011.

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Tecna Regnum adorava a sensação de conforto que Alfea lhe trazia. Sempre havia sido daquela forma, desde o primeiro dia em que pisou naquele lugar.

A sensação de segurança.

Ela sempre sabia o que esperar. Das aulas, das broncas de Silva e Dowling, das discussões com Sky, dos treinos com Riven e das risadas com as garotas. Era bom ter uma rotina, algo na qual ela pudesse se prender.

Mas, naquele ano, a fada da tecnologia sentia como se tudo estivesse mudando, aos poucos - em apenas alguns dias. Toda sua certeza do que aconteceria, sua visão do lugar que chama de "casa".

A principal prova disso, era o pavor que acastanhada estava sentindo enquanto andava pelos corredores e pensava na possibilidade de trombar com Electronomo. Já estava com a cabeça cheia o suficiente e ter que vê-lo só pioraria as coisas em uma porcentagem absurda.

Após a discussão no refeitório, Tecna procurava por Riven, afim de chamá-lo para treinar um pouco e poder descontar sua frustração nos chutes. Era isso que ela fazia, afinal.

E, por mais que zoasse o garoto por sempre aparecer atrás de si, em momentos aleatórios, a Regnum admitia que gostava da companhia do especialista.

Quando estavam juntos, o ato de disputarem um contra o outro, por absolutamente qualquer coisa atoa, distraia sua mente.

Depois de mandar mensagens - não respondidas - e ligar algumas vezes - sem ser atendida, a fada da tecnologia decidiu que seria coerente a idéia de procurar pelo o amigo em seu dormitório, que dividia com Sky.

A coerência toda não demoraria ao ir embora. E, assim que tocou à porta duas vezes e viu a figura espantada do amigo na sua frente, Tecna teve essa certeza.

- Te liguei duas vezes - a garota disse, arqueando as sobrancelhas. - Quando é que você está ocupado o suficiente para me ignorar? Sabe, não é muito do seu feitio.

- Ah, me desculpe, estava meio enrolado e nem peguei meu celular ainda - Riven tratou de responder, passando uma das mãos entre os fios castanhos. Seu corpo impedia que a amiga pudesse olhar para o lado de dentro do quarto, o que também era muito estranho, levando em consideração que Tecna estava quase sempre por ali. - Posso ajudar?

A fada ignorou toda a estranheza.

- Pensei em te chamar para treinar comigo - explicou, dando de ombros. - Você não apareceu para o almoço e...

- Tec, eu até gostaria de ir com você, mas... - interrompeu o garoto, soando nervoso. - Hum, continuo meio ocupado, então, não vou poder. Mas, mais tarde eu vou estar livre, então...

- Okay - Tecna balançou a cabeça, rindo sem humor. - Não se preocupe, já estou indo embora.

Riven observou a especialista se retirar em passos largos, o peito se apertando por ser um idiota misterioso. De uma coisa a garota estava certa, ele não era do tipo que ignorava Tecna.

Na verdade, ele era do tipo que dizia "sim" para a amiga, sem nem mesmo escutar tudo que ela tinha à dizer. Era óbvio que ela estranharia sua atitude repentina de recusar suas ligações e ignorar suas mensagens.

- Finalmente - a voz feminina soou de dentro do quarto. O garoto suspirou, fechando a porta e virando-se para Beatrix, que sorria sacana. - Achei que ela fosse falar para sempre.

•••

- Fico muito contente de ser sua segunda opção - Sam disse, colocando uma das mãos sobre o peito.

Tecna Regnum e Sam Harvey encontravam-se sentados no chão do quarto do garoto, um amontoado de cartas jogadas entre os dois adolescentes. A fada da tecnologia riu, olhando para o amigo com cautela.

- Sabe que não é nada disso - se explicou. - Apenas precisava descontar minha raiva e não iria chamar você para isso, sabe que é o maior molengão que eu conheço.

O garoto arregalou os olhos.

- Isso era para fazer eu me sentir melhor? - perguntou, jogando uma das cartas na amiga, que riu alto. - Uau, você sabe como acabar com o ego de um cara.

- Essa é minha especialidade, Harvey - Tecna piscou, sorrindo. - Aliás, UNO.

Sam fez uma careta engraçada, jogando uma carta colorida com o "+4" estampada. A Regnum sentiu vontade de xingar o garoto, mas se contentou em apenas lançá-lo um olhar mortal.

- Aliás, como vai sua descoberta interior sobre seus sentimentos pelo Riven? - o Harvey questionou de repente, observando a mais baixa retirar suas quatro cartas do monte.

- Está brincando comigo? - retrucou a fada, vendo o amigo dar de ombros. - Qual, é? Eu nunca veria o Riv dessa forma.

- Aham, continue dizendo isso para si mesma, até conseguir acreditar - Sam continou, sorrindo irônico. Mas, antes que Tecna pudesse reclamar, o som de um toque de celular tocando soou.

O nome de Sky brilhou na tela do aparelho eletrônico, que estava depositado no chão ao lado dos jovens. A Regnum analisou o celular o suficiente para decidir ignorar o "irmão", desligando sem atendê-lo.

- Ele deve estar preocupado, Tec.

- Se estivesse preocupado, não teria deixado a namorada dele falar aquele tanto de merda - retrucou. - Sei que ele não manda nela, mas, fala sério! Quando sou eu, ele diz "para de provocar"... E, quando é ela sendo uma escrota, a única coisa que ele faz é dizer "Tec..." e ficar com aquela cara de idiota!

Sam assentiu, em silêncio.

- Okay - falou, gesticulando com uma das mãos. - Sei que não é o melhor momento, mas... UNO.

- Ah, que ódio!

••••••

𝐢. 𝐄𝐋𝐄𝐓𝐑𝐈𝐂 𝐋𝐎𝐕𝐄. ! ༉ 𝗿𝗶𝘃𝗲𝗻Where stories live. Discover now