capítulo 4

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Neguéba

Três anos atrás

Tornar a vida do grego um inferno tem sido a minha rotina mais desgastante que já tive.

Todo dia é alguma coisa diferente, alina tá empenhada a acabar com ele de uma vez por todas, mesmo que em todas as suas tentativas sejam falhas.

Isso frusta ela, da pra ver no seu semblante que isso a deixa furiosa, e ver ela desse jeito ta sendo meu passa tempo preferido.

Em todas as vezes eu faço questão de dar um jeito de dar errado, sempre atrapalho em algo pra que ele pelo menos consiga se safar, mesmo que isso um dia custe minha vida.

Essa guerra não é minha, a raiva que eu tinha por ele já sumiu faz muito tempo, só tô nessa ainda porque ela me controla e sou praticamente "obrigado" a participar disso.

Mais tá mec, sei que logo menos vou sair dessa.

Nino tá em silêncio, na verdade já faz muito tempo que não escuto sua voizinha doce na minha cabeça.

As vezes sinto falta dele, por incrível que pareça o sumiço dele me causou um estranho desconforto.

A última vez que ele apareceu foi quando levei um tiro de raspão no pé, alina tava bem brava naquele dia.

Foi uma dor dos infernos mais graças a ele eu consegui me manter calmo até chegar no postinho pra dar um jeito, depois disso ele não apareceu mais.

Pensei que ele ia fazer como sempre fez, demorar um pouco pra voltar mais ia aparecer, mass dessa vez foi o maior tempo que ele não deu as caras.

Nego com a cabeça pra afastar os pensamentos quando vejo um dos vigia de alina vindo na minha direção.

Sei que ela tá puta da vida por causa da falha em matar o grego, por isso que assim que cheguei no morro vim direto pra entrada pra ficar de vigia.

Mesmo que já tenha passado três anos, ainda estou me adaptando nessa vida bandida, achei que tudo oque eu tinha vivido no manicômio era louco o bastante mais me enganei plena mente quando conheci esse mundo.

Claro que gosto do dinheiro que rende do tráfico, apesar de tudo alina me paga pelo trampo que faço na comunidade, aqui eu não sou filho dela e poucas pessoas sabe disse.

Quase todo mundo me conhece como vapor e é assim que quero continuar sendo reconhecido, não quero de jeito nenhum ser associado a ela.

-ai, tá mec?- John perguntou.

Olhei pra cara do menor que deve ter uns quinze anos no máximo e concordei.

-alina tá te chamado lá na boca 09, disse pra tu não demora não que ela quer ter um proceder contigo.- disse ajeitando o fuzil nas costas.

Apenas suspirei fundo sabendo oque iria vim pela frente, dessa vez eu tô ligado que ela tá sabendo que foi eu que sabotei a missão.

Peguei meu radinho já bolando algo pra falar pra poder aliviar um pouco da bronca que tava por vim.

-aí alina, mano John John falou que tu quer desenrolar um proceder comigo, procede?- perguntei mesmo sabendo que ela queria.

Precisava ganhar tempo até chegar lá em cima, tô ligado que o castigo tá vindo e sabia que uma hora ou outra ela ia desenrolar isso, mas ná moral eu tô pouco me fudendo pra isso.

Já disse pra ela que essa guerra não é minha, já falei pra ela me liberar disso aqui mais ela não me escuta, quer me usar de laranja, então pronto, ela que se foda.

-sobe aqui, tenho que falar contigo.- respondeu, e pelo tom de voz já dava pra ver que ela tava boladona mesmo.

-marca quinze que já tô aí.- disse e desliguei o radinho.

Comecei a subir o morro na maior paz, eu que nao ia correr pra levar represália.

Parei na vendinha pra compra uma coca e segui meu caminho, nao deu dez e eu já tava na frente da boca 09, suspirei e logo entrei pra enfrentar oque tivesse que vim.

Não seria nada diferente do que passei nesses últimos três anos então por um lado tava mec.

-oi drigo.- escutei o sussurro baixinho na minha cabeça e parei de andar pelo susto.

Dei um sorriso sincero, porra, ele estava de volta, me senti diferente, sei que ele estava se preparando pra trocar comigo, vai sentir minha dor.

Fico triste por ele ter que sentir isso, mais não consigo mudar, é algo que minha mente criou para minha própria proteção.

Dei um suspiro cansado porém feliz por ele está de volta.

-oi nino, voltou amiguinho.- sussurrei baixinho pra ninguém ouvir.

Continuei andando até a sala da alina em passos lentos, eu até tava preparado para oque estava por vim, mas escutar a voizinha do nino mexeu comigo.

-vamos passar por aquilo de novo né?- perguntou baixinho com a voz teremosa.

-tenta dormir amigo logo isso vai passar, tenta não trocar comigo, eu vou aguentar.- disse pra ele quando cheguei na porta.

Dei dois toques e logo escutei que poderia entrar então entrei dando de cara com alina e dois dos delas sentado no sofá.

Andei até a cadeira que tinha ali e me sentei vendo ela me olhar de cima a baixo, na minha cabeça eu só escutava a voizinha do nino pedindo pra ir embora.

Mesmo que eu quisesse muito eu não conseguiria, não agora, mais logo nos dois iríamos embora.

Não deu tempo de raciocinar quando o primeiro soco foi atingido em cheio no meu nariz, estava distraído então nem raciocinei direito quando isso aconteceu.

Meu ouvido zuniu e logo senti a aproximação dos dois que tava na sala, não deu tempo nem de me proteger porque logo começou a sessão de pancada.

Fui tudo muito rápido, só consegui sentir a dor e o choro do nino na minha cabeça e isso parecia fazer doer ainda mais.

Perdi a noção do tempo, so consegui enfim respirar direito quando eles se afastaram um pouco pra alina se aproximar e abaixar na minha frente.

-isso filho do meu coração, é pra você entender que, por mais que tente, você não vai conseguir estragar mais planos.- essa foi as últimas palavras que escutei antes dela me dá outro soco no rosto e eu apagar completamente.

Até mais 👋

Por eleWhere stories live. Discover now