4 - convite

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mi vida, você tem se alimentado direito? — a voz da minha mãe ecoa do outro lado da linha enquanto apoio o celular entre minha cabeça e ombro, já que minhas mãos estão ocupadas terminando de preparar meu leite com chocolate

– claro mãe — falo tentando lhe convencer. Não que eu me alimentasse super mal, mas eu não tenho o tipo de dieta rica em fibras ou frutas

e como é no teu trabalho? Aquele nino ainda te pressiona?

se com isso você quer dizer que ele continua sendo um babaca, então sim — pego no meu leite com chocolate e caminho até o sofá onde me sento e escolho um filme de romance da Netflix

você precisa fazer algo a respeito

eu vou ficar bem — dou de ombros, porém outra chamada chama a minha atenção, fico assustada ao ver o número do meu chefe me ligando a está hora da noite — mãe eu preciso desligar, preciso atender a ligação do meu chefe

ta bom mi amor, tu madre te ama

eu também te amo — desligo imediatamente e atendo a outra ligação. Tento manter a minha postura enquanto temo o quê pode ser de tão urgente pra ele me ligar a está hora — boa noite chefe

Julie eu disse que fora da empresa nada de formalidade — ele parece aborrecido mas depois o escuto sorrir — ta ocupada? — sua forma directa me assusta

– ahm...eu não, não estou ocupada

ótimo, se arruma, dentro de 30 minutos o Gogo virá te buscar pra Cample Club, por causa da sua apresentação o acionista maioritário se contentou tanto que decidiu sair pra comemorar, acho justo você fazer parte — seu tom de voz é empolgado, parece com uma criança que acabou de receber doces. Tem vezes que fico impressionada com o humor do meu chefe

– cumple club? — quero eu não ficar nervosa mas aquele lugar é frequentado por pessoas da classe alta, nunca cheguei a pensar que colocaria meus pés num lugar como o Cample Club

sim

Eu poderia facilmente recusar, até porque não sou de frequentar lugares assim, das vezes em que fui tive que literalmente ser puxada pela Elisa mas sempre acabava dando errado. Ou eu ficava cantando a noite toda pra Elisa dizendo que quero voltar pra casa, ou acabava dormindo na bancada ou mesmo acabava passando grande mico quando um cara se aproximava de mim

– sim Senhor, quer dizer, Henry, obrigada pelo convite — ele responde algo e depois desliga o celular. Respiro fundo tentando me conter, ser convidada com o chefe pra comemorar a implantação de uma estratégia que você mesma idealizou é um grande passo para o meu desenvolvimento como gestora

E agora preciso de uma roupa adequada pra me vestir. Vou pra o meu quarto onde me arrumo meio apressada, decido colocar uma saia justa de racha a trás e blusa social Rosa transparente. Amarro o meu cabelo num coque simples e passo um gloss básico, acho que estou pronta

– não sabia que vai trabalhar a noite — Elisa fala parando na porta do meu quarto me analisando dos pés a cabeça

– eu não vou trabalhar, eu vou pra o Cumple Club, havera uma comemoração com o meu chefe e alguns accionistas — falo normal dando últimos retoques no meu cabelo

– e você vai vestida desse jeito pra uma boate?

– que tem minha roupa? Eu gosto dela

– ta parecendo a minha avó. E...eu não acredito que você vai pro Cumple Club, me leva consigo por favor

– eu não posso, é coisa de trabalho Eli — seguro na minha bolsa e passo por ela voltando pra sala, Elisa caminha a trás de mim resmungando

– ainda tenho esperança de que irei frequentar aquele lugar — ela se joga no sofá

– ir pra lá é um atentado ao homicídio pra nosso cartão de crédito

– uhm...Eu tenho certeza que nasci pra ser rica, mas parece que algo deu errado

Solto uma risada que imediatamente é acompanhada do som de uma buzina de carro. Elisa corre até a janela e espreita por tras do vidro

– ah meu Deus é uma limusine

– vou indo

– aproveita por mim — acena com as mãos. Desço as escadas tentando não tropeçar com meus saltos e caminho direção ao carro luxuoso estacionado em frente ao meu prédio. Cumprimento o porteiro e de seguida meus olhos vão de encontro com o Gogo que está ao pé do carro de mãos cruzadas e a mesma postura rija como de sempre

– boa noite Gogo — falo animada e ele simplesmente acena com a cabeça abrindo a porta pra mim. Sorrio amigavelmente sentindo um frio na barriga e no momento em que entro o perfume adocicado invade minhas narinas me causando um certo desconforto. E então olho para o Malcom sentado em umas das poltronas enquanto segura uma taça de champanhe, em frente à Yuna e o meu chefe no canto falando ao celular — boa noite — cumprimento com um sorriso falso. Acho que antes de eu ter aceitado o convite deveria ter perguntado sobre quem estaria presente, assim me pouparia de passar o meu final de semana encarando a cara do Malcom Maloy que por acaso, está lindo com aquela camisola gola alta preta, sobretudo azul escuro e calça jeans

Ok era de admitir, o tipo sabe se vestir

– porquê ta vestida como uma bibliotecária? — ele fala atrapalhando meus pensamentos. Vejo a Yuna dar uma curta risada

– ta falando sério? Essa é a minha melhor roupa

– então eu acho que você deveria refazer o seu armário

Reviro os olhos tentando não cair nas suas provocações. Logo meu chefe desliga o celular e olha pra mim com um sorriso largo, típico, que dificilmente sai do seu rosto

– Julie você está tão...tão formaaaalll — ele fala tomando cuidado com as palavras. Malcom olha pra mim fazendo o típico olhar de "eu te avisei"

– o quê tem de errado com a minha roupa?

– nada se você estiver fazendo publicidade sobre roupas da terceira idade  — Malcom diz provocativo

– você já experimentou calar a sua boca?

– vem calar

– pelo amor de Deus gente, essa noite era suposto descontrair — Yuna fala nos interrompendo

– você precisa se soltar um pouco Julie. Vamos fazer assim, o Gogo passa de uma loja e vamos comprar algo mais adequado pra você — meu chefe argumenta me deixando imensamente constrangida por não saber se vestir pra uma boate

– eu posso te ajudar a escolher — Yuna se empolga e eu mostro um sorriso amarelo pra ela

– tudo bem

– ótimo

Será que eu sou tão sem graça assim ao ponto de não saber se vestir?

Alguns minutos depois o Gogo estaciona em frente à uma loja Chanel, praticamente todos descem e entram junto comigo. A loja é mais grande por dentro, com diversos acessórios de estilo diferente mas nada que difere de sua marca. Fico espantada com o preço absurdo das coisas, não era suposto uma simples bijuteria valer o meu salário inteiro

– eu acho que não tenho dinheiro pra comprar tudo isso

– não se preocupe — meu chefe estende pra mim seu cartão de crédito. Yuna se alegra e bate palmas

– eu já tenho ideia do que pode cair bem em você — ela me puxa pelo braço para o monte de roupas femininas deixando pra trás o Malcom e o meu chefe que pareciam ocupados demais conversando sobre certas coisas de trabalho.

Consequência Do Nosso Ódio (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora