2. Decisão.

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   Zenitx fora arremessada no espaço profundo numa velocidade inimaginável, e só parou numa certa nebulosa violeta, anos luz do planeta em que ela e o seu pupilo lutavam. Parcialmente inconsciente, seus pensamentos se tornam confusos por um ínfimo momento. A entidade abre os olhos, e somente uma frase se repete em sua mente, como se fosse um outdoor neon terrestre: "Como ele fez isso?"
  
    A entidade permanece imóvel durante alguns minutos, minutos estes que pareceram horas, até que outra entidade residente daquela nebulosa vai em sua direção e a pega com uma espécie de esfera de energia, disparada de sua mão esquerda, de cor violeta. Zenitx, em sua forma humana, olha para ele e pisca duas vezes, parece não acreditar no quão longe ela estava de onde ela e seu pupilo lutavam. A outra entidade, regente de uma das forças que governa o universo, observa Zenitx em sua forma humana...

   — Você fez isso... por ele? — A voz soa ríspida na mente de Zenitx.
  
   — Você terá um aprendiz um dia. Saberá o quanto é difícil se conectar a outro ser! — retruca telepaticamente, é como se falam. — E o meu é humano. É mais necessário ainda. Todos eles são afetivos, de certa forma — continua.
  
   — O perímetro do universo em que aquele planeta está não permite que humanos sejam assim. — Ele para de falar por um instante, e logo completa seu raciocínio sabiamente. — Mas o que eu sou para questionar as razões do Criador?
  
   — Me mande de volta. — Mudando completamente o assunto, Zenitx faz o campo de força violeta se quebrar, apenas abrindo a palma de sua mão direita, erguendo-a na altura dos ombros. — Coincidentemente é o único mais rápido que pode — completa a entidade.

   O ser feito de energia violeta observa calmamente Zenitx, que parece não entender as ações do irmão. Seu corpo energético possui uma forma humanoide, semelhante a forma original de Zenitx, é mais alto e com músculos mais aparentes. Seu rosto é um mistério, visto que não há boca acima de seu queixo quadrado, apenas as órbitas, um tom mais escuro dos tons de violeta do seu corpo.
   Vendo que Zenitx não estava entendendo o motivo de sua quietude, gesticula com os braços, fezendo o símbolo do universo cravado no peito de Zenitx brilhar em suas cores violeta. A entidade estende a mão direita para Zenitx, e pequenas esferas surgem, flutuando na palma de sua mão. Seu corpo brilha em vários tons violáceos e logo mostra a ela, explicando:

   — Eu senti uma perturbação no cosmo. As esferas se colidiram, vocês — também se referindo ao guardião — vão voltar aqui de alguma forma, posso sentir.


   Sem que Zenitx desse alguma resposta, vê as estrelas, galáxias e nebulosas próximas como um imenso borrão passando bem na frente de seus olhos. Sem pestanejar, já está no Santuário dos Guardiões, no chão, no que parecia ser uma espécie de pátio central. Logo é abordada por um jovem guardião de perímetro, que vira ela surgindo do nada. Mesmo sem entender o que aconteceu, ele dá a notícia a ela, que curiosamente não compreende como um simples guardião de perímetro consegue vê-la.


   — O Supremo Guardião foi resgatado perto do sistema planetário 1. — O jovem sequer sabe quem realmente é Zenitx, apenas fora guiado pelo símbolo do universo em seu peito, que deixou de ser violeta e tornou-se preto, sua cor original. Ele flutua em direção aos quartos, e Zenitx vai atrás.


   O seu pupilo se encontra desacordado, deitado numa espécie de cama em formato oval, flutuando apenas alguns centímetros do chão. Parece confortável.
   Chegando perto do quarto em que ele está, o jovem guardião de perímetro parou ao lado da porta e apontou. Zenitx, sem paciência, faz uma rajada de energia disparar de sua mão esquerda, pondo a porta de metal abaixo, desintegrando-a. Ao passar pela abertura, uma nova porta surge, e pôde ficar a sós com seu pupilo.

Tempos de JustiçaWhere stories live. Discover now