Estranhos

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Dês de quando falar com Tanjirou se tornou tão difícil? Dês de quando olhar para o menor se tornou, de algum modo, doloroso? Tudo isso por conta de algumas informações não ditas.
Zenitsu não conseguia mais falar com Tanjirou normalmente. O Kamado também não queria falar com o louro.

– Espera, tudo isso só porque você não disse muito sobre você? O que é isso? Um filme clichê romântico onde o roteiro é ruim? – Uzui estava indignado. – Claro, ele deve ter ficado chateado por todos saberem disso menos ele. Mas não falar com você já é demais, não?

– Eu meio que entendo ele. Como você se sentiria se todos soubessem de coisas das meninas menos você?

– Bom... Eu ficaria chateado por ser o único a não saber... Ah! Então é isso. Entendi.

– Então. Ele deve estar chateado por causa disso. Ele não me olha nem cara mais...

– Talvez ele precise de um tempo pra pensar? Porque você precisa de um tempo pra pensar. Se colocar de volta aos eixos ou sei lá.

– É. Ah, o Kaigaku vai voltar pra casa esse fim de semana. Disse que quer um semestre de folga.

– Ele tá quase trancando essa faculdade, de novo. Mas esquece ele, vamos focar em você. Nesse fim de semana vai ter uma festa e você vai ir comigo!

– Ah não, eu quero ficar em casa! Tô deprimido demais pra festas.

– Por isso que você vai. Eu vou te buscar umas oito da noite, esteja avisado!

Zenitsu suspirou.

Tanjirou não estava tão diferente do loiro. O garoto estava deprimido também.

– Por que eu me incomodo tanto com isso? – Perguntou a si mesmo – Por quê eu sou amigo dele? Não... Eu disse pro Genya que talvez eu gostasse do Zenitsu mas... E ele? Não, calma! Eu tô perdendo o foco!

– Perdendo o foco de que? – Um rapaz sentou-se ao seu lado.

– Ah! – Kamado se assustou – Quem... É você?

– Gyuu Tomioka.

– Oh, prazer! Me chamo Kamado Tanjirou. – Comprimentos o outro.

– Então, se me permite, no que estava pensando  tanto que não podia perder o foco?

– Ah é que...
[...]

Tanjirou contou tudo ao maior do seu lado,este que ouviu atentamente cada palavra sem nem esboçar uma reação.

– Então o maior problema aqui é a falta de informação? Tá abalado por isso?

– Sim, eu acho... – Respondeu o mais novo.

– Talvez vocês precisem conversar. Aconteceu comigo.

Kamado o olhou surpreso, queria saber dessa história mesmo não conhecendo Gyuu.

– Pode me contar...? – Perguntou um tanto hesitante.

– Claro. – Respondeu – Eu tinha a sua idade quando conheci meu namorado. Eu comecei a gostar dele durante uma partida de basquete. Fomos nos aproximando e quando percebi já éramos muito próximos. Na época eu não conseguia me expressar muito bem. Não contei para ele o fato de meu melhor amigo ter falecido e que minha irmã estava no hospital, todos os nossos amigos sabiam menos ele. Ele ficou bravo comigo quando descobriu.

– Como ele descobriu?

– Uma garota que não gostava de mim contou para ele. – Sorriu fraco – Ele não ficou braço por não saber dessas informações, ele ficou bravo por não ter ouvido isso de mim. Ficamos um tempo sem nos falar. Nesse tempo eu organizei meus pensamentos e decidi me abrir pra ele, decidi contar tudo. Fomos nos falar novamente no último dia de aula, eu esperei ficarmos a sós na sala e contei pra ele. E nisso contei que o amava. Naquele momento eu pensei que talvez minhas palavras não tivesse chegado a ele, mas eu estava errado. Ele me abraçou, me beijou, retribuiu meus sentimentos e disse que não precisava me forçar a expressar meus sentimentos por ele porque ele sabe que o amo. Eu fiquei aliviado e feliz. Desde então estamos namorando. – Terminou.

Tomioka olhou para o mais jovem.

– Tente o compreender. Não se force. Converse com ele, não o deixe contra a parede. Dê espaço, se ele não vier até você, vá você até ele. – Sorriu.

– Ei! Gyuu! O que tá fazendo aí?! Vamo bora! – Um rapaz de cabelo branco gritou.

– Eu tenho que ir. – Tomioka se levantou.

– Obrigado. – Tanjirou sorriu.

– De nada. – Gyuu andou até o outro rapaz.

O jovem Kamado o olhou ao longe, Tomioka estava sorrindo com aquele outro ao seu lado. Tudo deu certo entre eles, talvez tudo poderia dar certo entre si e Agatsuma mas, o moreno não sabia dos sentimentos do louro.
[...]

No corredor Zenitsu encontrara a Tanjirou. Estavam sozinhos. Se entrolharam. Agatsuma estava com as mão nos bolsos da calça, olhou nos olhos de Tanjirou e sorriu. Um sorriso que não dizia muito, apenas guardava a dor de não conseguir falar com o baixinho. Um sorriso dolorido. Agatsuma continuou seu caminho até sua sala.
Tanjirou, depois da saída do loiro, abaixou a cabeça. Estava triste? Deprimido? Angustiado? Talvez sentia tudo isso. Kamado estava chateado. Lembrou das palavras de Tomioka e ergueu a cabeça seguindo seu caminho para a sala de aula.

Meu Amarelo - ZentanOnde histórias criam vida. Descubra agora