Capítulo 80 - Anahí's & Poncho's POV

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*Capítulo com narrações intercaladas.


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*Poncho's POV*


Centro de Convenções Jacob K. Javits - Nova Iorque - NY - 19h


O salão estava lotado, acho que toda Manhattan resolvera ver aquela exposição. Eu era mais um no meio daquele aglomerado de gente, disputando espaço para olhar um móvel ou outro.

Desviando-me de algumas pessoas, parei em frente a algo que parecia ser uma estante.


Alfonso: Diferente. - Comentei, sozinho, enquanto observava os detalhes da madeira trabalhada. Alguns passos depois estava em frente à outra estante, ainda mais extravagante.


Um garçom passou por mim e eu alcancei uma taça de champagne, continuando a minha caminhada pelo salão. Christopher não pudera vir comigo, já que seu pequeno estava gripado. Pois é, ele e Dulce haviam se casado e tinham um garotão, que hoje já tinha 3 anos. Meu afilhado, Lucas. Uma figura.


Com olhares atentos a todos aqueles móveis exóticos, cheguei a um lugar mais vazio, quase ao fundo do salão. Um pouco afastado de toda aquela gente, pude ouvir a música ambiente que tocava. Encostei-me em uma das pilastras do prédio e me pus a observar a rua através da parede de vidro.


Estava distraído quando ouvi uma gargalha um tanto familiar. Virei o rosto, um pouco em dúvida, procurando de onde viera o som. E achei o que procurava.

Meu queixo caiu instantaneamente. Estreitei os olhos para ter certeza, mas claro, era claro que era ela. Aquela gargalhada era única, e eu poderia reconhecê-la mesmo depois de anos. Anahí.


Ela estava de perfil, quase de costas para mim, usava um vestido de renda preto que terminava um pouco acima dos joelhos. O cabelo estava mais curto, sem os cachos de sempre e um pouco mais escuro. Estava nitidamente mais madura.


Fiquei um tempo a observá-la, ainda sem acreditar que realmente estava ali. Ela sorria e conversava animadamente com uma mulher e um homem. Era inacreditável que estivéssemos no mesmo lugar, e era mais inacreditável ainda perceber que todas aquelas velhas sensações estavam voltando. Desde o frio na barriga até o coração acelerado. Depois de tanto tempo eu ainda não era imune a ela, e podia constatar isso ao me pegar sorrindo, feito um bobo, ao vê-la.


Alfonso: Ora, Alfonso. - Ri de mim mesmo, deixando a taça de champagne em um balcão qualquer e cruzando os braços. Será que era mesmo possível que ela ainda me causasse aquela palpitação estranha e aquela confusão em minha cabeça? As lembranças açoitavam-me com força. Aquilo era engraçado, para não dizer, um tanto quanto ridículo. Meneei a cabeça, ainda com um sorriso idiota no rosto e, na dúvida, achei melhor não ir até ela. Sei lá, nunca se sabe como eu seria recebido depois de tantas coisas, de tanto tempo e de uma história que acabou tão bruscamente quanto começou.


Voltei a olhar para a rua, e depois para ela. Inquieto.


Dei alguns passos em sua direção, mas logo recuei, voltando-me para um móvel qualquer. Numa das vezes em que virei o rosto para observá-la, nossos olhos se encontraram. Choque.

Palavras, apenas palavrasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora