Traição Part.2

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A noite caía muito rapidamente sobre os edifícios de Bangkok. Naquele instante a casa da primeira família estava movimentada como poucas vezes em semanas. Guardas entravam e saiam da mansão a todo instante levando e trazendo informações para a família, em especial para Kinn Theerapanyakul. A chegada de Vegas e os garotos à mansão havia alterado a família, que embora soubessem que a situação já estava sob controle, não deixaram de estarem alertas.

Não era todo dia que conflitos diretos aconteciam. De qualquer forma, havia sido uma tentativa de matar o herdeiro da família Theerapanyakul em plena rua. Era uma estupidez sem tamanho, e haveria graves consequências.

A segunda maior sala de jantar estava ocupada pela família e alguns aliados de Kinn. A reunião já durava mais de três horas, e enquanto pessoas chegavam e iam sem parar, Prapay e Phayu esperavam no saguão da sala de jantar. Havia três poltronas, uma estante de livros, um aquário e aqueles vasos chineses que deviam estar ali a gerações.

O silêncio dava espaço para as vozes alteradas na sala ao lado.

Prapay resmungou baixinho enquanto seu tio Pete aplicava remédio novamente na ferida exposta no seu supercílio. Havia feridas superficiais e roxas em toda parte e o garoto tinha medo de se olhar no espelho naquele instante, sabia que devia estar um lixo.

Os hematomas no rosto e o terno rasgado haviam rendido um olhar de preocupação por parte do seu pai Porsche e um silêncio profundo do seu pai Kinn. Prapay não gostava de deixar seu pai preocupado, mas era o silêncio oque mais lhe incomodava. Nunca havia causado problemas a família, no máximo saia pra beber e se divertir. Não era novidade chegar com alguns hematomas depois de entrar em uma briga ou outra, mas aquilo com certeza não havia sido qualquer coisa.

Prapay não sabia muito bem o que pensar. Seu corpo doía ainda depois do banho, seus músculos queimavam. Mas sua cabeça era um turbilhão de pensamentos que iam e vinham a todo momento. O mais frequente deles era Sky. Sua mente estava nele a cada minuto. Mesmo quando estava prestes a morrer, ainda pensava no garoto, queria protegê-lo de cada maldita coisa que pudesse tocá-lo. Pensar que seus últimos pensamentos seriam Sky e não sua família fez a culpa latejar em seu peito.

_. Acho que já está bom._. Pete depositou um curativo para cobrir a ferida e se afastou do sobrinho._. Nada grave, você vai sobreviver.

O ex policial colocou as coisas de volta na caixa de primeiro socorros e se afastou. Seu olhar preocupado vagava entre os dois garotos. Tanto Prapay quanto Phayu estavam quietos, pensativos.

Apesar de tão novos pareciam carregar um mundo nas costas. O mais velho ali suspirou. A máfia era um lugar que tirava o melhor das pessoas. A inocência, a confiança, a juventude, a liberdade. Era cruel.

_. Seu pai ficou muito preocupado com você.

Prapay se afastou dos seus pensamentos. Sorriu para o seu tio.

_. Obrigado._. Agradeceu pelos curativos._. Não queria preocupar Porsche.

Pete pensou em comentar que não se referia apenas a Porsche, mas se manteve quieto. Fez um carinho nos fios escuros do sobrinho e foi até Phayu.

_. Já consegui falar com o pequeno Rain?

Phayu encolheu os ombros.

_. Vou ligar para ele mais tarde.

A porta da sala de jantar abriu interrompendo o dialogo. Um grupo de homens saiu do local sem muito alarde. Alguns Prapay não conhecia, mas conseguiu identificar alguns rostos conhecidos como Kamol o líder de uma máfia vizinha que estava passando uns dias na capital, Hia Lian o dono de um conjunto de casinos no país que captavam uma quantia anual bilionária, Leon o sócio de um conjunto de restaurantes de luxo em Bangkok e Tuy e seu filho Tod, donos de uma importadora de chá ultramilionária e um dos maiores traficantes de armas de Bangkok.

Os TheerapanyakulOnde histórias criam vida. Descubra agora