capítulo 02

39 9 0
                                    

O bruxo me designou até os meus aposentos, um quarto luxuoso, coberto de sedas brancas e muito ouro.

Ele me deixou em meu quarto e saiu trancando a porta, me deixando sozinha. O que para mim era um alívio.

Me sentei sobre a cama macia, e olhei para as minhas mãos, observei marcas de feridas expostas, as quais estavam dolorosas ainda. Fechei os olhos e respirei fundo para tentar limpar a minha mente nublada de pensamentos ruins, eu não havia muito o que pensar além de lamentos, mas sempre depois que eu era castigada, eu sentia um vazio afundar em mim e ao mesmo tempo, me esgotar.

Deixei que as lágrimas rolassem pelo meu rosto mais um vez, e mordi meus lábios para reprimir a vontade de gritar chorando.

As vezes pego me perguntando, talvez eu seja uma tola, talvez eu estivesse sofrendo bem mais estando com Evangeline.

Pelo menos aqui como e durmo bem.
Talvez eu esteja reclamando de boca cheia, talvez eu realmente merecesse pior do quê isso pelo que os feéricos fizeram com esse continente.

Mas não deixava de doer.

Me deitei sobre o colchão confortável e tentei fechar os olhos para dormir, era o que eu mais fazia. Dormir.

Quando estou dormindo não sinto mais esse vazio e essa dor que me corrói, tudo fica calmo dentro de mim. Mas quando achei que estava quase dormindo, a porta se abriu.

Olhei para ver uma criada bruxa entrar no quarto, estava claramente mal humorada, provavelmente por ter sido designada a cuidar de mim.

Ela entrou direto para o banheiro e começou a preparar meu banho, o que era estranho. Geralmente eu mesma cuidava disso, as bruxas não preparavam meu banho.

- Vamos, menina. - Disse a criada mal humorada ao sair do banheiro depois de alguns minutos. - Tire suas roupas e entre para o seu banho. - Ela disse apontando para o banheiro.

Tirei minhas vestes, as quais já estavam rasgadas, fui ate o banheiro e a minha banheira já estava cheia, com algumas folhas para dar um aroma. Olhei para ela tentando entender aquilo, mas ela apenas se mostrava furiosa.

Ao entrar na água quente e cheirosa, entendi o porquê da criada está tão irritada, ela não estava ali apenas para preparar o meu banho, mas para me dar banho também. Com uma esponja, começou a lavar o meu pescoço com força, ela lavava todo o meu corpo dessa forma, como se estivesse descontando sua raiva ou tirando qualquer resquícios de sujeira de mim.

Provavelmente os dois.

Minhas mãos ardiam mais ainda ao entrar em contato com a água, ao sair do banho ela também me secou, e colocou minhas vestes.

E aquilo sim foi fora do que eu estava acostumada, o vestido não era como os que eu vestia, que tampava praticamente todo o meu corpo, pelo contrário, ele mostrava muito.

Era um vestido branco de cetim, ele era curto com alças finas, mostrava as minhas costas por completo e tinha um decote profundo. Além disso ela me colocou luvas bordadas de cor dourada.

- Sente-se na penteadeira, vou arrumar o seu cabelo. - A criada me avisou.

- Por que estou vestida dessa forma? - perguntei constrangida em pensar na ideia de sair assim tão exposta. Já estava tão acostumada a me cobrir por completo, sair dessa forma parecia tão... errado?

- Isso somente o Rei pode lhe dizer. - Disse carrancuda. - Agora senta. - Ela mandou apontando para a cadeira da penteadeira branca.

Me sentei para que ela fizesse o que queria e não demorou muito para que ela terminasse. Ela tinha deixado metade do meu cabelo solto, e a parte de cima presa para trás em tranças, afim de esconder as pontas das minhas orelhas.

segredos de sangue e iraWhere stories live. Discover now