Capítulo 270 - CAPÍTULO FINAL

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Era sábado de manhã, Caio e eu já estávamos desde às 6 acordados. A rotina que planejamos para as crianças já estava mais do que estabelecida e as crianças estavam acordando bem menos à noite, devido a isso nós conseguimos reestabelecer a nossa rotina, a diferença é que agora nossa rotina era muito mais silenciosa. Acordando às 6h, nós conseguimos voltar a fazer nossa prática de Yoga+meditação. Nós colocamos um incenso, ligamos o som com uma playlist tranquila e própria para meditação, realizamos nossa prática, meditamos e ficamos juntos abraçados por alguns minutos. Nós só nos separamos porque nossa sirene mais do que amada começou a soar. Com a Eva acordada e fazendo sacanagem no berço, Ben acordou também. Nós ficamos com eles um pouquinho lá na sala e depois que eles já estavam bem despertos nós nos dividimos como sempre fazíamos: eu dava banho e ele arrumava as crianças. Com Eva e Ben de banho tomado, nós fomos para a cozinha preparar as mamadeiras, Alice não deu nenhum sinal de que acordaria. Eu preparei as mamadeiras e o Caio se responsabilizou ao dá-las para as crianças.

Outra coisa que aprendemos tendo três filhos: não perder tempo. Eu aproveitei que o Caio estava dando as mamadeiras e eu comecei a preparar o almoço das crianças. Enquanto fazíamos isso, Alice acordou e veio andando até a cozinha. Primeiro ela ficou parada nos olhando, depois ela veio até mim e eu a peguei no colo. Ela já estava ficando parecida com o pai dela, acordava e vinha direto atrás de um colinho; eu fiquei com ela no colo até o Caio terminar de dar a mamadeira para Eva e Ben. Ele colocou um no cercadinho, o outro no carrinho e pegou a Alice de mim.

Ele ficou com ela enquanto eu terminava de preparar o almoço e o lanche da manhã. Ao terminar de cozinhar, eu preparei as bolsas das crianças com tudo o que precisaríamos. Para nos arrumarmos, nós nos revezamos. Enquanto eu fiquei com as crianças, ele tomou banho e se arrumou; depois invertemos.

Os seis primeiros meses foram cansativos e deliciosos. Caio e eu estávamos completamente realizados ao ter nossa família completa. No entanto, mesmo com tanta felicidade a gente sentia medo de perder nossos filhos, pois nós estávamos somente com a guarda provisória. Foi somente após seis meses que nós conseguimos adotar nossos filhos definitivamente. Após a sentença de adoção, nossos filhos receberam novas certidões e em cada certidão continha meu nome e o nome do Caio como pais. Nesse momento, nós também alteramos os nomes deles, pois precisávamos de nomes que nos agradavam e que nos permitissem começar uma nova fase na vida dos nossos filhos. Ben, Eva e Alice também são nomes que atendem à dupla nacionalidade. Quando adultos, se eles quiserem morar na Bélgica, será bem fácil. Somente com as novas certidões de nascimento nas mãos que o medo de perder nossa família deixou de existir. Agora, eles eram nossos e ninguém poderia tirá-los da gente! Nosso medo é que depois daqueles tantos meses, nós não conseguiríamos de forma alguma viver sem eles. Eu achava um exagero quando eu ouvia as pessoas falarem que os filhos eram um pedaço delas. Eu não acreditava muito nisso. Não acreditava até eu ter meus filhos, nós sentíamos exatamente isso. É como se eles fossem um pedaço da gente, mesmo sem ter nenhuma relação biológica. Com meus filhos eu descobri de forma muito mais latente que o amor de um pai/mãe se transforma em algo muito mais forte do que o sangue. É algo mais imutável que o DNA. O amor de um pai/mãe faz com que o filho se torne parte de algo muito maior. É esse amor que transforma a vida dos pais e dos filhos, é esse amor que molda a família.

Desde meus 18 anos eu vivi esse amor do lado do filho. Minha mãe, ao me adotar, me apresentou esse amor. No entanto, com meus filhos esse amor foi potencializado a mil. Como eu conto recortes da minha vida, às vezes, algumas pessoas pensam que minha vida é perfeita, que meu casamento é mais do que perfeito e agora, talvez, estejam pensando que a nossa vida com três filhos é a coisa mais linda do mundo. Realmente, para nós, é a coisa mais linda do mundo. Mas essa coisa mais linda não é perfeita! Nós temos estresses, temos briguinhas entre mim e Caio, temos dificuldades com as crianças, elas são tão crianças quanto qualquer outra, então tem birras, choros e os pais ficam loucos de vez em quando com tudo isso. Não é fácil criar três crianças com idades e necessidades (de todas as esferas biológicas, afetivas, etc) tão próximas.

Amor que nunca acabará - PARTE 2Where stories live. Discover now