O Plano Perfeito

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— Q-quem é você? — Me coloquei sutilmente na frente de Anastor para protegê-lo.

— Rundorn não falou de mim para você? Tsc. — O homem estalou a língua com uma exagerada decepção — Que falta de consideração. Nós somos família, crescemos na mesma casa, temos o mesmo sangue.  — Deu um passo para frente. — Mas ele sempre foi assim. Sempre gostou de guardar as melhores coisas só para ele.

— Não se aproxime! — Peguei a primeira coisa ao meu alcance e ameacei. O alicate deveria fazer algum estrago. — Não sei quem você é e não quero saber, quero que você e o outro invasor saiam daqui.

— Arisca... — Ele se virou e riu para mais dois homens que surgiam em suas costas, o que tinha levado um chute no saco me encarava com especial ira. — Eu gosto assim.

Usei o alicate para tentar cortar o arame que prendia os pulsos de Anastor com um movimento rápido.

— Mia, pare. — Anastor pediu quando um clique metálico e agourento preencheu o ar.

— ahm-ahm, nada disso. — Me virei lentamente para a arma que estava apontada na minha direção, meu sangue já tinha congelado dentro de mim. — Não é assim que vamos jogar, docinho, eu ainda nem falei as regras e você já está trapaceando.

— O que é que você quer? — Minha voz saiu irreconhecível, trêmula, rouca, distante. — O que quer de nós?

— O que eu quero? Bem... — Sacudiu a arma. — Vamos começar com você me dizendo onde o Rundorn está.

— Ele não está aqui.

— Isso eu já percebi, mas você vai me dizer onde ele está.

— Eu não sei onde ele está.

— Deixa eu fazer ela falar, Kleiton, a filha da puta me deu um chute no saco, deixa eu ensinar a ela boas maneiras. — O homem cuspiu no chão.

Kleiton ponderou o pedido.

— Não... não tem graça se ele não estiver aqui para ver. — Se voltou para mim com falsa bondade. — Vamos... Mia? Vamos... eu sei que pode me ajudar, me diga onde ele está e isso acaba, você não tem nada a ver com essa história, isso é entre mim e Rundorn, você diz onde ele está e vou embora, deixo vocês em paz.

— Eu já disse que não sei onde ele está, seu cretino!

— Eu vou estourar os seus miólos e vou rir enquanto arranco suas tripas sua puta desgraçada! — Kleiton me alcançou e me prendeu pelos cabelos para esfregar o cano da arma na minha têmpora. — Eu vou matar um por um desta cidade até encontrá-lo. Vou torturar você até me que implore para te matar.

— Por favor, eu já disse que não sei onde ele está.  — Meus olhos arderam enquanto eu tentava me manter de pé — Eu estou falando a verdade.

— Ele foi embora! — Anastor tossiu, apavorado. — Ele estava dormindo no quarto lá de cima, você mesmo pode ir lá ver. Está vazio! Ele foi embora hoje cedo! Pelo amor de Deus!

Kleiton afrouxou o aperto e meu couro cabeludo sentiu o alívio. Seu olhar para o homem atrás dele era indecifrável.

— Está vazio, eu mesmo vi — o homem respondeu.

— Ele sabia que a gente estava vindo? — Kleiton perguntou.

— Pouco provável, o plano foi perfeito, não tinha como ele saber, pode só ter preferido ir para outro lugar como sempre. — Quem respondeu foi o terceiro homem, o cabelo desse era mais claro e o braços mais largos.

Kleiton raciocinou por longos segundos, decepcionado, como se tivesse chegado tarde demais para a festa. Quando se voltou para mim o aperto voltou a me machucar.

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