Um dia comum...

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- Bia! Bia! Bianca!!!
Der repente meus fones de ouvido foram arrancados bruscamente.
- Bianca... Estou te chamando há horas.
- Foi mal mãe. Não te escutei.
- Também pudera não é? Não sei por que esses fones tão altos.
- Mãe pra que mesmo me chamou?
- Amanda está no telefone, disse que é urgente. E sabia que é bom arrumar o quarto de vez em quando?
- E é por isso que não gosto que entre no meu quarto dona Ana.
- Vá atender o telefone. E arrume esse quarto!
Ela saiu e bateu a porta. Sempre fazia isso depois de me mandar fazer alguma coisa, acho que tem meio a ver com ''efeito cinematográfico'' – comentei com meu irmão certa vez – ela sempre foi um tanto quanto dramática.
- oh merda! Por que Amanda não me ligou no celular? – resmunguei.
Me levantei gemendo em cada passo. Finalmente cheguei à sala onde estava àquela coisa que ninguém usa mais chamada telefone fixo.
- Alô?
Tentei falar com minha voz mais forçada.
- Até que fim em Bia!
- Não sei se já te informaram Mandy, mas inventaram algo novo agora chamado celular.
- Muito engraçada você Bia. Posso saber por que você não foi à aula hoje? Tínhamos combinado de irmos todos. Edu, Layla e eu ficamos te esperando. Primeiro dia lembra?
- Sabe oque que é Mandy – tentei forçar uma tosse – peguei uma baita gripe.
- Não precisa mentir.
- Ok! Estava com preguiça, não é justo as férias terem acabado, tenho que me recuperar desse trauma.
- Para de drama Bia. Amanha você vai.
- Sabe oque é Mandy...
- Nem adianta terminar a frase, não estou te perguntando se você vai, estou te avisando q você vai.
- Ah! Qual é Mandy...
- Até amanha Bia!
Ela desligou. Mandy tinha essa mania, me mandar fazer as coisas, e eu sempre acabava fazendo só para evitar ela falando na minha cabeça.
''Parece que alguma felizarda vai à aula amanha... '' – pensei.
Gemi com a ideia. Voltei para o meu quarto ouvindo os "doces" gritos da minha mãe com meu irmão, ela falava alguma coisa sobre não querer advertências esse ano. Tentei não chamar a atenção para que ela não voltasse seu estado de nervo neurótico para mim.
Entrei no meu quarto e caramba! Ele realmente estava precisando de uma organizada.
Então passei o resto do dia ouvindo musica no meu radio no ultimo volume, trancada no quarto, organizando ele – ou pelo menos tentando.

Finalmente à noite meu pai chegou do trabalho, era a melhor parte do dia, não que minha mãe não fosse maravilhosa, mesmo com esse jeito dela. Mas eu sempre fui mais apegada a meu pai, e sempre que chegava do trabalho, ele me trazia chocolates ou qualquer besteirinha que conseguia comprar no caminho de casa. Era a única hora no dia em que o via. Depois de conversarmos um pouco ele ia dormir, pois saia muito cedo no outro dia.
- Oi pai!
- Oi querida! Como está hoje?
- estou bem e o senhor?
- Dia difícil no trabalho. E como foi a escola?
- não fui à escola.
- Por quê? Não está se sentindo bem?
Para meu pai, faltar à aula sempre era motivo de doença. Não o culpo, meus avós sempre foram duros com ele.
- Uma doença chamada preguiça. – interrompeu minha mãe – muita preguiça.
Fiz careta e ele riu.
- Amanha você vai não é?
- Mandy me fez prometer que sim.
- ok. Bom vou me deitar.
- mas já pai?
- hoje o dia foi um pouco mais cansativo, querida.
- tudo bem, até amanha.
- até meu bem.
Ele deu um beijo na minha mãe, perguntou pelo meu irmão, que estava no computador como sempre, e foi se deitar.
Falei com minha mãe que ia me deitar também. Mas na verdade Eu fiquei assistindo televisão no Meu quarto. E Acabei dormindo com a TV ligada.

O celular tocou.
- Droga! Não me lembro de ter ativado o despertador. – resmunguei.
Peguei e olhei. "Ai não Mandy!"
Fechei os olhos e me concentrei em inventar uma desculpa plausível.
- Oi Mandy. Por que esta me ligando a essa hora? – péssimo início.
- Bianca!!! Você se esqueceu? Aula...
- sabe Mandy... É que acho que não vou à aula hoje.
- Bia você vai... Preciso lhe contar sobre as férias e sobre algumas coisas que descobri ontem.
- Nossa estou tão interessada... – falei em meio a um bocejo – se eu não for você vai me encher o resto da vida não é?
- provavelmente...
- Ok, eu vou então.
- então levanta...
Suspirei e pulei da cama.
- já levantei.
Desliguei o telefone e comecei a me arrumar. Peguei meu jeans mais escuro, e como não fazia ideia de onde estava meu uniforme, vesti uma regata preta e joguei minha jaqueta por cima. Fiz uma maquiagem bem leve. Peguei minha mochila e fui correndo para fora. Cheguei junto com o escolar.
- iai - cumprimentei o motorista.
- oi Bia! Como foi as férias?
- tão boas quanto comer jiló.
Ele riu.
- eu gosto de jiló.
- eu não - disse com uma careta.
Ele continuou rindo e deu partida no ônibus.
Segui a procura do meu lugar preferido. Era a primeira a entrar no escolar então, sempre podia escolher o lugar. Sentei e coloquei meus fones de ouvido, a julgar pelo meu humor, achei justo colocar a musica "so what" da Pink.


De repente era amorWhere stories live. Discover now