Um livro na estante, um sentimento no coração

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Boa leitura amores ❤️

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Katsuki é o tipo de cara que se senta em uma cafeteria com um jornal em mãos e pede um café amargo com uns pãezinhos pequenos como acompanhamento. Muitas pessoas diriam que em pleno século vinte e um, isto soa como ser cafona e chato, mas não pra mim. Ele transmite um charme único na forma como se senta com uma postura relaxada e o cotovelo sobre a mesa, os dedos longos presos na xícara ainda quente pelo líquido presente nela, na forma como ele bebericava o café em pequenos goles enquanto conversava calmamente comigo. Ele é absurdamente lindo, e o sol beijando timidamente a sua bochecha alta e meio pálida, reluzindo nos fios loiros escuros, só colabora para deixá-lo ainda mais lindo. Me sinto como Anne admirando estupefato a beleza a sua volta, a diferença no meu caso é que a beleza do lugar está ofuscada por ele.

— Você é mesmo apaixonado por doces, não é mesmo?

Ele me questionou mais afirmando do que realmente perguntando, talvez o milkshake de morango com chocolate e os croissants recheados me entregaram.

— Talvez — Sorri pequeno para ele.

Eu realmente sou apaixonado por doces, tão louco que poderia passar o dia comendo vários e vários chocolates o dia todo, a semana toda, o mês inteiro, céus, sou mesmo uma formiga disfarçada de pessoa.

— Porque uma livraria?

Ele perguntou de repente, me fazendo pensar momentaneamente o porquê dessa pergunta, e me perguntar ainda mais a resposta para ela. Fui pego de surpresa por uma pergunta simples, porém ao mesmo tempo tão difícil.

— Ah, eu não sei explicar muito bem o porquê, sabe, as pessoas dizem que eu poderia ser literalmente qualquer coisa, mas ter uma livraria é bem mais do que ser só o dono dela, sabe? Eu gosto de ler as pessoas e entender os seus pensamentos só de olhar para os livros que elas estão escolhendo — Eu posso jurar que meus olhos estão brilhando enquanto conto para Katsuki aquilo que eu nunca havia dito a ninguém, não por ser um segredo que não posso dividir com outras pessoas, mas sim porque ele foi o único a me perguntar sobre — Eu amo ouvir as emoções que sentiram quando estavam lendo os livros, é uma sensação de estar completo, de sentir que fiz algo realmente útil que deixou alguém feliz, é muito bom entende? Faz com que eu me sinta mais próximo a elas, e-eu não sei se faz muito sentido, mas ler sempre me proporcionou aventuras das quais eu não precisava sair de casa para vivenciar, me tornou sonhador e desejoso em realizar todos esses sonhos, e eu apenas quis compartilhar isso com as pessoas, por isso uma livraria.

Katsuki me olhava de um jeito afiado e enigmático, e quanto mais tempo passavamos em um silêncio estranho e pesado, mais eu pensava que estava sendo um idiota que havia simplesmente falado demais, afinal eu sempre falo demais.

— São ótimos motivos, na verdade me faz repensar o porquê escolhi a carreira que estou seguindo — Ele me sondou com os olhos, como se esperasse que eu dissesse exatamente aquilo que ele queria ouvir.

A questão é que eu não sei o que ele quer ouvir.

— Você é historiador, ou só quer ser professor?

— Não, eu não teria paciência alguma para ensinar alguém, muito menos para passar o resto da minha vida estudando o passado, cara, eu admiro quem tem capacidade para isto, mas eu não tenho nenhuma! — Puxei um pouco mais do líquido gostoso e doce do copo já pela metade, sabotando o gosto do morango ao mesmo tempo que absorvia as palavras de Katsuki.

— Naquela semana você estava procurando alguns livros de história, então pensei que você tinha algum interesse no ramo.

— Não eram meus, eu estava procurando uns livros de pesquisa para uma amiga — Fiquei curioso para saber quem era a garota que o fez rodar a cidade atrás de livros tão difíceis de se achar, mas não cabia a mim e nem a minha curiosidade infinita perguntar a ele quem ela é ou o que ela é para ele.

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