Capítulo 5

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Depois de limpar-se, Eris pediu para que Lyra aguardasse do lado de fora da sala de jantar. Quando chegasse a hora ele pediria para a chamarem. Precisava... preparar o terreno para falar com sua família antes.

Isso de um jeito ou de outro acabaria muito mal. Pensou.

Ao adentrar o aposento, todos já se encontravam à mesa, comendo em silêncio como era de praxe na Outonal. As refeições por lá se revezavam entre silêncio absoluto ou discussões fervorosas na qual geralmente alguém saía punido. Eris ainda preferia a primeira opção.

Sua mãe estava sentada à sua esquerda e a direita de Eris a cadeira estava vazia. Beron bebia de um chá na ponta, enquanto seus outros irmãos estavam do outro lado da mesa.

Ele estava muito nervoso por dentro, mas sabia como disfarçar suas emoções. Foram séculos morando ali, aprimorando. Ele não aguentava mais segurar.

- Onde esteve essa noite Eris? Beron perguntou sem nem olhar para o filho. – Me disseram que chegou hoje de carruagem ao amanhecer.

Beron era sagaz. Nada escapava de seu conhecimento na Corte. Ou até agora, quase nada.

- Sim, eu... fui buscar uma convidada.

- ConvidadA? Um de seus irmãos se intrometeu. – Só uma? Completou malicioso.

- Alguém que conhecemos filho? Disse a Grã Senhora da Corte Outonal em um tom maternal.

Pelo Caldeirão, pensou Eris. Sua mãe era tudo em sua vida. Tão doce e amorosa, ela merecia muito, muito mais do que ter uma vida medíocre pregada ao lado de seu pai. Se ao menos todos fossem como ela por aqui, a Corte Outonal poderia chegar a parecer um pouco mais como um lar, ao invés do inferno.

- Não. Não é ninguém de quem já ouviram falar. Eris tenta medir suas palavras.

- E por que a trouxe? Seu outro irmão pergunta. - Não quer dividir não é mesmo?

Eris grunhe de raiva mas se prepara para o que vai dizer.

- Mandem-na entrar. Ele ordena aos guardas.

No momento em que as portas do salão se abrem e Lyra entra, toda a família pára de comer imediatamente e a encaram muito chocados. Beron pára de bebericar seu chá e olha para Eris com os olhos fervilhando.

- Essa fêmea está grávida. A mãe diz para ninguém em específico.

- E ela tem seu cheiro. Beron diz duramente sem tirar o olho da garota.

Eris se levanta e fica ao lado de Lyra. A mesma encara todos de volta, como se fosse pegar um garfo da mesa e se proteger de qualquer ataque.

- Ela está grávida de um filho meu. Seu primeiro neto, pai, mãe.

A Grã senhora engole em seco, com seus olhos marejados. Eris pôde ver que mesmo com a relutância de todos, ela estava feliz. Era de se esperar.

Porém, seu pai olhava da fêmea para seu filho. Quase sem palavras. Quase.

- Excelente Eris, vejo que as milhares de vezes que te falei para usar a cabeça ao invés do pau não serviram de nada.

Os irmãos mais novos de Eris não contém o risinho e sua mãe os fita os avertendo.

- Beron, não fale assim. A Grã feérica pede com a voz baixa.

O Grão Senhor passa seu olhar de Lyra para sua esposa, que em seguida desvia o olhar ríspido do marido.

- Se tivesse educado seu filho da mesma maneira que eu, com o pulso firme ao invés de ser uma fêmea sentimental não estaríamos tendo esse desgosto. Ele cospe suas palavras ao olhá-la com desdém. 

Corte de Lâminas e Fogo (ACOTAR - ERIS)Onde histórias criam vida. Descubra agora