CAPÍTULO #3

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Noah McLean

A fila estava muito maior do que eu pensava. Havia crianças por todo lado, mas me surpreendi com a quantidade de mulheres jovens que havia ali, tão arrumadas que pareciam irem para alguma festa. Até cogitei estar acontecendo algum evento a mais que eu não fiquei sabendo, já que cheguei recentemente na cidade.

Seguro Clair em meus braços, sorrindo para ela e lhe fazendo um carinho nos cabelos loiros e cacheados, ajeitando seu gorro de Noel na cabeça. Sentia falta dela, mesmo que eu não admitisse. Sentia falta de passar mais tempo com minha irmãzinha, de assistir seus desenhos que ela via com tanto encanto, como se fossem reais. Como dava vida às suas bonecas criando mil histórias fantasiosas e que ela falava com tanta convicção. A alma de uma criança pode iluminar qualquer alma escura e quebrada, como a minha.

Beijo seu rosto, deixando ela deitar a cabeça em meu ombro, fazendo bico quando notou o tamanho da fila e que teria que esperar por um bom tempo para ver um senhorzinho fantasiado de Papai Noel.

Aproveito para retirar meu gorro e o cachecol, já que dentro do shopping o ambiente estava aquecido e não permitia que o frio invadisse o lugar.

Demorou algum tempo para nossa vez chegar. Tempo demais. Quase pensei em desistir, mas Clair estava muito ansiosa para receber seu presente. Deve ter se passado horas quando finalmente me aproximei, colocando Clair no chão e deixando ela adentrar a área especialmente caprichada com as decorações de Natal. Havia uma árvore gigante, que chegava até o teto, toda enfeitada e iluminada, com inúmeros pacotes de presentes embaixo dela. Alguns jovens estavam vestidos de duendes e no centro da área estava o famoso Papai Noel.

Mas este parecia um pouco diferente do que sou acostumado a ver. Apesar de ele estar todo fantasiado, e que eu só conseguia ver a área dos seus olhos, pude notar que ele não tinha rugas, caso fosse um senhor de idade. Seus olhos eram prateados e chamativos, a pouca pele exposta demonstrava o bronze natural. E ele não aparentava estar acima do peso.

O papai Noel andou malhando, é?

Quase ri ao imaginar a cena, não conseguindo conter o sorriso com meus próprios pensamentos idiotas.

— Algo que achou engraçado, papai? — A voz rouca e grossa quase me fez pular de susto, olhando para o homem vestido de papai Noel e tentando entender o que ele havia perguntado.

— Hum? Ah… Eu… eu não sou pai dela… é a minha irmã… — Balbucio, envergonhado. Ele riu, tal qual igual ao papai Noel, pegando Clair e a erguendo para seu colo. — E esta princesinha? Como se chama?

— Meu nome é Clair! — Exclamou, toda sorridente, encantada com o Papai Noel. Mas observando em volta, e as jovens que rodeavam a área, ela não parecia ser a única…

— Clair! Mas que nome bonito você tem. Com um nome tão bonito desses, tenho certeza que foi uma boa menina e se comportou direitinho, não é? — O papai Noel questionou, com um tom descontraído e gentil. Clair prontamente concordou, toda sorrisos.

— Fui sim! Passei até de ano na escolinha! — Falou, orgulhosa.

— Oh! É mesmo?! Que menina inteligente! É por isto que merece um belo presente! O que você gostaria de ganhar, princesinha?

— Hum… uma boneca que chora! — Exclamou, animada.

— Oh… Vejamos o que posso fazer por ti… como foi uma boa menina… — Ele se remexeu, alcançando uma das embalagens na sacola, entregando a ela. — aqui está o seu presente, pequena Clair.

— Obrigada, Papai Noel! — Ela exclamou, saltitante e o abraçando fortemente. — Posso tirar uma foto?!

— Oh, mas é claro que pode! — Clair ligeiramente olhou para mim, e eu demorei a entender que era para eu tirar a foto que ela ousou pedir. Pego meu celular, me aproximando e abrindo a câmera, vendo os dois sorrirem, olhando para a câmera. Engulo em seco ao focar no olhar do homem, que parecia ignorar a câmera e olhar diretamente para mim. Sinto um arrepio percorrer meu corpo e busco rapidamente tirar a foto, desejando que aquilo acabasse logo.

— Pronto… — Limpo a garganta, mais nervoso do que o normal e eu nem sabia direito o porquê.

Eu devia estar ficando louco, isso sim.

— Até a próxima, pequena Clair… E ao jovem que a acompanha — O papai Noel falou, de um jeito tão único e impróprio que eu rapidamente peguei a mão de Clair, me afastando sem respondê-lo.

Devia ser só mais um pervertido disfarçado!

O melhor era manter minha irmã longe desse tipo.

— Eu quero brincar com as crianças, Noah! — Clair apontou para o parquinho improvisado no shopping, onde tinha um escorregador, pula-pula e uma piscina de bolinhas. Resolvi ceder quando vi sua carinha de choro quando eu pensei em negar. Então deixei ela ir, me sentando em um banco próximo para ficar a olhando.

Nossa mãe vai nos matar com essa demora…

Mas vai entender quando Clair chegar contando seu dia inteiro para ela.

Quando a Mágica Acontece - Conto Especial de Natal Onde histórias criam vida. Descubra agora