| CAPÍTULO 26 |

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P.O.V JADE LANCELLOTI:
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    Organizar um casamento é uma loucura, eu não estava preparada para o tanto de coisa que estava por vir quando aceitei me casar. Achei que os organizadores faziam tudo sozinhos, mas quando se tratam de organizadores trabalhando para a elite da Cosa Nostra, eles querem saber o que acho até da posição do guardanapos do buffet.

    Respirei fundo pela quinta vez e expliquei para a chefe dos organizadores que não me importava se as toalhas de mesa tivessem cortes quadrados ou redondos. Ela balançou a cabeça, desanimada, e aceitou minha opinião inútil, saindo em seguida. O espaço de eventos, mesmo do tamanho de uma mansão, estava me sufocando, as pessoas estavam me sufocando. Peguei o celular (que ainda estou aprendendo a usar) e mandei mensagem para o Mattia.

Eu juro que se eu passar mais um minuto aqui irei enlouquecer e desistir do casamento. |

| Desse jeito você vai me assustar, amor. Já não basta eu não poder dormir com você hoje? Nem sequer acredito nisso de azar.

Temos que seguir as tradições… estou indo para casa, já chamei o Luca. Beijos. |

| Beijos, ruiva…

    Deixei avisado que fizessem o que quisessem. Minhas únicas ordens foram para deixar de lado flores vermelhas, eu queria flores brancas e amarelas, assim também foi com a escolha do meu vestido. Assim que saí do espaço, observei Luca ao lado dos seguranças proseando. Quando me viu, se despediu e veio até mim.

    — Você está bem, senhorita? — ele perguntou, e parecia não ter certeza se era o certo a se fazer.

    — Só estou cansada… esses dias organizando o casamento foram uma loucura — expliquei, acompanhando-o até o carro.

    — Pense pelo lado bom, já é amanhã — ele sorriu afável, sem mostrar os dentes.

    — Sim, já é amanhã — retribui o sorriso, sentindo uma pontada de tranquilidade.

    Entrei no carro e encostei minha cabeça no banco, me permitindo respirar fundo e fechar os olhos para cochilar durante a primeira vez no dia. Luca permitiu que eu descansasse, seguindo nosso caminho em silêncio. Ele estacionou em frente a minha casa e eu lhe dei boa noite, liberando-o para ir para a propriedade, onde ele mora com os demais seguranças particulares dos Cassano. Preguiçosamente, quando entrei, arrastei meus pés até o banheiro e liguei as torneiras da banheira, enchendo-a de água quente e espuma. Tirei as roupas jeans apertadas, sentindo meu corpo respirar livre junto a mim e entrei. Fiquei por volta de trinta minutos no banho.

    A doméstica que o Mattia contratou deixou uma lasanha de carne pronta para mim, esquentei tudo no micro-ondas e me sentei no balcão para comer, em silêncio absoluto. Foi bom o Mattia ter me presenteado com esse lugar, às vezes precisamos de espaço, de silêncio, de um refúgio. Era exatamente esse o objetivo e ele conseguiu alcançar perfeitamente. Quando terminei, fui até o jardim, me sentando na cadeira de balanço. Penso em como amanhã será um dia cheio, Melanie ficou encarregada de me levar para o SPA, de onde já sairei direto para igreja. Penso no depois, onde estarei de volta a casa do Mattia e serei sua mulher. Penso que não devo esquecer da sua parte sombria, penso que devo saber que por mais que ele se esforce para mantê-la oculta, ela sempre estará ali.

    De certa forma, todos temos um lado sombrio. Carregamos traumas que encontram seus próprios meios de autodefesa, encontram formas de não serem comparados com uma fraqueza, nos fazendo agir de maneira impensada e muitas vezes agressiva. Não sei o que eu seria capaz de fazer se alguém tentasse me tocar novamente sem minha permissão, por exemplo. Olho para o céu estrelado da Sicília, lembro que costumava ficar na sacada da minha antiga casa com meu pai, olhando as estrelas.

Paixão Sombria Where stories live. Discover now