capítulo 2

2.1K 203 19
                                    

Neguéba

Cinco anos atrás

Observo as ruas através da janela do carro da Alina, logo estaríamos no morro a onde descobri só agora que ela comanda. Não seria novidade isso já que o meu pai antes era o dono.

Ficar no mesmo lugar que essa mulher me dá nojo, olhar pra ela me dá nojo, sentir o cheiro dela me dá nojo, tudo nela me dá nojo.

Desdo momento que entramos nesse carro ela não para de falar do Felipe, que só agora descobrir ter o vulgo de grego e comandar uma comunidade que eu não faço questão de saber.

Só quero chegar logo no morro e dar um jeito de dar continuidade na minha vida, arrumar uma casa longe dessa mulher e viver tranquilo comigo mesmo

-ouviu oque eu disse?- sai dos meus pensamentos com a voz da alina.

Olhei pra ela sem ter a mínima ideia do que ela estava falando e neguei com a cabeça. Só de olhar pra ela eu sinto meu sangue ferver, ela acha mesmo que depois de tudo que me fez eu ainda vou ajudá-la nessa porra de vingança sem sentindo?

Cresci no ódio sentindo dor por algo que eu nunca tive, convivi no meio de loucos minha vida inteira e ela ainda acha que eu vou dar continuidade em um capricho dela? Eu vou matar ela e depois ele por ter estragado a porra da minha vida.

-não. - murmurei pra ela escutar.

-presta atenção, tô falando contigo caralho. - disse olhando pro meu rosto. - teu quarto tá pronto lá em casa, já que ta chega em casa.- comentou.

Tô ligado que eu não tenho nada, mal sei onde tô, então por enquanto vou aceitar tudo isso pra depois mete o pé, e outra, morando de baixo do teto dela fica bem mais fácil de mata-la sem levantar tantas suspeitas.

Até porque não sou burro, ela tá de frente de um morro, tem gente a disposição dela, se eu mata-la eles vão me matar e não vai adiantar de porra nenhuma ter aguentado tudo até agora.

-isso não é o certo drigo. - escutei a voizinha sussurrar dentro da minha cabeça.

Ele é assim, surge do nada, fala do nada, sempre em momentos que meus pensamentos vão me consumir, sempre que o ódio começa a falar mais forte a maldita voizinha surge.

Não gosto dele, um maldito intruso que mora dentro da minha cabeça, essa porra deveria ir embora e parar de me atrapalhar, mas não, essa merda não acaba nunca e por mais que eu esteja com isso a seis anos eu ainda não me acostumei, e nem vou.

Eu nao vou deixar ele atrapalhar meus planos, não vou deixar ele estragar tudo, eu vou matar qualquer um que entrar no meu caminho e nao vai ser a porra de uma personalidade criança que vai me atrapalhar.

O morro vai ser meu, eu vou comandar aquilo tudo, cresci no meio de bandidos da pior espécie, de loucos, de sádicos, de psicopatas, oque tiver que ser meu vai ser, seja por bem ou por mal, pela dor ou pela manipulação.

Doa a quem doer não doendo em mim está tudo ótimo, um novo ciclo vai se iniciar e nele eu quero ver sangue e dor igual me causaram.

Dezoito anos, tenho muito pra viver ainda mais sinto no fundo da minha alma que enquanto eu não me livrar de todo esse ódio minha vida não vai seguir, não vou conseguir ser eu mesmo.

-drigo isso não vai te fazer bem.- nino disse.

Eu sei nino, isso não vai me fazer bem, mais é o necessário, vai ficar tudo bem, depois que tudo isso passar você vai poder descansar e eu enfim vou me livrar de toda essa dor.

Porra, eu quero ser feliz, acho que a maioria das pessoas tem isso como objetivo, a felicidade em vida é uma meta que todos buscam.

O caminho as vezes é doloroso mais quem se importa? É a porra da felicidade, e na real não é só a felicidade, se tu é feliz a paz vem de brinde e porra ser feliz e ter paz deve ter a melhor coisa do mundo.

Eu vou atrás disso, mais antes vou me livrar de todo esse ódio e dor, e logo depois vou ser feliz, posso até ser um iludido de merda por pensar assim mais foda-se, eu tenho que ter um objetivo "saudável" na minha vidinha de merda.

Olhei pra alina que parou o carro na frente de uma casa de dois andares, a casa por fora parecia bem bonita e tava no alto de um morro, penso eu que no morro mais alto da comunidade.

A noite já dava lugar ao dia, a viagem durou quase cinco horas, ela realmente estava empenhada a me deixar o mais longe possível da comunidade.

Sei que é o mesmo morre que eu morava quando criança, me recordo bem pouco da entrada da comunidade, a casa já nao era a mesma, essa agora parece ser bem maior do que a outra.

Desci do carro com minha mochila na mão, nela ninguém ia mexer, ninguém pode saber oque tem aqui dentro, somente eu.

Respirei fundo e encarei minha nova realidade, espero que as coisas comece a dar certo a partir de agora, espero não, as coisas vai dar certo a partir de agora.

Entrei naquela casa sem ter noção do inferno que estava por vim, se eu tivesse noção do que o destino estava preparando pra mim, eu teria matado ela no primeiro dia em que pisei o pé aqui.

             Ate👋

Por eleWhere stories live. Discover now