A Vista Que Duskwood Tem

α єτєяиι∂α∂є

   Esse cap aqui é só um extra pra ninguém chorar... ;) Hehe.

❃❁❃

  Foram três anos e seis meses.

   Três anos e seis meses morando em um presídio feminino no Brasil porque a imunidade diplomática existia mesmo. Sofia pagou o que devia, por mais que tivesse sido pouco.

   O sol estava brilhando no Rio quando os portões foram abertos e Sofia saiu de lá de cabeça erguida e um sorriso no rosto. Ela estava livre e poderia finalmente viver sem o peso do rancor no peito.

   O barulho dos sapatos no chão de cascalho a divertia. Ela se sentia viva, ironicamente grata e surpreendentemente em paz.

— Hey, você! - ela escutou uma voz a chamar, carregada de sotaque em um tom de voz que ela conhecia muito bem.

   Sofia se virou para o lado e, escorado na porta do passageiro de um carro preto, Jake Donfort sorria para ela vestindo o mesmo estilo de roupa de seu primeiro encontro. Era inverno e ele estava lindo com o cabelo médio, as bochechas vermelhas por causa do sol e a pele bronzeada apesar do clima. Ela perdeu o fôlego ao vê-lo.

   Sempre seria assim.

— O que está fazendo aqui? - ela perguntou, se aproximando.

— É assim que você cumprimenta seus velhos amigos, gatinha? - disse em português, arrancando dela uma risada verdadeira.

   Sofia percebeu, apesar do sorriso em seu rosto, havia algo de errado com seu bom humor.

— Gatinha!? - ela parou na frente dele, havia meio metro entre os dois.

— Jean e eu somos amigos, ele me ensinou algumas coisas.

   Ela sorriu

   Ele sorriu

   E o silêncio dominou o ambiente de tal forma até as linhas contentes em seus rostos esvair. Sofia olhou para os próprios pés, o cabelo cheio e armado se movendo junto e cobrindo suas feições estranhas.

   Ele não deveria estar alí.

   Sofia estava esperando por outra coisa, se passaram quase quatro anos desde que foi presa no chalé, desde que deu a Jake sua carta de alforria. 

— O que tá fazendo aqui, Ivan?

— Tô aqui por você. - respondeu ele, os braços ainda cruzados e se segurando internamente para não agarra-la ali mesmo.

   Sofia ergueu o rosto e sorriu.

— Não levou a sério o conteúdo na carta? E o seu amor épico, Donfort?

— Sejamos sinceros, Sofia, o conteúdo daquela carta foi feito para convencer seus amigos e minhas irmãs.

   Ela sorriu indulgente, revirando os olhos e o fazendo se sentir nostálgico com seu modo de ser e sua zombaria natural. Algumas coisas não mudam, nunca, e Jake ficou extremamente feliz ao descobrir que aquela faceta de sua amada Sofia não havia sido modificada.

— Eu não queria mesmo que você se apaixonasse por outra pessoa... - ela disse, balançando sobre seus pés e o fazendo soltar um riso de escárnio.

— Qual é, Sofia, - ele descruzou os braços, indignado - há 13 anos sou apaixonado por você, quase 14. Você sabe disso.

— Eu sei... Mas não queria o meio irmão da garota que matou minha mãe na minha vida.

— Você era uma adulta chata.