38 - Beijo

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O carro seguiu por um caminho onde não poderiamos segui-lo e isso pareceu deixar o Daryl bastante furioso.

Toquei no seu ombro. - Vem, acharemos abrigo essa noite e continuaremos amanhã.

Ele me olhou mas acabou por assentir.

Andámos pela cidade e de repente, lembrei de um lugar onde ninguém iria nos achar.

Entrei em um edifício grande, percorrendo os corredores, e entrei em um escritório apertado, ganhando um olhar suspeito do caipira.

- Já esteve aqui? - Perguntou.

Assenti, mordendo o lábio. - Já. Não por mim ou minha familia, mas por uma vizinha que ajudei. Vem.

Seguimos por um corredor e parámos em frente a uma porta. Respirei fundo e ergui o bastão, esperando que não estivesse ninguém do outro lado da porta.

Abri mas nada aconteceu, o quarto estava vazio.

Era um quarto pequeno, com uma única janela, e apenas um beliche.

Me aproximei da janela e indiquei a rua, que era exatamente aquela por onde o carro seguira.

- Como você sabia disso?

Me afastei, dando de ombros e coloquei o bastão na cama de cima. - Sabendo. A cama de cima é minha.

Daryl revirou os olhos e colocou a besta no chão, junto da cama.

- Isso é seguro?

Assenti. - Pode dormir de olhos fechados, Dixon. - Andei até chegar na janela e olhei a rua, a escuridão tomando conta da cidade. - Pela manhã teremos maior visibilidade, talvez até vejamos o carro.

Senti Daryl atrás de mim, mais perto do que era necessário e, quando ele se mexeu, senti sua mão roçando no meu braço.

- E se não virmos nada? - Perguntou.

Sorri, mas sentindo meu coração bater que nem louco no meu peito.

- Procuramos outro lugar alto. Lembrei de alguns.

Eu não entrara na prisão para gostar de alguém, mas acabara ficando, mas eu realmente nunca esperara sentir um sentimento de proteção tão grande em relação ao Daryl, até porque ele me odiava de verdade, no início. Mas era como eu dissera ao Hershel, Daryl me fazia sentir em casa, segura, e isso era impossível de acontecer. Pelo menos, desde o fim do mundo.

Girei, mas não esperava que ele estivesse logo ali. Afinal, Daryl estava ainda mais perto do que eu imaginei. Mas ele não se mexeu e eu olhei seu rosto, querendo adivinhar o que estava passando na sua mente, mas Daryl era uma pessoa extremamente difícil de decifrar.

Meus olhos voaram dos seus olhos para a sua boca, e mesmo assim ele permaneceu ali.

Não sei de onde veio tanta coragem, até porque ele poderia facilmente me parar  ou dar uma flechada na cabeça ou xingar até eu me sentir a pior pessoa do mundo, mas me coloquei na ponta dos pés e colei meus lábios nos dele.

Daryl permaneceu quieto, igual estátua,  pego de surpresa.

No meu caso, eu sentia minha barriga cheia de borboletas e meu coração ardia que nem o inferno, coisa que nunca acontecera antes.

Depois minha mente me puxou para a realidade: "Zoe, você está beijando o Dixon!" E me afastei.

Passei a mão pelo cabelo. - Eu... - Fechei os olhos. - Desculpa.

Queria sair dali, mas não podia e o quarto era ridiculamente pequeno, o que só tornava a presença dele mais imponente.

Passei por ele, meu ombro roçando no seu, e sentei na cama de baixo, apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo o rosto nas mãos.

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