Atípico

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Gaara possuía muitas qualidades, dentre elas ser observador era a que mais se destacava. Havia percebido sutis alterações no comportamento da irmã, Temari sempre tão assertiva e enérgica agora parecia hesitante e quieta demais.

O Kazekage já tinha uma leve ideia sobre o que estava atordoando sua irmã daquela maneira, ouviu uma pequena discussão de alguns membros do Conselho sobre o deGaarastino da irmã. A única coisa que não compreendia nisso tudo era o porquê de não terem levado esse assunto até ele, a autoridade máxima.

Ouviu nauseado o descaso daqueles homens ao falar do futuro da irmã, como se ela fosse apenas um instrumento sem suas próprias vontades e sentimentos.

O desdém na voz deles e todas as nuances problemáticas daquele diálogo despertaram gatilhos em Gaara que ha muito tempo estavam esquecidos. O desconforto de se sentir usado e dilacerado a bel prazer de homens só sentavam e assistiam tudo acontecer sem sujar as próprias mãos.

Por essa razão decidiu intervir naquele assunto.

Em primeiro lugar, teria uma conversa franca com Temari sobre o que ela realmente deseja.

Pediu a Kami muita sabedoria e serenidade, ouviria cada ponto da irmã com atenção e sensibilidade, jurou a si mesmo que lutaria pela felicidade de Temari. Não permitiria de modo algum que um bando de conselheiros idiotas decidissem seu futuro por ela.

Encontrou-a em um dos observatórios do Oeste, a moça estava tão concentrada no sol poente que mal percebeu a chegada do irmão.

— Gaara. — Surpresa, ela se recompôs tentando disfarçar sua distração.

— Temari, o que está acontecendo? — Foi direto.

— Humn? — Confusa, não entendeu sobre o que exatamente o ruivo falava.

— Você pode tentar esconder que está mal mas eu percebo. — Os orbes de Gaara se fixaram nos orbes verdes da irmã. — Você é a minha irmã e eu te conheço como ninguém.

Temari pareceu pensar por alguns instantes,  sorriu fraco tentando mostrar ao irmão que estava tudo sob controle. A Kunoichi sempre sentiu a necessidade de parecer sempre uma fortaleza inabalável, seus irmãos de fato em muitos momentos sentiam isso. Em muitos momentos ela foi o ponto de equilíbrio dos três.

Porém, naquele instante ela estava despida de sua força costumeira, odiava se sentir encurralada e odiava ainda mais que seus irmãos percebessem que ela estava ruindo por dentro.

— Minha irmã, você sempre foi a mais forte de nós três, foi você quem nos fez ver uma solução em meio às crises. — Se aproximou cuidadosamente da irmã.

— O que eu quero dizer no fim é que até a pessoa mais casca grossa precisa de ajuda de vez em quando.

Aquelas palavras penetraram o coração aflito da Kunoichi, os orbes verdes tremeluziram e logo as lágrimas vieram sem reservas. Talvez pela pressão que vinha sofrendo ou o calor de se sentir tão acolhida, senão a junção de tudo isso.

Agarrou-se ao irmão em um abraço apertado e calmante. Saber que tinha uma das pessoas mais importantes de sua vida ao seu lado era maravilhoso e reconfortante.

— Eles me disseram que se eu me casar com o Shikamaru eu não serei mais parte da Vila da areia. — Os olhos avermelhados pelo choro fitavam algum espaço vago.

— Me chamaram de traidora, que eu ia diluir e contaminar meu sangue com um shinobi de outra vila. — ainda mais entristecida limpou parte das lágrimas com as costas das mãos.

— Ei, você não é nenhuma traidora. — Gaara olhou em seus olhos dizendo com a firmeza de uma rocha.

— Aqueles velhos... — A indignação era vivida nos olhos do jovem Kazekage.

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