Time Oblivion

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Tempo, o maior inimigo da humanidade. Cedo ou tarde ele alcançará todos nós, nos levando a morte. Ele nos lembra o quão frágil é nossa existência e o quão sofrível ela pode ser. Estamos fadados a isto, presos em seu fluxo imutável não importa o quanto tentamos ou o quanto lutamos, não podemos mudar nada. É assim que eu vivo. Preso ao presente, vivendo um momento que não importa o que eu faça... eu não posso muda-lo.

O som estritamente das metralhadoras cantando ecoava no galpão pouco iluminado, com alguns feixes da luz do sol escapando pelo teto esburacado. Eu estava escondido atrás de um pequeno muro com pouco mais de um metro de altura. O som dos disparo de repente parou. Rapidamente fiquei de pé enquanto apontava minha pistola glock .40, estava com 10 balas restantes de um total de 17. A cadência de tiros atinge 1,2 mil disparos por minuto, ou seja, 20 balas a cada segundo.

Eu então apertei o gatilho. O coice do disparo fez meu braço subir a um ângulo de 30° graus. A bala atravessou o galpão e acertou um dos nove caras escondidos atrás de sacos velhos de cimento - agora restam oito. O grito dele ecoou pelo galpão. Eu então voltei a agachar atrás do pequeno muro e as metralhadoras voltaram a cantar.

— Que droga! — rosnei.

De repente algo explodiu. O som estridente ecoou pelo galpão fazendo os tiros pararem. Elevei meu rosto alguns centímetros para fora do pequeno muro e vi que um jipe militar havia entrado no galpão, a grande porta de madeira atrás dele estava no chão.

De repente a porta do jipe abriu, alguém vestido com um poncho preto com um capuz sobre a cabeça saiu do veículo atirando com uma metralhadora. Os caras que antes me cercavam ainda estavam atordoados devido a explosão. Eles não tiveram chance. Um à um eles caíram mortos no chão empoeirado. A pessoa que estava vestida com o poncho preto então deu alguns passos em minha direção enquanto jogava o capuz para trás, revelando seu rosto. Um rapaz de cabelos loiros amarrados com um rabo de cavalo atrás da cabeça com uma cicatriz sobre o olho esquerdo que descia até o pescoço. Seu nome é...

— Mark! — eu disse aliviado.

— Rápido, não temos muito tempo! — ele gritou gesticulando com sua mão direita.

Fiquei de pé e corri na direção dele enquanto ele voltava para dentro do jipe. Passei pelos corpos dos soldados mortos e peguei uma de suas metralhadoras, além de munição extra. Eu então entrei no jipe. Mark fez a ré e saímos do galpão.

— Olha eu nunca fiquei tão feliz em ver um conhecido! — eu disse.

— Ah, não fode! — ele bufou enquanto manobrava o jipe para ficar de frente para estrada que seguia por uma floresta. — Se não fosse por você eu não estaria aqui! — ele pisou fundo no acelerador fazendo o jipe andar.

— O jeito que você fala faz parecer que fiz de propósito! — bufei.

De repente o vidro do retrovisor do lado que eu estava quebrou. — O quê?! — olhei para trás e vi mais dois jipes se aproximando.

— Eles não param de vir! — Mark reclamou fazendo o jipe sair da estrada e seguir pela floresta. O terreno irregular fez o jipe começar a sacudir. — Essa coisa em você deve ter algum tipo de rastreador!

— Um problema de cada vez, por favor! — eu disse.

Os disparos vindo dos outros jipes começaram a ficar mais e mais frenéticos.

— Você não pode usar aquilo de novo?

— Não! Não lembra o que aconteceu da última vez?

— Claro que não! Você é idiota? — a chuva de disparos então acertou uma das rodas traseiras do jipe, fazendo-o derrapar. Mark girava o volante loucamente tentando recuperar o controle, mas em vão. O jipe colidiu com uma árvore arremessando-o pelo para-brisa até ser empalado pela madeira pontiaguda árvore caída.

Um dos estilhaços do do para brisa cravou em meu pescoço espirrando sangue por todo jipe. Senti meu coração bater cada vez mais rápido enquanto minha visão começava a se tornar turva.

Aqueles que nos perseguiam então vieram até mim.

— Merda! — um deles rosnou. — Chamem um médico!

— É tarde de mais, senhor. Ele já perdeu muito sangue.

— O comitê não vai gostar disso. Merda, vá em frente e remova o dispositivo antes que o coração dele pare ou ficaremos presos.

— Preciso de uma faca, agora!

— Esta serve?

— Não, mas... vendo o estado dele, terá que ser essa mesmo.

Senti a lâmina fria da faca tocar minha pele, pressiona-la e por fim fura-la. O corte vertical foi da base do meu abdômen até abaixo da minha axila. Meu coração voltou a bater mais e mais rápido. Meus olhos então fitaram o relógio de bolso de Mark pendurado no painel o ponteiro dos segundos começou a ficar cada vez mais lento enquanto meu coração acelerava cada vez mais.

— Merda, ele está colapsando! Morfina! Preciso de morfina, rápido!

— Tire o dispositivo dele antes que o coração dele pare!

De repente o ponteiro dos segundos começou a correr em sentido contrário, as coisas ao meu redor, incluindo eu, começaram a literalmente rebobinar, como um vídeo sendo reproduzido de trás para frente. Em poucos segundos eu já estava bem e Mark no carro de novo. De repente imagens desconexas começaram a piscar em minha mente. Uma sala de operações, médicos, um bisturi me abrindo. Talvez memórias da primeira repetição, eu não sei e não importa mais. Foi a muito tempo.

Quando percebi eu estava no galpão de novo, voltando a posição inicial atrás do pequeno muro com pouco mais de um metro.

O Tempo é o maior inimigo da humanidade, meu maior inimigo. Cedo ou tarde ele tratará todos nós, nos levando a morte. Ele nos lembra o quão frágil é nossa existência e o quão sofrível ela pode ser. Estamos fadados a isto, presos em seu fluxo imutável não importa o quanto tentemos ou o quanto lutamos, não podemos mudar nada. É assim que eu vivo. Preso ao presente, vivendo um momento que não importa o que eu faça, não importa o quão bem lute... eu não posso muda-lo.

O som estritamente das metralhadoras cantando ecoava no galpão pouco iluminado, com alguns feixes da luz do sol escapando pelo teto esburacado. O som dos disparo de repente parou e rapidamente fiquei de pé enquanto apontava minha pistola glock .40.

E mais uma vez eu puxei o gatilho.

Outsid StorysWhere stories live. Discover now