My Wolf | Sterek

III. Lua cheia

lll. Lua cheia

— I-Isso é verdade? — Gaguejou, e era impossível não fazer isso naquele momento, estava de frente para o lobo que ninguém tirava da boca e que era um monstro para todos.

— Sim. — Falou, tentando esconder a voz magoada, pois se lembrou de tudo o que aconteceu antes.

Derek não se importou em falar aquilo tão rapidamente, não tinha o porquê de esconder e Stiles poderia ir embora logo, o deixando sozinho novamente. Ele não iria se importar e era até o que queria.

Mas isso não aconteceu.

— Eu sinto tanto, Derek....

— Não sinta. — Respondeu ríspido e virou a cabeça para o outro lado da sala, voltando a se encostar no sofá. — Não está com medo? Não vai fugir?

— Eu quase acabei de passar pelo que você passou e você acha mesmo que eu irei? Não tenho para onde ir e se eu voltar para lá poderei morrer, eles estão piores do que antes. — Disse, um pouco magoado.

— Me desculpa.

— Não precisa se desculpar. — Stiles se levantou e veio em direção a Derek, que se remexeu desconfortável pela aproximação. — Eu que devo me desculpar por invadir seu espaço e por todas as pessoas que te fizeram sofrer.

O de cabelos negros se ajoelhou e abraçou Derek, o mesmo retraiu seus músculos e depois de um tempo devolveu o abraço, se sentiu estranho, nunca mais havia recebido um abraço.

— Estamos juntos nessa, Derek. — Apertou mais o abraço. — Você não está mais sozinho.

Quando ouviu aquela fala, Derek sentiu seu coração disparar e uma lágrima involuntária desceu por seu rosto, ele realmente sentiu que não estava mais sozinho naquilo.

' ' ' '

Os dois estavam na cozinha, Derek menos emotivo e com o rosto sério de novo e Stiles com um sorriso costumeiro nos lábios, não ligou mais para o machucado que estava no braço.

Stillinski estava fazendo ovos com bacon e a cozinha inteira estava cheirando bem. A cozinha era bem simples e tinha uma cor verde água monótona, por ter ido se desgastando com o tempo e não ter sido pintada novamente. A luz fraca de algumas velas iluminavam o cômodo, deixando Stiles enxergar melhor o que estava fazendo. O maior olhava tudo e percebeu o talento do garoto que cozinhava.

— Você gosta de morar aqui, Der? — Perguntou, batendo levemente mais um ovo na borda do fogão e o abrindo para deixá-lo cair dentro da frigideira.

— Eu consegui me acostumar.

— Mora aqui há quanto tempo? — Pegou uma pitada de sal e espalhou por todo ovo.

— Dez anos, é o tempo que estou amaldiçoado. — Abaixou a cabeça.

— Meu deus, quanto tempo... — Seu semblante era triste. — Como se alimentou por todos esses anos?

— Eu ia até a cidade vizinha e voltava com suprimentos suficientes, lá ninguém me conhece e eu também tenho um pouco de dinheiro reserva. — Puxou uma cadeira meio velha e se sentou. — E você, Stiles? Me diga sobre você, não quero falar só de mim.

— Bom, eu... — Virou o ovo com uma espátula. — Eu morava com a minha mãe e meu pai na vila, ela tem um pub em que eu também ajudava e foi lá que falei o que não devia.

— Você falou o que você é, não tem como esconder. — Tentou passar conforto para o que estava de costas, ainda cozinhando. — Tem irmãos?

— Sim, só um, mas ele mora fora. — Levou o ovo já frito para um prato, onde já continha um. — Talvez ele fique com pena do que aconteceu comigo ou me odeie.

— Ele não vai te odiar.

— Como tem tanta certeza? — Se virou para ele.

— Ele é seu irmão, Stiles.

— Minha mãe também é minha mãe e me odeia. — Se virou, para disfarçar uma lágrima que caiu, e voltou a cozinhar, colocando dessa vez duas fatias de bacon. Disfarçadamente limpou a lágrima.

— Desculpa por iniciar esse assunto. — Brincou com os dedos. — Pelo menos estamos nos apoiando um no outro.

— É verdade. — Finalizando tudo, levou à mesa o prato com o que acabara de fritar, sentou-se e dividiu a comida para os dois.

— Obrigado pela refeição, Stiles, faz anos que não como a comida de alguém. — Sorriu mínimo e agora Stiles pôde ver melhor os detalhes da máscara, era preta com alguns riscos pelo desgaste, devia ter sido feita há muito tempo e, como falado antes, cobria apenas um lado do rosto e a metade dele.

— De nada, Derek. — Sorriu. — Falando de você novamente, poderia me dizer a verdade?

— Como assim? Verdade do que?

— Na vila as pessoas criaram boatos de você, e é de se esperar que não são dos bons. — Levou uma garfada até a boca. — Eu nunca gostei do que eles falam.

— O que eles falam? — Fez o mesmo que Stiles e seu corpo tencionou pensando o pior.

— Que você é um monstro, que vira um lobo do mau e em toda lua cheia vai para cidade atacar quem ficar nas ruas, eles falam isso para pôr medo nas crianças e essa é a versão mais leve. — olhou triste para o maior. — Me desculpe falar tudo isso e não fique mal, você não é nada disso.

— Em uma parte ele estão certos. — Deixou o garfo no prato e fechou o punho.

— Estão? Em qual, Derek? — O semblante de Stiles mostrava preocupação.

— Que eu sou um lobo e que me transformo na lua cheia.