Capítulo 5: A falta de notícias

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3 DIAS DEPOIS DO ENCONTRO COM LAÍS

Três dias se passaram e ela ainda não tinha nenhuma pista de onde Stenio podia estar e isso a estava corroendo por dentro.

Não dormia e nem comia mais. Todo o tempo em que ela não estava na delegacia procurando por pistas, seja quais fossem, qualquer coisa que pudesse indicar onde Stenio estava ou o que tinha acontecido com ele, ela estava em casa investigando por contra própria.

Não sabia por quanto tempo poderia aguentar... Estava desmoronando.

Nunca se sentiu tão impotente, tão sem ação... É como se estivesse sentada com as mãos e os pés imobilizados, atados as suas costas. Helô nunca se sentiu assim em toda a sua vida, muito menos depois que entrou na polícia. Claro que tinha tido casos difíceis, como o caso do tráfico de pessoas e o caso do homem que provocou o suicídio coletivo entre adolescentes por meio da internet... Mas em nenhum desses casos ela estava emocionalmente envolvida.

Stenio era a pedra no seu sapato, seu incômodo e o motivo do seu estresse diário muitas vezes... Tinha cisma de soltar os seus bandidos, é verdade... Mas também era o homem que ela amava há trinta anos, independente de estarem juntos ou não. A pessoa que ela sabia que podia sempre contar, que sempre estaria ao seu lado como seu porto seguro, sua única segurança no mundo. Ele era tudo o que ela ainda tinha de si mesma há trinta anos, desde quando perdeu seus pais. A única pessoa que a conhecia de verdade e em todas as suas versões e a amava mesmo assim.

Além de estar mal por se sentir incompetente, Helô estava arrasada.

Arrasada porque ignorou seus próprios instintos em relação ao que sentia sobre a viagem do Stenio a Espanha. Por não ter ligado pra ele, mesmo que seu coração gritasse para que ela o fizesse... Por estar brigada com ele e com raiva por motivos idiotas, enquanto ele estava desaparecido.

Arrasada por não saber que ele tinha desaparecido antes. Ela era uma policial, caramba! Tinha que ter suspeitado de alguma coisa, tinha que ter desconfiado da falta de notícias! Mas o seu faro policial, geralmente tão bom para outras coisas, sempre falhava quando se tratava de Stenio.

Vários "e se?" começaram a bombardear a sua cabeça. E se ela tivesse cedido? E se ela tivesse admitido pra ele o que a tinha feito ir até o seu apartamento antes da viagem? E se ela não tivesse tanto medo dos seus sentimentos por ele? E se? E se? Todos esses "e se" levavam sua mente par os talvez. Talvez, ele tivesse ficado e talvez, só talvez... Ele não estivesse em perigo agora. Possibilidades.

— Onde tu tá, xxxxtenio? — murmurou pra si mesma sentindo sua garganta fechar, enquanto encarava a pilha de papéis em sua mão com tudo o que tinha conseguido de seus contatos com a PF, da investigação da Yone e da Interpol. Ela estava em um beco sem saída e Stenio estava do outro lado do muro...

Já era tarde. Tão tarde, que apenas os policiais de plantão ainda estavam na delegacia, deixando tudo ainda mais silencioso e aumentando a preocupação de Helô.

Ela deveria colocar todos eles pra trabalhar dia e noite! Até que encontrassem Stenio e o trouxessem de volta pra casa. De volta pra ela.

Se recusava a pensar em qualquer outra alternativa! Se recusava a pensar que Stenio poderia não voltar, que ela poderia nunca mais ver o seu lindo rosto, seus olhos escuros que refletiam sua alma, seus sorrisos de cafajeste ou seus flertes desavergonhados. Se recusava a pensar nesse "e se", nessa possibilidade tão amedrontadora de viver em um mundo em que Stenio não estivesse mais.

Helô pegou uma foto dele no meio dos arquivos.

Com a ponta do dedo indicador, dedilhou os contornos do rosto do advogado, analisando bem os contornos de seu rosto magro e lindo. O maxilar marcado, o queixo reto, sua boca fina... Sorriu triste ao parar o dedo sobre o seu cabelo que estava meio branco meio acinzentado mostrando os efeitos do tempo sobre sua figura, lembrando quando ele encontrou o primeiro fio de cabelo branco, ainda no primeiro casamento e surtou. Sempre tão vaidoso, Stenio correu até a farmácia e pintou o cabelo com uma tinta muito mais escura do que a cor do seu cabelo, manchando sua testa no processo. Helô riu de verdade lembrando da expressão do marido pelo espelho ao ver o resultado depois que ela tinha o ajudado a enxaguar e a secar o cabelo... O queixo dele tinha ido ao chão de tão horrível que tinha ficado! Ele correu para o salão no dia seguinte, tentando acertar aquele desastre.

Where's My Love - Steloisa Where stories live. Discover now