto.

Junto as minhas mãos as entrelaçando entre elas para que pudesse iniciar as minhas preces, implorando para que se a minha vida fosse tirada que seja de forma menos dolorosa possível.

O barulho das gotas de chuva entrando em contato com a superfície chegava a se assemelhar com algum calmante que faz com que o meu corpo fique anestesiado em meio a tormenta. Deixo a minha cabeça pesar sobre as minhas pernas e as abraço, como se formasse uma cama improvisada.

Começo a cantar uma canção que a Akane costumava cantar quando brincávamos de desenhar objetos aleatórios que encontrávamos em sua moradia.

Ao me lembrar da minha amiga, eu começo a recordar de todas as brincadeiras que tivemos nesses poucos anos de amizade com a mesma.

Teve até um dia que ela achou alguns balões embrulhados em pequenos saquinhos prateados que achei um tanto quanto curioso o fato de estar bem embalados, até mesmo possuía um gosto extraordinário para o meu paladar, já que deixava um gosto adocicado em meus lábios quando enchia os balões com o ar presente em meus pulmões. No entanto, depois que tiramos os plásticos coloridos e enchemos todos os balões, o irmão dela ficou vermelho como um tomate e começou a gritar para não mexermos em suas coisas, expulsando a gente de casa para que brincássemos no jardim. Até hoje não entendi o motivo de tanto alvoroço por sua parte.

Não só ela, mas todas as crianças e adultos que estavam na escola naquele dia eram o meu refúgio, coisa que em casa eu não conseguia ter por sempre ser julgada pela minha própria mãe que insistia em me trancar no quarto para clamar por perdão pelos meus pecados que, por sinal, nem sabia quais eram.

"Não quero ficar sozinha. Devia ter morrido naquele dia" —— Sinto uma pequena ardência entre a pálpebra e a bochecha direita, mas isso não me impede de fechar os meus olhos por estar sendo vencida pelo cansaço.

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—— Yuri~ —— Uma voz soa um pouco melodiosa em meus ouvidos —— Onde você está, Yuri? —— Abro os meus olhos.

Escuridão, este é o cenário que os meus olhos conseguiam captar para levar a informação ao meu sistema cerebral me fazendo gerar uma angústia em meu peito com o falhar das batidas do meu coração.

Começo a me mexer do lugar que estava plantada pelo susto causado pelo ambiente sinistro. No entanto, sinto o peso para caminhar e a sensação de molhado em minha pele se torna perceptível. Meus pés estão bancados pela água escura até os meus tornozelos.

Lavender ✾ Toge InumakiOnde histórias criam vida. Descubra agora