A Estrangeira

Capítulo 2

A Baronesa subiu as escadas mais depressa, não imaginava ser questionada pelo filho, mas preferiu não mentir a respeito dos homens que acabara de sair.

Ela sabia que o momento de contar toda a verdade estava por vir, a Baronesa encostou na porta de seu quarto ao fechar e foi descendo junto com as lágrimas que teimam em rolar. Seus sentimentos em relação aquele amor do passado ainda estavam presentes em seu coração, mas a dor do abandono lhe atormentou por anos.

- Jurei nunca mais chorar por você seu miserável libertino. - Foi quando levou seu pensamento à Rodolpho, mas que de imediato um vento sem explicação fez a janela bater levantando as cortinas. Levantou-se de imediato rapidamente e quando se aproximou para fechar a janela, uma brisa leve bateu em seu rosto como um carinho, e sentiu o perfume amadeirado idêntico ao que seu amado usava.

- Será que estou ficando louca? - Rodolpho é você?
A Baronesa começou a andar de um lado para outro como quem procura algo, cambaleou se apoiando em sua penteadeira. Uma vertigem fez com ela jogasse tudo ao chão, ao ouvir o barulho Noah entrou no quarto de sua mãe desesperado.

- Mamãe, o que houve, se sentiu mal? - Seu filho a colocava na cama.

- Tive uma vertigem, não se preocupe. -Disse, elevando uma das mãos.

- Mande chamar o médico Meire,  e vá depressa mamãe não está bem. - Pediu à criada que também correu para ver o que tinha acontecido a sua senhora.

- Estou bem, Noah. - disse para despreocupar seu filho.

- Ah,  mamãe a senhora é muito teimosa, precisa se cuidar; só temos um ao outro, não posso lhe perder, aceita de bom grado a vinda do médico? -Deslizando os dedos levemente na face da mãe.

- Se vai lhe deixar mais tranquilo, eu aceito. – Aceitou de pronto. Assentiu com um sorriso.

A Baronesa abraçou o filho e começou a balbuciar algumas frases que Noah achou estranho.

- ê Conforme você crescia, eu o encontrava cada vez mais em sua figura, agora vá eu preciso descansar. – Sua voz foi sumindo, como quem está sedada

- Descanse Mamãe, eu vou estar por perto caso precise de algo. - Deu um Beijo na testa da mãe e antes que fechasse a porta olhou para ela que parecia estar mais tranquila, entre alguns pertences que havia caído no chão ele pode avistar uma fotografia. Era sua mãe e incrivelmente um homem muito parecido com ele e no verso da foto uma dedicatória. " FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA FLOR DO DESERTO, RODOLPHO LAMARTINE. " - Este homem não é o papai. Olhou mais uma vez para a mãe, viu que ela estava de olhos fechados, colocou a foto no bolso e saiu do quarto com os pensamentos embaralhados. Ele percebia muitas atitudes estranhas na mãe,  queria perguntar, mas não tinha coragem.

Noah era um rapaz muito responsável, dedicado e bem educado. Poderia ser dado muitos adjetivos a esse rapaz,. Foi criado com muito amor pela Baronesa e o Barão de Bath, nunca ousaram falar da família  que o Barão constitui, mesmo com idade avançada, afinal ele era um homem respeitado em toda realeza, sempre foi fiel aos assuntos relacionados à coroa. Por isso Noah nunca desconfiou de sua paternidade até aquela manhã. Ele descia as escadas quando ouviu a sineta da porta principal tocar por mais de três vezes seguidas. Como estava a caminho ele dispensou o mordomo q e abriu a imensa e luxuosa porta da mansão.

- Tia Margo,  que maravilha ter tê-la conosco!

- Como você está tão, tão... – Ela gaguejou.  Fazia alguns anos que não se viam, sempre ocupada com os afazeres. Agora que vendeu o cabaré, veio para estar mais perto a pedido da Baronesa, no entanto foi surpreendida.

- Parecido com esse homem da foto  que está com  a mamãe? - Margot arregalou os olhos como se quem denuncia saber algo.

- Não se preocupe, tia, não vou mais lhe perguntar nada, esperarei a mamãe acordar para ter uma conversa a respeito de muitas atitudes estranhas. Estava com muitas saudades.

- Sua mãe está dormindo, está doente? – Admirou-se.

- Ela teve um mal estar e está descansando, mas me diga, ficará conosco por mais tempo que a última vez não é mesmo? - depositando um beijo em seu rosto.

- Sua mãe não lhe contou? Vou morar com vocês, vendi os negócios em Londres e vou me instalar na mansão da Baronesa de Bath. – Fez uma reverência bem humorada.

- Fico muito feliz Tia Margot, a mamãe está muito esquisita após a morte do papai, tenho visto ela muito misteriosa. Hoje mesmo cruzei com dois homens na qual ela me disse que eram detetives, em seguida passou mal, falou palavras sem nexo. - Passou a mão nos cabelos como quem quer espantar os pensamentos.

- Meu querido, tenha paciência com sua mãe, vou conversar com ela. Existem muitas coisas a serem ditas a você, mas não posso lhe contar nada, sua mãe saberá o momento exato. O Barão, que Deus o tenha, deu todo amor, proteção e muito conforto a vocês, não direi que isso basta, mas tenha calma cuide de sua mãe, ela vai precisar do seu apoio, a vida toda me preparei para esse momento. Por isso estou aqui.

O almoço havia sido anunciado pelo mordomo, Noah acompanhou Margot e enquanto almoçavam falavam das novidades de Londres, algumas fofocas dos salões entre outros assuntos da realeza.

– Me diga meu querido, agora que já está na idade de dar um rumo em sua vida, o que planeja para seu futuro? – Perguntou contemplando a mesa tão bem posta.

  – Desejo fazer engenharia,  tenho paixão por essa profissão, minha tia.

– Pensei que seguiria os passos de seu pai na coroa, você sabe que era o sonho dele.

- Como disse: era o sonho dele,. Tenho muito respeito e admiração por meu pai, sinto muito sua falta. Inclusive depois de sua morte estive pensando,  papai tinha muito amor por nós, sentia sua dedicação,  mas estranhava seu comportamento com a mamãe, não dormiam no mesmo quarto porém, eram harmoniosos. Nunca questionei , por respeito ao dois, tia Margot. – Ela o interrompeu.

– Jamais duvide do amor que o Barão e a Baronesa tem por você, sua mãe lhe quis no mesmo momento em que soube da sua chegada,  você foi gerado com muito amor. O momento da Baronesa lhe esclarecer várias coisas chegou  eu lhe garanto, não tenha pressa. – Margot o encarou nos olhos.

– Gostaria de firmar mais minha cabeça nos estudos,  mas percebo uma tensão,  ansiedade na mamãe, algo que lhe perturba, ela não confia em mim,tia. – Seu semblante era pesado diante de tantas dúvidas e perguntas sem resposta.

  Eles haviam terminado o almoço, e caminhavam em direção ao salão principal, agora conversavam sobre assuntos mais leves.

Scarlett dormia um sono profundo e no sonho, caminhava em um bosque florido, seu vestido claro acentua um belíssimo decote, enquanto se protege com sua sombrinha  com seu deslumbrante vestido, quando ouve alguém lhe chamar.

- Scarlett, - Scarlett, estou aqui. - Ela não conseguia vê-lo.

- Rodolpho é você? - Ela rodopiava para todos os lados

- Não quero que me veja assim.

Scarlett começou a sentir seu perfume e foi em direção a uma árvore. - Rodolpho, por que está escondido?

- Perdoe-me?  Só preciso do seu perdão para ficar em paz.

- Nunca, Jurei que vou me vingar, em breve partirei para a França e todos saberão que tive um filho seu, você jamais se importou, nunca mais voltou para nos ver, nem ao menos nos escreveu; estaria perdida se não fosse o Barão a me dar um nome. Sou uma mulher poderosa e rica, me vingarei de todos a seu redor.

- Eu não pude voltar. - Rodolpho saiu de trás da árvore com a mão estendida para a  Baronesa e seu peito jorrava sangue.

Ao ver aquela cena Scarlett gritou apavorada.
– aaaaaaaaahhh...

Noah subiu as escadas desesperado, logo atrás veio Margot.

- Mamãe, o que aconteceu?

- Tive um pesadelo, venha me abrace. - Ela abraçava o filho e segurava a mão da sua velha amiga e confidente, de repente Margot se juntou a eles em um abraço coletivo.

  – Estamos aqui, minha querida, nenhum pesadelo vai atormentá-la mais.
– Margot, você veio minha querida!! Abrace-me, sua presença me traz calmaria. – Permaneceram abraçadas por alguns instantes.
  – A senhora está bem mamãe?
– Me sinto mais confortável com a presença de sua tia.
– Sendo assim,  peço permissão para me retirar e deixá-las à vontade, mamãe,  titia. – com  elegante comprimento se retirou.