prólogo

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D A P H N E

Eu estava devastada, de fato era um péssimo dia para mim. Lágrimas desgovernadas deixavam meus olhos sem que eu pudesse as controlar. Era o enterro de minha mãe, minha mãe foi brutalmente assassinada por meu pai, em mais uma de suas brigas e até que seu coração parou depois de tanto apanhar. Ela lutou durante vinte anos, vinte malditos anos, aguentando humilhações e vivendo uma vida miserável.

Eu me sentia culpada, eu sabia que ela estava com meu pai apenas por não ter coragem de sair sem rumo com uma filha nos braços, ela havia largado tudo para se casar com meu pai, enfrentou minha avó e bom, no final, minha avó estava totalmente certa.

Apertei meus braços sentindo o vento bater em minha pele, me arrepiando. Meus olhos ardiam, eu sentia o mesmo desespero de quando recebi a notícia de que eu havia perdido a minha mãe, me sentia totalmente perdida, eu estava com medo, com medo de voltar para casa e encontrar meu pai bêbado.

Limpei meu rosto enquanto caminhava para casa, era impossível descrever em palavras o que eu estava sentindo.

Encarei o portão de minha casa sentindo um pressentimento ruim, senti um aperto em meu peito, ao ver a porta levemente aberta. Eu estava preferindo que fossem ladrões do que meu pai.

Empurrei o portão e em passos lentos me direcionei até a porta, lentamente a abri vendo que minha casa estava totalmente bagunçada, móveis revirados e cacos de vidro por todo o chão, retrados quebrados e fotos rasgadas com manchas de sangue pintando a parede.

Olhei ao meu redor não vendo ninguém, eu estava mal o suficiente para não ligar para a desgovernânça que minha casa se encontrava, tudo o que eu queria fazer era deitar-me e chorar até que não houvesse mais água em meu corpo.

Passei minhas mãos pelo meu rosto abaixando a cabeça e sentindo a exaustão em meu corpo. Ouvi certos gritos começarem a aparecer vindo do quarto de meus pais, senti novamente o aperto em meu peito.

    - Onde ela está?! - pude ouvir um grito alto ao começar a me aproximar do quarto, eu não queria que me visse, eu precisava sair dali.

Em passos delicados e lentos me direcionei até o quarto de meus pais, vendo a porta levemente aberta, igualmente a porta da entrada.

    - Eu não sei. - era a voz de meu pai, sua voz estava fraca.

    - Você sabe o que queremos, diga onde Daphne está! - uma voz muito mais grossa gritou, sua voz facilmente poderia ser ouvida na casa inteira.

Não contive minha curiosidade e me abaixei ao lado da porta, olhando pela fresta da porta. Meu pai estava jogado ao chão com dois homens enormes parados a sua frente, franzi a testa sabendo que não deveria deixar que eles me vissem.

    - Ou você cumpre com o combinado, ou então, você vai realmente nos conhecer. - combinado? Que sobre o que eles estavam discutindo?

Eu precisava sair dali, eu já passei por isso antes, sei que se ficar, provavelmente irá sobrar para mim. Engoli a minha curiosidade dando meia volta apertando minha mão, sentindo a adrenalina começar a dar sinais.

Ouvi um barulho alto, como se um vaso de vidro tivesse sido quebrado. Devido ao susto, enquanto eu descia os pequenos degraus, acabei tropeçando em meus próprios pés, fazendo com que meu corpo fosse jogado no chão.

Meus joelhos e meus cotovelos se chocaram contra o chão com mais força do que o resto do meu corpo. Não fiz barulho, a chance deles terem me ouvido é baixa, mas ainda era existente.

Seja Nossa - (LIVRO ÚNICO) -Onde as histórias ganham vida. Descobre agora