capítulo 1 - leve feito uma pena.

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Sanemi talvez estivesse exagerando quando disse aos seus amigos de longa data que estava bem, que ele estava tranquilo e agradavelmente feliz pelo que estava acontecendo agora, naquele exato momento, com o seu companheiro.

Porra, ele mentiu pra caralho nisso.

Na realidade, ele estava em pânico.

Seu coração doía e a marca em sua nuca árdia como o inferno. Ele sabia o que aquilo significava, o seu companheiro, o seu ômega, estava sentindo a pior dor que poderia existir naquele momento. Mesmo estando na parte mais afastada do quarto que dividia com o moreno bonito e de cheiro ainda mais doce, ele podia ouvir os gritos de dor e alguns palavrões que iam e vinham da boca do mais novo.

Tamayo estava lá, junto com ele, lá também estava Mitsuri. A rosada ia e voltava geralmente com mais um balde cheio de água em uma mão enquanto na outra estava uma cesta cheia de panos.

Rengoku uma vez ou outra tentou dar uma faísca de consolo para ele, já que quando seu companheiro estava tendo os seus filhos, ele também ficou na mesma situação: ansioso e extremamente nervoso.

Porra. Parecia que ele iria surtar a qualquer momento se isso significasse ficar mais um minuto naquele lugar.

Ele não podia entrar no quarto. Ele não havia sido permitido a entrar no próprio quarto, que inferno, parecia que o rei perdeu sua própria autoridade naquele momento.

Tamayo e Kanroji o proibiram de entrar, ambas as mulheres disseram que era para o seu próprio bem, visto que ômega uma vez ou outra soltava maldições direcionadas a ele e tudo o que menos precisavam era de uma briga em um momento tão delicado.

O Shinazugawa sentiu vontade de arrancar a própria pele quando, mais uma vez, a sua nuca queimou. Mas desta vez foi diferente.

Havia doído mais. Muito mais.

O platinado suprimiu um grito mordendo o seu lábio inferior com força; seus dentes afundaram em seus lábios pela tamanha violência que seus dentes haviam perfurado a sua carne.

Caralhos...

Mas que caralhos...

Rengoku não estava mais perto dele, ao que parece o cheiro forte de ansiedade e angústia vindo do alfa o fez ficar nauseado, seus feromônios estavam sendo agora liberados sem consentimento e aleatoriamente. Ele não estava se controlando mais.

Talvez fosse o cansaço por ter que ficar horas em pé no mesmo lugar, talvez fosse a animação de conhecer o seu filho, talvez também a preocupação com Giyuu, visto que os seus frutos não paravam de ecoar. Talvez pudesse ser uma mistura dos três.

Ele nunca se sentiu tão ansioso em sua vida como estava se sentindo naquele dia. Ele nunca havia ficado tão temeroso em uma batalha, como ele estava se sentindo temeroso naquele momento.

Ele não conseguia se sentar em um dos sofás da sala em que estava, ele estava nervoso e terrivelmente angustiado. Alguns dos servos que estavam lá para entregar-lhe comida, visto que não havia comido absolutamente nada devido a forte angústia que sentia, já tinham ido embora, alegando respeitosamente que não conseguiam conviver no mesmo local que o rei por causa do forte cheiro que, também, estavam os deixando enjoados e angustiados.

Ele lembra muito bem de como tudo isso começou. Ele estava na sala do trono ouvindo o mensageiro real que entregava uma carta do reino de Obanai Iguro, seu melhor amigo de infância, onde convidava ele e seu companheiro para uma visita a ele, uma das celebrações mais importantes do reino estava prestes a acontecer, então nada mais do que justo chamá-lo.

Foi então que Mitsuri entrou na sala.

Seu rosto estava vermelho e sua respiração ofegante, o esbranquiçado não havia entendido absolutamente nada, mas quando estava prestes a perguntar, seus olhos arregalaram-se com as palavras da mulher.

— Meu rei! Seu filho- Giyuu está entrando em trabalho de parto! — ela falou, não escondendo nem se quer um pouquinho o sorriso que surgiu em seu rosto ao ver que a intensidade dos feromônios do rei havia mudado.

Ele saiu correndo daquela sala até o quarto, mas havia sido impedido de entrar, ao que parecia, Tomioka não queria vê-lo alegando que já tinha problemas demais para lidar e lidar com mais um iria faze-lo perder a cabeça.

Dizer que aquilo não o machucou seria uma grandiosa mentira.

Mas ele entendia, desde os eventos posteriores até agora, Giyuu estava mais estressado que o normal, sendo capaz de chorar até mesmo por um folha cair da árvore. Tamayo alegou que os eventos passados mais a mistura dos hormônios podem ter causado um desequilíbrio emocional que funcionária como os canhões ingleses, precisando apenas de uma faísca para fazer um estrago.

Ele respeitou a decisão, mas em compensação, acabou ficando terrivelmente ansioso.

Mas foi quando ele ouviu um choro fraco passar por seus ouvidos que ele parou. Talvez fosse alguma ilusão da sua cabeça? Ele não sabia. O som era baixo visto que estava em uma sala distante, mas mesmo assim ele conseguia ouvir o som baixo, mas estridente, de um choro de bebê.

Mas foi quando a sua marca havia parado de doer e um sentimento reconfortante tomar conta do seu corpo que ele percebeu que não estava alucinando, nem nada desse tipo. Era real. Aquilo rudo era real.

Porra, ele estava tão feliz.

Ele nunca se sentiu tão feliz quanto estava se sentindo agora. Parecia até mesmo que estava se sentindo leve.

Leve feito uma pena.

Ele está a pronto para ir em direção a sala onde o seu companheiro e seu filho estavam quando, com um sorriso fino em seu rosto, ele viu Tamayo parada a sua frente, quase parecendo bloquear a passagem, mas apenas quase. Seus olhos arroxeados olhavam com bastante carinho para o rei, um carinho que ele não via a muito tempo, ele até mesmo se sentiu soltando um breve sorriso para quando ele pôde sentir um cheiro diferente vindo dela, quase como...

— Parabéns, meu rei. — ela começou a falar enquanto se curvava lentamente para o Shinazugawa, o sorriso fino, mas aconchegante, nunca saindo do seu rosto. — seu herdeiro acabou de nascer.

Amar e Doar - Sanegiyuu - Giyuunemi.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora