𝑷𝒖𝒏𝒊𝒄̧𝒂̃𝒐

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Atenção!

   O capítulo a seguir contém gatilhos de abuso sexual e verbal, caso não se sinta confortável, é recomendado que não o leia.

❃❁❃

   Há trinta anos e onze meses atrás, Jenifer Hanson estava a caminho de casa, uma mansão afastada da cidade com um enorme celeiro e uma família problemática. Ela sempre voltava da escola a pé porque, quanto mais tempo der ao pai para sair de casa para o trabalho, menos teria que escutar de suas brigas entre ele e Íris.

   Todos os dias ela fazia o mesmo trajeto, mas um dia foi diferente, porque, em um dia, um homem que não era da cidade e que estava só de passagem, estava perdido.

   Ela tinha 14 anos, quase 15.

   Aquela idade que em que escutava de seus tios distantes a mesma frase besta e "brincalhona" que era mais ou menos assim: "14!? Não, não, você parece ter 16, talvez até 18, é muito matura para essa pouco idade, querida."

   Ele tinha quase o dobro.

   Aquela idade em que dizia coisas imbecis como: "Será que se eu assediar minha sobrinha, minha irmã acreditará nela ou em mim?"

— Menininha? - ele a chamou, parando o carro ao lado dela naquela estrada deserta - Poderia me informar a saída da cidade?

   Jenifer o encarou, ele a olhava de cima a baixo com intenções nada puras e que não a fazia se sentir tão bem assim. Ela olhou para trás e apontou, ignorando a sensação ruim em seu estômago.

— Volte para a bifurcação, pegue a outra saída e siga reto, não tem erro.

— Valeu, você é prestativa.

   Ela sorriu minimamente e voltou a caminhar, ele a acompanhou com o carro, e ao fazer isso, ela sentiu um arrepio percorrer por sua espinha.

— Quer uma carona?

— Não, obrigada.

— Tem certeza?

— Absoluta, já estou na porta de casa praticamente.

   Era mentira.

   De acordo com sua conta, faltava um quilômetro inteiro para chegar em casa. O homem parou o carro e desceu, sem pressa, Jenifer continuou a andar mais apressadamente.

— Vamos lá...

— Eu disse que não, mas obrigada.

   Ele não aceitou o não

   E a história seria diferente que Jenifer não estivesse de sandálias e rabo de cavalo, se sua mochila não estivesse para trás e se tivesse um mísero conhecimento sobre auto defesa.

   Porque ali, bem alí na estrada, no meio de árvores, concreto e árvores, ele a agarrou por trás, tampou sua boca para que seu grito não fosse ouvido e a jogou dentro do carro, no banco de trás.

   E ela contou sua vida a partir dali até 10.

   1... Ele bateu na minha cabeça com tanta força que fiquei zonza.

   2... Ele levantou minha blusa até quase tirá-la.

   3... Ele levantou minha saia acima do abdômen.

   4... Algo doeu, doeu muito mesmo.

   5... Minha cabeça batia na porta do carro com certa constância.

A Vista Que Duskwood TemOnde histórias criam vida. Descubra agora