As mulheres, idosos e crianças voltam a aldeia, pois, o inimigo tinha batido em retirada. Os dias de paz voltariam, mas não se sabe se está paz prevalecerá.
— Mueri, você é mesmo filho de Mungo, você protegeu seu povo com bravura, nossa aldeia nunca teve um líder assim — o velho Murima diz com orgulho de Mueri.
— O inimigo não foi ainda, ele vai voltar, só não sei quando — Mueri divaga.
— Então o sugere que façamos? — o velho questiona.
— enviaremos espiões a aldeia dos Macutes, eles usurparam aquelas terras, farão daquelas terras uma base militar — Mueri diz.
O velho Murima se sobressalta, pois, só de lembrar do poder de fogo dos forasteiros, ele sente um calafrio.
— Acha mesmo que farão isso? — questiona temeroso.
— Não só acho, como tenho certeza que farão isso — Mueri responde convicta.
O velho volta ao centro da aldeia Tomodo, o velho está com o coração quase saindo pela goela. Mueri, faz o caminho de volta ao conselho dos Fumos. Os Fumos estão reunindos esperando o Muene de dez primaveras de vida.
— Obrigado por virem senhores — Mueri Anúncia.
— O que trataremos Muene? — um dos Fumos questiona.
— O senhor tem uma solução para o perigo eminente? — outro Fumo questiona.
— Não sabemos ainda o poder que o nosso inimigo tem, mas tivemos uma pequena amostra do mesmo — Mueri começa a explicação — Os forasteiros tomaram a terra dos Macutes, eu acho que farão dela uma base — Mueri termina.
Os Fumos ficam temerosos por suas famílias, pois, já são muitas desgraças em menos de uma lua.
— Então, o que o senhor sugere? — outro Fumo questiona apreensivo.
— Enviaremos espiões ao outro lado do rio, para que vejam o que o nosso inimigo prepara, trazendo assim informações que nos serão úteis na próxima batalha — Mueri sugere.
Os Fumos ficam mais apreensivos ainda, afinal de contas, quem aceitaria um trabalho tão perigoso quanto este?— Muene! Quem será enviado ao outro lado do rio? — um Fumo questiona apreensivo.
— Dois ou mais, dos nossos melhores soldados — assim que a mesma diz isso os Fumos soltam o ar que parece que estavam segurando.
— O senhor tem em mente os soldados? — Questionam os mesmos.
— Sim, eu tenho — Mueri responde com um olhar esquisito e um tanto amedrontador.
Reunião encerrada, a menina sai da casa do conselho rumo a casa de seu tio Namicosse, apesar dele ser um Muanabua, ele é um bom soldado e talvez o melhor de todos. A menina chega a casa de seu tio, assim que a mesma chega, encontra seu tio sentado na sombra duma mangueira fumando seu rapé.
— Unfunadzia³², muanabwa³³ — o tio a questiona duma forma desdenhosa.
— Huceliwa³⁴? — Mueri cumprimenta.
— Não me venhas com ladainhas, diz-lá o que queres, não tenho o dia todo — Namicosse continua.
— Como assim? Se você não está a fazer nada! — Mueri provoca.
— Estou a fumar meu rapé, então sim, estou a fazer algo de útil — Namicosse responde.
— O que tenho a dizer, diz respeito a ti e a aldeia inteira — Mueri diz e isso desperta a atenção de Namicosse.
— E o que é tão importante? — O mesmo questiona.
— Eu e Fumos decidimos que iremos enviar espiões a aldeia dos Macutes, para ver o inimigo — a menina informa e seu tio não se abala.
— E o que isso tem haver comigo? — questiona sem se importar muito.
— Você será um dos espiões — a menina informa.
Assim que tais informações chegam aos ouvidos de Namicosse, o mesmo cospe seu rapé e se levanta de sua cadeira furioso.
— Estão loucos, se pensam que eu Namicosse partirei a uma missão suicída dessas — Namicosse grita furioso.
— Não estou, foi uma decisão tomada por todos, pois você é o melhor soldado que existe — Mueri, sabe que o ponto fraco de homens orgulhosos como seu tio, é o seu ego, Mueri sabe que se tocar no ego de seu tio o mesmo vai ceder.
— Eu sou o melhor soldado? Os Fumos falaram isso? — Namicosse questiona mudando de postura como num passe de mágica.
— Sim, eles e eu — Mueri infla o ego dele.
— Está bem, talvez eu vá — Namicosse anúncia com soberba.
— Eu sei que vai — Mueri diz já se retirando da casa de seu tio.
A menina volta a sua casa, encontra sua mãe sentada ao pé dum coqueiro, a mesma está fazendo um cesto de palha, para colocar os cocos e mapira³⁵.
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32. Unfunadzia: O que queres;
33. muanabwa: Cão;
34. Huceliwa: Acordou bem?
35. mapira: Um tipo de cereal, muito comum em Moçambique e algumas partes da Ásia
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Mueri [ Vol1: Duologia Princesa Guerreira]
Historical FictionEm uma remota aldeia de Moçambique, a sucessão de liderança depende de uma antiga tradição: somente um herdeiro homem pode assumir o papel de líder. Quando o atual líder morre inesperadamente, deixando uma comunidade em choque, todas as esperanças r...