4 - El dueño

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Eu não sabia para onde estava indo, mas com certeza chegaria a algum lugar. Eu saí andando sem ter nada nas mãos, nada além daquele cartão prateado. Quando percebi ainda estar segurando o cartão de Gabriel, rapidamente procurei a lixeira mais próxima, em frente a uma cafeteria rosa. Depois de jogar o cartão fora eu continuei andando e logo cheguei à estação de metro.

Eu odiaria assumir isso, mas me sentei lá e fingi esperar um trem que nunca ia sair.

Comecei a sentir fome, sede, e frio. Estava ficando mais tarde. De vez em quando uma ou outra pessoa falava comigo, mas em geral era quieto. Quanto mais tarde ficava, mais vazia ficava a estação, e depois das 23h era completamente vazia, tirando os mendigos, que claramente moravam lá.

Eu tinha começado a me arrepender de jogar o cartão de Gabriel fora. Estava frio, e eu estava completamente sozinha. Eu não devia estar ali.

Por um impulso eu saí correndo atrás da cafeteria rosa. Revirei o lixo atrás do cartão prateado. as poucas pessoas que passavam pela rua me olhavam como se eu fosse louca, e quando eu estava prestes a desistir, um brilho prateado surgiu. Peguei o cartão e corri até um casal saindo com uma moto, abordei eles, disse que estava perdida e pedi para que ligassem para esse número e avisasse que Emily Downson estava nesse endereço.

Eles ligaram, e 20 minutos depois, o Volvo branco apareceu e de dentro dele, Gabriel saiu usando um Terno bordô impecável. Abriu a porta para mim, e depois ele mesmo entrou.

- Você está fedendo.

- Tive que mexer no lixo pra pegar o cartão de volta.

- Teve sorte de ainda estar na cidade, se não demoraria mais de 2 horas pra chegar aqui. Vou te levar pra minha casa. - Ele deu partida no carro.

A viagem foi tão longa que eu dormi dentro do carro. Quando acordei estava quase sendo carregada por Gabriel. Ele não aguentaria, então eu logo saí andando.

Parecia um palácio. A casa era simplesmente incrível. Como uma construção clássica e ao mesmo tempo moderna.

Nós entramos lá e logo uma mulher latina e baixinha nos recebeu com um pano de prato nas costas.

-Crianças! Meu Deus, essa mocinha está toda suja! Vou preparar um banho bem quentinho pra ela, e depois vocês devem fazer um lanchinho. Me acompanhe, mocinha! - Ela fez um sinal pra que eu a seguisse, e assim eu o fiz. A casa era ainda mais incrível por dentro, mas evitei ficar reparando muito.

A mulher encheu a banheira, e eu logo tomei banho.

O universo dos ricos era realmente um pouco assustador. Como alguém prepara até mesmo o banho que você vai tomar?

Quando saí da banheira já tinha uma toalha felpuda, um short samba- canção azul marinho, e uma blusa branca que era bem maior que eu. Vesti tudo e saí do banheiro já pensando em comer, mas Gabriel estava bem na frente da porta sem camisa, usando apenas um short moletom cinza.

- Vamos comer. - Ele pegou a minha mão e me puxou até a sua impecável sala de jantar.

As paredes beges, uma mesa de madeira colonial, e um lustre que deveria custar 2 vezes o valor do meu antigo apartamento. A mesa estava posta com fartura. Dois tipos de bolo, três ou mais tipos de pão, geleias, queijos, capuccino, chocolate, e muito mais. Um paraíso.

- Rosa, eu sinto muito por não ter avisado antes, mas pode fazer uma janta leve para uma pessoa? - Antes de eu me sentar, Gabriel soltou a minha mão e se direcionou a ,mulher que provavelmente era mesmo uma empregada.

- Se for para mim não precisa, eu como essas coisas. - Eu disse assim que percebi ele me olhando.

- Se não jantou, não pode lanchar. - Ele puxou uma cadeira a mesa, fez um gesto para que eu me sentasse nela, e depois se sentou ao meu lado.

- Isso não é necessário, vai dar muito trabalho! - Olhei pra ele com o canto do olho.

- A Rosa não vai se importar de fazer esse favor pra mim, e amanhã vou dar folga a ela para recompensá-la por isso. - Se aproximou mais de mim sorrateiramente. - E também pra ficarmos sozinhos.- Gabriel sorriu maliciosamente e eu devo confessar que arrepiei.

Eu apenas ignorei o comentário e esperei. Em cerca de 15 minutos Rosa voltou com um prato de Filé de frango, alface, batata e cenoura. Era algo simples mas tinha um gosto muito melhor do que eu me lembrava. Comida de verdade.

Enquanto eu comia, Gabriel ficava só me olhando, e quando eu terminei ele se levantou.

- Chega de comer por hoje, precisamos conversar. - E foi quando ele disse isso que eu tremi.

- Conversar o que? - Me levantei devagar.

- Deixe o prato aí e me acompanhe, por gentileza.

Eu o obedeci mesmo sentindo um mal pressentimento subindo pelas minhas costelas.

Nós subimos as escadas e chegamos ao segundo andar. Entramos logo na primeira porta, uma porta de madeira escura com um urso talhado na frente. Atrás da porta tinha um quarto-escritório. Tinha uma cama, mas era exatamente como um escritório. Uma escrivaninha, uma estante com muitos papéis, um computador, uma caixa com grampos e lápis, e um frigobar.

- Você ficou bem engraçada usando essas roupas. - Gabriel riu e fechou a porta atrás de mim.

- Precisamos conversar de porta fechada mesmo? - Tentei evitar contato visual com ele.

- É lógico que sim! - Se aproximou de mim. - Quero só deixar bem claro quem eu sou. Não estamos brincando aqui, Downson.

- Olha, eu te liguei por que estava desesperada, mas não sei se quero essa coisa não. Se eu desistir você vai me matar, me torturar, ou fazer "sei lá" contra a minha vontade?

- Você está assistindo a muitos filmes. - Gabriel sorriu e colocou a mão na minha cintura. - Não precisa nem se preocupar com isso, você quer sim.

- Eu não sei se eu quero isso não...

- Tô te oferecendo muita coisa, e você pode ir embora a hora que quiser, mas garanto que não vai querer ir embora nunca.- Falou com uma voz baixa.

- Me explica melhor isso.

- Eu quero ser seu dono. Pessoas desocupadas se casam e têm relações normais, mas isso demora muito tempo, e não me daria o que eu quero. Eu quero que você seja minha. Vai fazer o que eu mandar na hora que eu mandar e em troca vai ter quase tudo o que quiser.

- Mas... - fiquei olhando para o chão durante alguns segundos.

- Se for mais confortável, pode pensar em ser como uma esposa, só que uma esposa que seja muito obediente, ou então um cachorrinho. - Sorriu enquanto pressionava meu quadril contra o dele. - Uma submissa.

- Isso parece loucura. - Eu pensei alto.

- Bem, assine um contrato do qual você será a única pessoa capaz de quebrá-lo, e grave um vídeo dizendo que aceitou tudo isso por vontade própria.

- Isso é coisa de filme. Filmes muito adultos.

Gabriel se afastou de mim e pegou o celular em cima da mesa.

- Posso começar a gravar? É só dizer seu nome completo e dizer que tudo o que vai acontecer de hoje em diante até o dia da quebra de contrato é do seu consentimento, e que você aceitou isso de livre e espontânea vontade.







Diário de SubmissãoWhere stories live. Discover now