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Depois de um longo período de cansaço, suor e choro, consigo, finalmente terminar de organizar a casa.

Não era lá aquilo tudo, mas era o que o meu dinheiro poderia pagar.

Além da minha geladeira e armário, eu não tinha mais nada. Não tenho uma mesa para fazer minhas refeições, não tenho uma cama, ou sequer um guarda-roupa.

Depois de passar por vários lugares para chegar aqui em Detroit, o dinheiro que eu consegui foi para a passagem, e com muita luta consegui minha geladeira e armário.

O dinheiro que eu tenho é de emergência, para hospitais e aluguel. Eu não posso tocar nele, sem que seja necessário.

Consegui alugar essa casa por causa de uma mulher, que eu conheci há um tempo na última cidade que passei antes de chegar aqui. Se não fosse ela, eu estava perdida.

Agora depende de mim. Tenho sorte em ter um currículo bom. Mas não me importo, não tenho preferência. Eu só preciso sobreviver nesse lugar...

A luminosidade do lugar em que eu moro, não é das melhores. Já fiquei com certo medo ao ir até a janela.

Comprei trancas novas hoje quando sai para distribuir currículos. Coloquei nas portas e janelas.

Esse lugar não tem uma fama boa. Mas é isso que eu posso sustentar no momento.

Reparei que aqui ao lado tem uma pequena lanchonete, e o cheiro de coisas sendo fritas chamou muita atenção do meu estômago.

Saio de casa rapidamente, e logo estou entrando no estabelecimento.

— Bom dia! Poderia pegar duas coxinhas dessas para mim? E tem suco natural de quê?

Falo com uma senhora muito simpática que estava atrás do balcão.

— Bom dia, mocinha! Ok. Temos suco de laranja e Coca-Cola. Qual vai querer?

Suco natural de Coca-Cola.

Peço o suco de laranja e aguardo um pouco até ela colocar as coisas em minha frente.

Me sento em uma mesinha, e como rapidamente. Estava uma delícia.

Pago e me despeço da mulher, saindo.

O que eu faria agora?

Queria conhecer a cidade, mas eu estava com medo de andar por aí.

Eu também queria que o destino me permitisse, pelo menos descobrir se meu pai estava vivo...

Não sei muito sobre, só que seu nome é Jhon, e mora aqui. As únicas coisas que minha mãe me revelou.

Queria que ele soubesse da minha existência. Não sei se minha "mãe" chegou a contar. Tenho medo de somente ter sido abandonada por um pai.

Minha mãe nunca foi uma boa pessoa para mim, nem para ela mesmo. Sempre se mudando constantemente de casa, e de marido.

Isso nunca me fez bem. Principalmente com o atual marido dela.

Homem terrível.

Não gosto nem de lembrar. Me trás más sensações.

Sem menos ou mais, eu sou jogada contra o chão, com uma força absurda.

— Presta atenção por onde anda, vaca!

O quê?

O cara que passou por cima de mim como uma máquina, continua correndo, como se fugisse da polícia, enquanto eu tento me levantar.

Vejo que tenho arranhões e estou sentindo dor nas costas.

Ótimo! Bela recepção, Detroit!

—  Está tudo bem? – Surge uma voz grossa, vinda do além, me assustando.

Ave Maria. O que é isso?

Um homem, assustador, do tamanho de um armário está parado ao meu lado.

Observando ele, vejo que ele está com uma camisa preta, uma calça de moletom e um tênis preto. Acho que estava malhando, ou algo do tipo.

De coque samurai, olhos castanhos escuros e um olhar amedrontador, o homem continua me encarando.

— Está sim, obrigada.

Bato as mãos em meu traseiro, tentando amenizar a sujeira.

— Preste atenção na próxima vez.

Como é que é?

— Eu prestar atenção? Aqui não é pista de atletismo não, é uma calçada!

Pego meu celular no chão, vendo que estava com a tela trincada.

Ótimo. Maravilha!

Quando me dou conta, o homem já tinha se afastado e estava indo embora.

Que bom. O que tem de bonito, tem de mal educado.

Não só ele, como todas as outras pessoas que me viram estabanada no chão e não ajudaram.

Ele foi o único que fez questão de perguntar se eu estava bem.

Volto para casa machucada e constrangida.

Ótimo primeiro dia!

Ótimo primeiro dia!

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Guerreiro GanaWhere stories live. Discover now