Capítulo: 13

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Donatello Narrando

Acordei com meu celular tocando. Para minha sorte, coloco o alarme para repetir a semana inteira. Esfreguei meus olhos, ainda estava deitado em cima de Ben que dormia pesadamente, dei uma leve sacudida nele que acabou acordando.

- você dormiu aqui ?- perguntei franzindo o cenho

- ah, me desculpa, acho que acabei pegando no sono

- tomara que ninguém tenha visto - falei dando um meio sorriso

- acho que não. Mas por que está com medo de alguém ter visto ? - perguntou coçando os olhos

- eu estava deitado em seu peito, e você estava com o braço envolta de mim. Aos olhos do meu pai, da Leninha ou do Maurício, isso seria assédio

- bom, vamos parar de conversar, você tem que tomar banho para ir para a escola- disse mudando de assunto e se levantando rapidamente da cama

- vamos escovar os dentes primeiro. Tem uma escova reserva no armário do meu banheiro - disse sorrindo

Ben me pegou no colo em estilo noiva, me colocou na cadeira de rodas e empurrou a mesma para dentro do banheiro. Dava para perceber que ele estava estranho, não sei se foi por conta do que eu disse, ou se está apenas com medo de alguém ter nos visto dormindo.

Peguei a escova, coloquei pasta nela, e levei até meus dentes fazendo o movimento. Depois que houve o acidente e meu pai soube que eu ficaria paraplégico, ele acabou adaptando o banheiro para mim, então a minha pia era meramente baixa, o que falicitava nas minhas higienes matinais diárias.

Após alguns minutos, saímos os dois do banheiro. Ben não falava nada, acho que ele estava muito pensativo com relação a noite anterior. Nesse momento a porta do meu quarto e aberta e meu pai aparece nela.

- ah Ben, estava te procurando. Bom, desça o Dony para tomar café, e enquanto isso, venha até meu escritório, preciso esclarecer algumas coisas com você- disse sorrindo

- esclarecer o que pai ?- perguntei encarando ele

- papo de adulto - falou fechando a porta

Ben estava com as mãos tremendo, dava para perceber que ele tinha ficado extremamente assustado quando meu pai lhe chamou em seu escritório.

- relaxa. Quando ele chama assim, deve ser apenas para esclarecer coisas sobre o trabalho de babá- disse tentando acalmar o homem

- não estou com medo do seu pai, apenas nervoso com essa conversa - disse fazendo aspas com os dedos

- ah sim, sei - falei revirando os olhos

Ele me pegou no colo novamente e descemos as escadas, Ben me colocou sentado no sofá, e logo desceu com a cadeira de rodas. Mais uma vez ele me pegou em seu colo e me colocou sentado na cadeira da cozinha.

- bom dia Leninha- disse dando um sorriso extremamente grande

- bom dia Dony

- Leninha, o senhor Johnson me chamou em seu escritório, pode olhar o Dony por um tempo ?- perguntou encarando a mulher

- pode ir lá

Ben saiu da cozinha deixando apenas eu e Leninha. A mulher se virou para a pia e comecei a cortar algumas folhas de coentro.

- Leni, o que será que meu pai quer falar com o Ben ?- perguntei curioso

- ele disse que tem que esclarecer ao garoto sobre as folgas, parece que ele esqueceu de falar

- ah entendi - falei aliviado

- Dony, posso te perguntar algo ?- perguntou se virando e me vendo afirmar positivamente com a cabeça- você confia no Ben ?

- Leni, ele é meu babá, e já tem dois ou três dias que ele está cuidando de mim. Tenho que dar um voto de confiança para ele, mas por que a pergunta ?

- você sabe. Com as outras babás, foram a mesma coisa, você depositou toda a sua confiança nelas, e por fim acabaram.....- parou de falar assim que interrompi

- Ben é diferente daquelas mulheres. Acho que nunca abusaria de mim - disse franzindo o cenho

- me desculpe, e que as coisas estão indo muito depressa. E aquela cena que eu vi no seu quarto, acabou me deixando pirada

- o que você viu Leni ?- perguntei arqueando a sobrancelha direita

Meu coração havia começado a acelerar,  sabia que se Leninha tivesse me visto dormindo no peito de Ben, a essa altura do campeonato, ele já deveria ter contado ao meu pai.

- você estava dormindo no peito do Ben, e ele estava com a mão envolta do seu corpo

- ele estava lendo para mim, e acabou pegando no sono. Acho que eu deitei no peito dele de madrugada, foram reflexos do cérebro- falei revirando os olhos

- sim, foi exatamente o que eu pensei, por isso não falei nada com seu pai. Mas Dony,  você não pode de jeito nenhum se apaixonar por ele, se isso acontecer você deve saber que pode acabar com os planos de vida dele literalmente

- como sabe da minha sexualidade ?- perguntei arregalando os olhos

- meu garoto, não sei se você se lembra, mas eu sou uma boa observadora. Com as outras babás você agia diferente, nem sequer deixavam te dar banho, já com ele, e diferente, ele te dá banho, te carrega no colo para qualquer canto. Apenas não percebe quem não quer

- eu não sei direito o que estou sentindo. Minha cabeça as vezes me confunde em relação a relacionamentos, seja eles de amizade ou amoroso - falei olhando para meus pés

- isso é comum entre os adolescentes. Mas você vai ver, uma hora ou outra, algo vai te dizer se é paixão ou apenas amizade. Mas procure por alguém da mesma idade que você, como as outras pessoas dizem, apenas um novo amor pode mascarar o outro - falou colocando uma xícara na mesa e enchendo a mesma com café

Não respondi nada mais, sabia que se eu continuasse persistindo naquela conversa, não iria surgir assuntos bons. Logo Ben entra na cozinha e se senta ao meu lado.

- então, como foi a conversa ?- perguntei curioso

- foi legal, seu pai me chamou para me dar um dia de folga, já que hoje também é a folga dele, e acho que ele quer passar um pouco de tempo com você

- aff, justo numa segunda-feira, meu pai acha de te dar folga, não poderia deixar chegar logo o domingo

- não se preocupe, é apenas hoje, amanhã estarei de volta- disse colocando a mão em meu ombro

- então imagino que vai apenas me deixar na porta da escola ?- perguntei encarando ele com cara de cachorro que caiu da mudança

- sim, seu pai pediu que eu te acompanhasse junto com o Maurício, e de lá, eu já fosse diretamente para a casa dos meus pais

Tomamos café, e mais nenhum assunto saia da parte de ninguém. Após terminar a refeição, Ben subiu em meu quarto e pegou minha mochila, saímos da casa e encontramos com Maurício na garagem.

- bom dia patrãozinho

- bom dia Maurício, somente você para estar com esse ânimo a essa hora da manhã- disse dando um leve gargalhada

- temos que trabalhar animado patrãozinho- falou sorrindo e abrindo a porta do carro

Ben me pegou no colo e me colocou no banco traseiro do carro, ele colocou a cadeira de rodas no porta malas e logo se sentou ao meu lado. Maurício deu partida e saímos da mansão Johnson.

Após alguns quilômetros de estrada, chegamos em frente a minha escola, Ben desceu do carro e pegou a cadeira, e logo me colocou sentado nela, me empurrou até a porta de entrada e sorrindo se abaixou ao meu lado.

- vou usar meu dia de folga para tentar entender meus sentimentos confusos. Logo você terá uma resposta sobre isso - disse sorrindo

- até amanhã Ben

- até amanhã pequeno- falou me encarando sorridente

O homem entrou no carro, e logo Maurício saiu dali, me deixando sozinho na porta da escola.

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