.Capítulo 12.

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O caminho até o escritório do Lorde do clã do fogo e a irritante presença do antigo foi silencioso e desagradável. Erick sabia que ser descoberto era o fim, não existia mais chances de fuga. Tudo o que restava era enfrentar o problema, mas Erick estava bem em ignorar e seguir em frente.

Existe uma diferença gritante entre ser corajoso e enfrentar pessoas; lutar contra as trevas interiores, contra seus piores medos e contra si mesmo é infinitamente mais difícil do que segurar uma espada e matar um dragão... Erick não era corajoso para enfrentar seus sentimentos, ele os guardou em uma caixa de Pandora no canto mais escuro de sua mente e jamais a abriu para deixar seu mal correr livre.

Parado no escritório de Fenrir olhando a mesa de mogno e a poutrona onde está o Lorde do clã com seu maldito cachorro ao lado, ele relutou em sentar também. Raphael estava sorrindo de forma divertida apenas observando a rigidez nos movimentos de Erick o jovem rapaz sabia que os dois queriam abrir a maldita caixa e libertar toda a merda na droga de vida que ele está levando desde que saiu como um fugitivo em sua vila e acordou no corpo de seu irmão.

Não queria falar, ouvir ou entender o lado de seus pais, não queria se importar ou se envolver mais do que já estava envolvido (contra sua vontade). Mas por todos os sete infernos, o desafeto sabia! E ainda assim estavam parados em um escritório para conversar.

"Como se isso pudesse reparar alguma coisa." Pensou ao revirar os olhos e defensivamente cruzar os braços de forma petulante.

Nesse momento Fenrir verdadeiramente não sabia o que fazer, o que devia dizer? O que ele poderia dizer que repararia as coisas? O Lorde não sabia.

Fenrir por um lado parecia muito confortável ao se sentar em sua cadeira grande de couro e olhar para a criança se contorcendo na pele de Peter como uma lesma ao ter sal jogado nela, não sabia o que dizer mas ele sabia manter uma aparência de calma. Erick carece e muito da habilidade de disfarçar seus sentimentos, o Lorde podia lê-lo como um livro.

No fundo nenhum dos dois sabem como proceder com essa situação, não existe manual que diga a alguém como se comportar ao falar pela primeira vez com um filho e pai que nem sabia que está vivo. "Como deveria lidar com os sentimentos em seu coração?" Se perguntou Erick.

Então talvez por anos de treinamento, Fenrir se pôs como uma fortaleza, forte e inabalável, mesmo que por dentro esteja se sentindo como os destroços de uma embarcação naufragada no fundo do oceano.

O antigo sorriu ao sentar tranquilo como uma brisa de verão e olhar entre os personagens principais da enorme trama universal, e sorriu tão grandemente quanto possível, era como assistir uma tragédia teatral no melhor camarote.

_ Por que você não me disse quem era quando acordou? - Por fim o Lorde decidiu começar com algo simples.

_ Eu não te conheço! Por que confiaria em você? Até onde sei Lorde Fenrir, o senhor nunca foi me procurar depois que minha mamãe me abandonou. - Erick disse com sinceridade ácida.

Fenrir sentiu como as palavras de distância estavam muito mais abertas agora que Erick não precisava fingir ser um filho dedicado (não que ele tenha interpretado bem o papel), agora o rapaz era apenas raivoso e hostil.

_ No tempo em que está aqui... Você escutou como as coisas aconteceram? Eu estava procurando por...

_ Por um ano! Por um único ano o senhor estava procurando! E os outros 17 anos da minha vida? Eu precisava de você quando era uma criança, não quando tinha 17 anos!!! - As palavras de Erick eram quase rosnadas. Ele rangia os dentes tentando conter seu impulso de gritar as palavras.

_ Erick, eu não sabia que você estava vivo. - Fenrir soava quase suplicante, as palavras de seu filho lhe causavam dor real.

Erick e Peter eram tudo que ele sempre desejou, seus filhos, nascidos da mulher que ele amava. Fenrir poderia se ajoelhar e implorar o perdão de seu filho se isso fosse o suficiente para reparar os corações de seus filhos, mas sabia que não era suficiente e não sabia o que poderia fazer por eles.

Nascido na Tempestade (CHM).Where stories live. Discover now