12.

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—Se eu não tenho culpa, quem vai ter?

—Ninguém, Sn. Não precisamos de um culpado para tudo, não precisamos de um réu para acusar e apontar o dedo. Nem sempre teremos vilões nas histórias.

—Mas se mais ninguém for o vilão significa que eu sou ele.

—Não querida, se mais ninguém for o vilão significa que você não vive em um conto de fadas e sim na vida real. Você não precisa de um culpado, porque ninguém tem culpa.
O que seu pai fez com você não foi certo, anos apontando o dedo pra você e descontando tudo o que sentia, ele sentia raiva, tristeza e solidão e não sabia lidar com isso, então descontava em você. Isso não é certo, mas era como ele lidava com os fatos.
O que quero dizer é, você não tem culpa só porque ele lhe deu uma fantasia de lobo mal e você vestiu. Você assumiu um papel que nem sabia porque estava assumindo. Você apenas internalizou isso e acreditou durante sua vida, mas não significa que seja verdade.

—Talvez.

—Um talvez já é algo. -ela sorriu para mim e olhou o relógio. -Essa sessão foi produtiva, te espero semana que vem?.

—Claro.

Cumprimentei a mesma e me levantei em direção a saída.

Soltei um suspiro pesado assim que entrei no carro e fechei a porta. Aquilo foi esclarecedor, mas ao mesmo levantou muitas dúvidas.

Eu gostava do Shawn? Eu gostava da Hailee? O que significou a noite passada? Quem eu amava? Quem eu queria? Eu realmente não tinha culpa? Será que meu pai me amava mas não sabia como superar aquilo? Será que mesmo sendo tão ruim ele ainda poderia ser bom?.

Se eu contasse isso pra qualquer amigo meu me julgariam. Mesmo depois de tudo que Richard fez comigo eu ainda buscava seu amor.

Mas o que eu posso fazer? Ele é meu pai, minha única família, mesmo que não tenha sido o melhor ele ainda era o meu pai.

Dirigi até um café próximo e me sentei para tomar um café irlandês, já que a composição da bebida levava uísque e eu precisava relaxar.

—Sn?

Estava olhando a rua quando ouvi alguém chamar pelo meu nome.

—Andrew? O que faz aqui?

—Eu que te pergunto -ele riu e se sentou na cadeira a minha frente. -Eu sempre venho aqui, é minha cafeteria favorita. O que você faz aqui, estranha?

—Eu estou tomando um café caso esteja cego. -comecei a rir e ele também.

—Como está?

—A mesma de sempre.

—E o que isso quer dizer?

—Que estou uma merda. -ri sem vontade e ele soltou uma risada nasalada.

—Então somos dois.

Ele ergueu seu copo de expresso forte em forma de brinde e eu retribuí.

—Me conte as novidades, Andy.

—Não existe novidades na família Sinclair, sempre as mesmas coisas: trabalho, dinheiro, dinheiro, dinheiro... -soltei uma risada sincera. -por que nunca me ligou?

—Quando?

—Lembra quando encontrei com você no túmulo do vovô e da vovó? -fiz que sim com a cabeça e tomei um gole do meu café. -eu disse para me ligar. Você nunca o fez.

Sua expressão era um pouco triste.

Não era tão próxima dele, mas na nossa infância tivemos muito contato, ele era um menino distante mas ainda sim muito doce. Eu gostava dele, ele me entendia, não era como os outros Sinclair. Ele se importava com coisas além do dinheiro.

SinclairDonde viven las historias. Descúbrelo ahora