Ele se apaixonou por um homem cujo rosto não podia ver.
Park Jimin foi contratado para trabalhar como babá da filha de Jeon Jungkook. Os rumores sobre aquele alfa que vivia em reclusão não assustavam Jimin. Sua experiência como vencedor de concursos...
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Jungkook ouviu o caminhão, a campainha da porta, e imaginou por que o entregador não deixaria os pacotes na escada, como de costume. E então, entendeu. Jimin. Os boatos deviam correr depressa na cidade, e todos estavam curiosos para ver o belo ômega que estava no castelo, com a fera medonha que se escondia na escuridão, pensou Jungkook, com um sorriso amargo. Mas Jimin não se importava com admiradores.
Ele mesmo dissera que os alfas se interessavam apenas por sua beleza. Até mesmo o alfa a quem amara. O homem que o enganará, traíra, magoará a ponto de fazê-lo abandonar o emprego na embaixada. E que era um idiota, decidiu Jungkook, e não merecia um ômega como Park Jimin. Ele era carinhoso, generoso, e merecia um alfa que o apreciasse. Vira a humilhação nos lindos olhos verdes, a vergonha e a raiva, que não tinham desaparecido. Há quanto tempo isso teria acontecido? Quem seria babaca?
Olhando para o pátio, logo abaixo, viu Jimin sentado à mesa de piquenique, observando Ryujin brincar e desenhando alguma coisa num bloco. Quando o entregador se aproximou, deixou o bloco de lado e assinou o recibo de entrega, indicando com um gesto os degraus dos fundos, onde poderia deixar os pacotes. Mas o entregador não foi embora. Em vez disso, sentou-se ao lado de Jimin. Bem perto. Fitando-o, intensamente.
Jungkook rangeu os dentes quando Park riu de algo que o rapaz dissera, e ofereceu-lhe café da garrafa térmica que estava sobre a mesa. Será que ele não tinha mais nada para entregar?
Beomgyu apareceu. Jungkook pensou que a expressão sisuda do amigo seria suficiente para afastar o rapaz. Mas se enganou. Jimin serviu café a Beomgyu, e embora ele tomasse o café depressa, olhando para o entregador com ar muito sério, o jovem alfa, muito bonito, e no mínimo cinco anos mais jovem do que Jimin, pareceu não perceber. Jungkook teve vontade de abrir a janela e gritar, dizendo ao sujeito para ir embora. Estava com ciúme. Louco de ciúme, admitiu, passando a mão pela cicatriz do rosto.
Ótimo. Era exatamente o que precisava.
Não parecia fazer diferença o fato e não tinha direito de ter ciúme de Jimin. Ele não lhe pertencia. Tinha apenas Ryujin, e sem Jimin, até mesmo cuidar dela seria difícil. Jimin, Beomgyu, Ryujin... Eles eram a família que vivia na casa. Jeon Jungkook era apenas uma sombra. Um eco do homem que fora um dia. Oh, Deus, como a vida dele havia se transformado naquilo?
Nunca pensara em si mesmo como um covarde, e era contra sua natureza agir assim. Só estava se escondendo para poupá-los. Não queria ser fonte de pesadelos para nenhum deles.
Uma batida soou na porta atrás dele, e Jungkook desviou o olhar da janela. Sabia que era a empregada, a Sra. Lee. Pedindo a ela que esperasse um minuto, entrou no hall da escada de serviço e dirigiu-se ao segundo andar. A empregada não demoraria muito, pensou, enquanto atravessava os corredores, parando entre o quarto de Ryujin e o de Jimin.
Tinha vontade de entrar no quarto de Jimin e espiar, mas não seria honesto. Entrando no quarto de Ryujin, recolheu alguns brinquedos e checou a estrutura da cama alta. Logo ouviu risadas novamente e espiou pela janela. Ryujin corria em círculos, enquanto a gatinha tentava pegar os laços dos tênis da menina, Agarrando a cortina, amassou o tecido delicado com força. Daria tudo para estar ali, rindo, com a filha, sorrindo para Jimin, sentindo o sol no rosto. De repente, Jimin virou-se, o olhar dirigido exatamente para onde ele estava.
